O período de adaptação em Escolas de Educação Infantil

O período de adaptação em Escolas de Educação Infantil

São muitas as linguagens utilizadas pelo homem que têm a intenção ou mesmo sem intenção de comunicar algo, quer dizer, que a não comunicação não existe.

Há quem diga que o universo é matemático, outros o julgam letrado ou ainda, talvez, possamos concebê-lo como um magnífico objeto de comunicação a ser explorado em todas as suas variáveis, porque tudo que está, inclusive as pessoas, próximas ou distantes, reais ou surreais que transitam nas mais diferentes esferas e dimensões, são passíveis de leituras interpretativas (significados) as quais geraram e continuam gerando condições plenas para as descobertas.

Esse movimento instigado por nossas necessidades ocorre tanto no adulto quanto nas crianças, principalmente entre 0 a 2 anos, onde por impulso elas agem para atender seus desejos imediatos.

Essa condição é de extrema importância, porque é nesse período que os pequenos constroem significados e os materializam por meio de imagens que por sua vez, organizam-se nos mais diferentes sistemas de representação, de forma que, ao entrarem no período pré-operatório, conforme classificação dada por Jean Piaget, elas possam fazer abstrações, ou ainda, saber do que estão falando, mesmo que o objeto não esteja presente.

Nessa fase a criança age por impulso para atender seus desejos imediatos, é o período onde são construídos o maior número de significados e, que dependendo do contexto onde forem materializados podem fazer a diferença na vida do sujeito, para sempre.

Significados podem ser construídos pela alegria, mas também, pela dor das ausências, segundo Lacan, quando perdemos um objeto, algo se rompe abruptamente como um rasgo na carne que até então, encontrava-se unida a outra.

Pensei, no período de adaptação dos bebês ou mesmo dos maiorzinhos ao entrarem na escola de Educação Infantil. Como deve ser difícil para eles, para as mães, como também para todos os profissionais que atendem essas crianças que de repente se vêem em espaços totalmente desconhecidos com pessoas, também, desconhecidas.

Pensem, se a escola não tiver conhecimento suficiente para amparar as famílias e os educadores, além dos bebês, estarão criando e alimentando condições para desencadear mais facilmente, o sentimento de perda, em diferentes circunstâncias.

Como base nessas experiências que os pequenos constroem significados, proporcionalmente ao tamanho da dor que estão sentindo, nesse período tão difícil para todos os envolvidos.

Assim, mesmo sem muito saber como expressar seus sentimentos reagem como podem, talvez com a esperança que alguém, possa entendê-los e ajudá-los na medida do possível.

Reagem dos mais diferentes maneiras: choram, recusam o alimento ou ainda podem dormir por horas. Ficam febris e, até doentes de fato, entre outras circunstancias.

Ressalto aqui que ao mesmo tempo que a criança vive perdas, viverá também, situações para ela de grande importância, porém, se esse período de adaptação não for bem planejado, amparado por boas teorias, as crianças poderão sofrer consequências lastimáveis e poderão ter a vida escolar, bastante comprometida.

Yvone Restom

01/11/2015

Yvone Restom
Enviado por Yvone Restom em 01/11/2015
Reeditado em 02/11/2015
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