Os Acidentes e suas Causas
Todo acidente tem uma causa, e quase sempre poderia ser evitado. Em casa, no trabalho, no trânsito, no lazer, dois fatores determinam, isolada ou combinadamente, qualquer acidente: uma condição e um ato inseguros. Por detrás de ambos, estão os erros humanos causadores de pequenos acidentes e grandes catástrofes. Suas análises nos levarão à conclusão que poderiam ser evitados. Há causas psicológicas sempre presentes em qualquer deles: pressa, desatenção, falta de treinamento, desinteresse.
No caso das crianças, as mentes estão em formação e os adultos têm de suprir as falhas mencionadas, muitas vezes existentes neles próprios. Neste sentido, o treinamento e o policiamento são sempre recomendáveis.
A desatenção é um estado de torpor psicológico, ausência, e nos faz estar em muitos outros lugares distantes daquele no qual nos encontramos, desviando o foco da inteligência do que estamos realizando. Essa ausência mental é causadora de muitos acidentes. É necessário cultivar o hábito da atenção para evitar pequenos e grandes transtornos. Um instante de desatenção poderá nos tirar a vida ao atravessar uma via pública, ou dirigir falando num celular.
E de onde provém a desatenção? Qual a sua causa?
“São causas desta propensão a ociosidade mental, o hábito de perder-se em abstrações estéreis e a falta de uma idéia clara a respeito da responsabilidade que incumbe na condução da vida”. (González Pecotche)
Todos vivem muito apressados, pressionados por compromissos e horários, numa louca e absurda carreira, comprometedora da saúde física e psicológica. Ao fazer tudo apressadamente, desesperadamente, a qualidade do que se realiza fica comprometida; a correria leva ao automatismo, à desatenção, ao desprezo pelos detalhes, os quais mereceriam um olhar mais detido, cuidadoso. É como se as pessoas corressem atrás de um futuro que não chega nunca; almejassem um final sobre o qual se precipitassem, sem saber, ao certo, qual seria.
A pressa é uma doença dos tempos modernos, causadora de muitos erros, acidentes e desentendimentos; uma urticária psicológica atormentadora, tornando as pessoas desatentas, esquecidas, ineficazes. Leva-nos a falar e correr demais, a ser superficial. É uma fuga, uma incomoda hóspede, incompreensão, falta de conhecimento. Por detrás dela há um defeito ou deficiência psicológica, a impaciência, doença moderna danificadora do sistema nervoso.
“O impaciente é um escravo do tempo; deste tempo fantasmagórico que nada tem a ver com o autêntico, que tão freqüentemente o homem dissipa em banalidades, justamente por desconhecer o seu real valor”, escreveu o pensador González Pecotche. E sugere o cultivo da paciência inteligente e ativa, pois “além de infundir serenidade torna o homem compreensivo, permitindo-lhe pensar com utilidade e proveito, e estar atento às suas necessidades e deveres durante todo o tempo, curto ou largo, que abarque a espera”.
Em síntese, saber esperar é saber viver.
Além disso, a pessoa desatenta é facilmente enganada, por ser a ingenuidade fruto dessa esterilidade mental, sinônima de inconsciência. A desatenção leva ao descuido e à irresponsabilidade, prejudicando as pessoas em qualquer atividade desenvolvida.
A atenção e o cuidado são predicados indispensáveis para se evitar acidentes de toda a índole, cujas consequências podem ser males irreparáveis.
Nagib Anderáos Neto
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