Saber ajuda fazer, ignorar permite mudar
Passamos a vida atrás de conhecimentos. Uns querem ser generalistas, outros especialistas.
Uma vez que dominemos os assuntos, sentimos a força transformadora. Mudaremos o mundo. Por que não?
Firmes nas opiniões, fortes nos debates! Como nos vencer? Como nos convencer, quando estamos errados?
Em alguns momentos, será possível. Em outros tantos, certamente impossível.
Certificados, doutos, nem sempre abrimos mão dos conhecimentos e experiências. Ainda que estes nos tenham sido passados e não estejam nas marcas de nossos rostos.
Ao ignorante, que não se expos como nós à matéria, pouca atenção. Quem ele pensa que é para questionar nossas verdades?
Com frequência nos esquecemos que muitas são simplesmente nossas verdades. E não significa que estejamos corretos.
A sede de poder, como a falta de água no deserto, provoca miragens.
A carreira de consultor permite ao profissional uma exposição impressionante a novas ideias e modos de pensar.
A mudança constante de locais de trabalho, produtos diferentes, culturas diferentes, novas maneiras de aplicação de materiais, permite rever conceitos e questionar verdades.
Reciclar é fundamental, revolucionar determinante.
Empresas que lançam produtos e depois investigam as aplicações no mercado têm grandes surpresas.
Quantas aplicações não encontramos para as escovas de dente, que não exatamente aquela para que foi criada, não é verdade?
Sabonetes, de uma cor específica, tiram manchas do fundo das panelas...
E por ai vai a imaginação.
Uma pancada no lado da cabeça, para destravar os pensamentos, como disse o Dr. Roger Von Oech, em seu livro A Whack on the Side of the Head, às vezes é preciso.
Se prestarmos atenção, veremos que grande parte do que nos parece novidade é conhecimento antigo, digerido por outras gerações e esquecidos.
Esquecidos porque não tinham valor? Não! Assustadoramente, porque se tornaram óbvios.
Para nós, que estamos em busca de novidades, como se estas fossem as alavancas das revoluções, o óbvio é invisível.
Acha estranho?
Pense comigo. O homem passou a vida usando peneiras, mas quando o lavador de arroz ou escorredor de arroz chegou às nossas cozinhas fez enorme sucesso!
Fruto de conhecimento tecnológico, de técnicas avançadas de processamento?
Não, de observação - “thinking outside the box”!
Seria esta outra técnica, produto de muito estudo?
Que nada! Pensar fora da caixa, é simplesmente dar uma voltinha em busca de novos cenários.
Lembra-se da frase: Pense diferente?
O encontro de uma mente viciada, com uma ignorante, por isso questionadora, seria mais ou menos assim:
Carro preto, por que não vermelho?
Porque sempre foi preto!
O significado de ignorar é amplo, mas fiquemos com desconhecer, desconsiderar, desprezar.
Em desprezar e desconsiderar estão as raízes dos conflitos.
Em desconhecer está a falta de interesse do douto no que disse o ignorante.
Onde reside a magia da ignorância, se é possível que exista?
Existe, e a frase “não sabia que era impossível, foi lá e fez”, resume o fato!
Dentro da caixa, o conhecimento é limitado. Olhar para fora permite ver o tamanho das nossas limitações.
Quem trabalha com experimentos, sabe que mais erramos do que acertamos.
Quantos trabalhos não demandam centenas, quem sabe milhares de teste para que se encontre uma resposta positiva?
Testes negativos são fracassos? Não para a mente investigativa. Apenas uma maneira de não se fazer.
E assim descobrimos que conhecer permite fazer, e ignorar nos ajuda encontrar novas maneiras de pensar e explorar o desconhecido.