CONSIDERAÇÕES SOBRE AS FEIÇÕES HISTÓRICAS A RESPEITO DA ÉTICA E SUA ACUIDADE NA ESFERA SÓCIO-EDUCACIONAL

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS FEIÇÕES HISTÓRICAS A RESPEITO DA ÉTICA E SUA ACUIDADE NA ESFERA SÓCIO-EDUCACIONAL

Henrique Jorge da S. Sacramento*

henriksacramento@gmail.com

* Graduado em Bel. em Teologia, e Lic.: em História pela FACIBA, Pós-graduado em Metodologia e Didática do Ensino Superior, Pela Faculdade de Santa Cruz da Bahia. Organizador do grupo de Estudos Nietzsche, Filosofia e seus Reflexos na Educação, e membro do grupo de pesquisa em Filosofia da Religião Contemporânea na Faculdade de Santa Cruz da Bahia.

RESUMO

Discorre o conteúdo histórico da ética e deontologia no âmbito de sua criação e diversas teorias filosóficas bem como uma alusão ao teor filosófico da ética no espaço social e educacional. Relata teorias éticas e nomes do universo filosófico que ajudam a desvendar a parceria ética, educação e aplicação no mundo social.

Palavras chave: Histórico da ética. Deontologia. Teorias éticas.

HISTORICAL ASPECTS ON ETHICS AND ITS IMPORTANCE IN THE PARTNER-EDUCATIONAL SCOPE

ABSTRACT

The historical content of the ethics and deontology in the scope of its creation discourses and diverse philosophical theories as well as a ( ) to the philosophical text of the ethics in the social and educational space. It tells to ethical theories and names of the philosophical universe that help to unmask the ethical partnership, education and application in the social world.

KEYWORDS: Description of the ethics. Deontology. Ethical theories.

1 INTRODUÇÃO

A ética surge provavelmente na Grécia, quando os filósofos de cultura ocidental apontam suas teorias aos “contemporâneos dos mistérios do universo e das forças cósmicas (cosmogonia), para a essência moral e o caráter dos indivíduos” (GALVÃO, 2002, p. 4), então o homem passa a ser objeto de pesquisa, iniciando a temática do discurso moral e político como forma de enquadramento social, e essa tendência move o mundo das ideias, que, percorre em diversos períodos na visão de filósofos até os dias atuais.

O período clássico da filosofia é representado por filósofos que são responsáveis pelo aparecimento de escolas e seitas filosóficas iniciaticas que surgem com a queda da “polis” grega e o crescimento do poderio romano, como o epicurismo e o estoicismo. E o aparecimento da ética cristã, ética moderna e contemporânea que apontam para vários estudos éticos interpretados nas diversas correntes que também marcam na filosofia o desenvolvimento histórico das adversidades éticas.

2. HISTÓRIA DA ÉTICA (FILOSOFIA)

O entendimento ético discorre no bojo filosófico em épocas diferentes e por vários pensadores, dando assim, diferentes conceitos e forma de alusão ao termo filosófico e também teorias que se assemelham pelas influências que norteiam os saberes científicos.

Sócrates (470 – 399 a. C) é o fundador da ética ocidental, pois coloca o problema da moral dentro da filosofia. Ele dedicou-se à intensa procura metódica da verdade identificada com o bem moral. Sócrates ensinava de graça, pois para ele o papel do educador e do filósofo era fazer parir as idéias (Maiêutica), além disso, combatia o processo de adestramento dos sofistas, pois acreditava que o conhecimento se dava pelo diálogo.

Sócrates enfrentava com ironia e de forma virulenta a hipocrisia da sociedade ateniense. Ele é o pai da ética, pois iniciou esta no ocidente, e o seu pressuposto básico era sabedoria. “O homem só é feliz quando é bom, e só é bom quando conhece”, portanto basta saber o que é bondade para ser bom, com isso ele também torna-se fundador da Endemonismo (felicidade – doutrina ética). A ética de Sócrates é racionalista (apreciada pela razão) e pela razão o homem alcança o bem, a felicidade e as leis.

Em Sócrates, “bondade, conhecimento e felicidade se entrelaçam estreitamente” (VÁSQUEZ, 1978, p. 238). O seu pensamento ético buscava demonstrar a existência de valores como o bem e a justiça como forma de estabelecer uma ordem _ as leis. Mas para a sociedade alcançar a justiça, o bem e a virtude, é necessário a educação.

Platão (427 – 347 a. C) _ Discípulo de Sócrates e que também é contra a democracia ateniense, acreditava que para cada parte da alma apresenta-se uma virtude, como: Inteligência, Sabedoria, Vontade, Coragem, Apetites, temperança. Juntas formam a justiça. A virtude para ele só é completa no convívio em sociedade, “a sociedade perfeita”. Ética voltada para a política. A Pólis é o terreno moral da vida do cidadão, porém não basta ser eticamente bom como indivíduo, mas também bom como cidadão, limitando propriedades, tornando-se vegetariano (como proposto por Pitágoras).

É essencial conhecer a idéia geral do bem. Platão expressava suas idéias em forma de diálogos fictícios.

Para o homem conseguir a purificação, Platão defendia o mundo das almas (mundo espiritual). Essa purificação era através da ética, e estas eram através de esforço físico, conhecimento e cultivo de virtudes morais, pois através da ginástica anulava-se tendências negativas e controlava-se as paixões, através do conhecimento usamos nossa razão para conhecer nossos deveres e cultivando valores morais podemos dominar os sentimentos próprios, como a paixão e a razão e só assim chegamos à justiça, com o equilíbrio desses três.

Aristóteles (384 - 322 a . C) Cria a ética como ciência _ Discípulo de Platão por vinte anos e mestre de Alexandre da Macedônia (Alexandre Magno) por sete anos, onde viveu na Côrte de Felipe II. Fundou o Liceu. Para Aristóteles a primeira tarefa da justiça era igualar os desiguais. Sua ética, assim como a de Platão, está unida à filosofia política. Somente o homem tem necessidade da comunidade política para viver, portanto vive em sociedade. A busca da felicidade decorre da natureza humana, o contrário de Sócrates (virtudes pelo exercício, hábito atitudes intelectuais ou físicas). Para Aristóteles, a lei deve entender os limites do ser humano para produzir sensações que promovam o bem e reprimir o mal mediante seus instintos e suas paixões. Enquanto Platão dizia que a lei deveria criar o real, Aristóteles dizia o contrário.

Aristóteles era mais racional e menos abstrato que Platão. A ética de Aristóteles busca a felicidade, e esta só se alcança com a sabedoria porque a razão é própria do homem e nele existe a parte afetiva, racional, virtudes intelectuais e éticas, desejo de viver em sociedade e o campo desta ética é a política.

Aristóteles admitia a escravidão como necessária e dizia que a religião tinha papel fundamental para moralizar o povo.

Segundo Gianotti (1992, p. 239) “[...] as éticas platônicas e aristotélicas, ensinam-nos que a transgressão sempre se devia a falta de conhecimento”.

Aristóteles via dois tipos de Bem (que equivale à moderação das paixões): O Bem Instrumental (são bons porque levam a bondade) e o Bem Intrínseco (são bons por si mesmo).

O ponto em comum entre Sócrates, Platão e Aristóteles é que a felicidade (Eudeimonia) era a conquista dos virtuosos.

O bem individual e o bem coletivo eram mostrados na decadência moral da cidade de Atenas, onde a substituição de uma sociedade tradicional era fruto da outra de natureza mercantil.

Sócrates formulava problemas e Platão criava uma ética ideal para moldar o homem e fazer com que este vivesse com virtudes, já Aristóteles buscava a ética possível, mas que não viesse a desrespeitar as paixões humanas, que eram ignoradas por Platão, que dizia que o homem é uma simples tábua rasa onde se poderia escrever qualquer coisa nele.

Ética de Epicuro (341-270 a. C)_ Grécia. Período helenístico. Epicuro forma esta escola (O Jardim). Outro epicurista é Tito Lucrecio Caro de Roma.

Nesta a moral universal, não mais na Polis inaugura o Helenismo (busca do prazer imediato), o prazer é a existência de tudo. “[...] tanto no estoicísmo quanto no epicurismo, a física é a premissa da ética” (VASQUEZ, 1978, p. 242).

Os epicuristas viam a finalidade da vida como prazer racional, onde se limitam os desejos e superam-se as dores evitando preocupações.

Para os epicuristas, não se encontra a felicidade com o prazer, mas com a ausência de sentimentos como dores e preocupações (ARRUDA; WHITAKER; RAMOS, 2001). O homem deve fugir das dores, deve cultivar as amizades universais e fugir das fontes de sofrimento como as religiões e a política, que são ilusórias e trazem sofrimento.

A física é a premissa da ética, tanto no epicurismo quanto no estoicismo, pois “o problema moral é colocado sobre um fundo de necessidade física, natural, do mundo” (VASQUEZ, 1978, p. 242)

A ética dos epicuristas primava pela tranqüilidade, o bem estar através do individualismo, e que o homem precisa abster-se de preocupações, além de não se comprometer e não participar da política. Buscava eliminar desejos e problemas para não temer a morte. O homem, para os epicuristas, deve perder o temor pelo “Religioso” para escolher buscar o bem (prazer) ou o mal, que é fácil alcançar e evitar sucessivamente. Epicuro pregava o ateísmo, o individualismo (mais explicitamente ainda que os céticos). Segundo ele, o ateísmo é a condição para a felicidade humana.

Estoicismo_ representado por Zenão de Cítio (Grécia_ Atenas), Sêneca, Epíteto e Marco Aurélio (em Roma). Inicio do Séc. IV a. C. a máxima estóica era “Nada te inquiete, nada te perturbe”

Os estóicos defendem uma ordem cósmica, organizada por leis e um homem virtuoso será aquele que as segue e respeita, e o homem deve esforçar-se em ser virtuoso e não temer a morte, sendo frio e racional, eliminando emoções e sentimentos. Os estóicos acreditam ter nascido para a sociedade humana, portanto nascemos para proporcionar o bem ao próximo e se contentar de exercer boas ações e não propor recompensas ou elogios. Seu subjetivismo moral não teme a morte nem os Deuses, pois acreditavam que o homem vivia para si mesmo. As teorias estoicistas proporcionaram fortes influencias à moral Cristã.

O período decadente do mundo antigo (Séc. II a.C) nos permite compreender o êxito do cristianismo (V. d.C), onde as cidades perderam a autonomia com Alexandre, pois pegam demasiados impérios e seus exércitos são fontes de renda ao conquistador. Assim impera a tirania e a Grécia retorna, teoricamente, ao misticismo, para negar a realidade com tendências pessimistas fazem surgir diversas idéias de seitas morais, como o ceticismo, o epicurismo e o estoicismo. É o fim da Polis. O homem está descrente de tudo, dos Deuses, dos mitos, dos heróis, do bem e da própria justiça. Isso causa um vazio na busca de conhecimentos de natureza física, por exemplo, tudo está voltado para o interior, e faz-se a busca do conceito de individuo, a busca pela felicidade pessoal para compensar a perda da liberdade política.

Então o ceticismo busca a indiferença, busca paixões interiores e fazem relações com o uso dos costumes, como a moral.

Ética Cristã - Mundo Medieval (Séc. IV-XV d. C)

Neste período altera-se a concepção da ética, pois aqui os bens, os fins não se encontram mais na natureza, na razão e no homem, esses fins são ditados de forma heterônoma por conteúdo religioso, como é comum no mundo medieval.

“Na religião cristã, o que o homem é e o que deve fazer definem-se essencialmente não em relação com uma comunidade humana ou com o universo inteiro, mas, antes de tudo, em relação a Deus”. (VASQUEZ, 1978, p. 244). Portanto o homem fica subordinado ao divino, assim ele é participação do divino e alienação dele. No entanto a salvação é a recuperação da unidade perdida segundo nos aponta ortodoxamente a soteriologia cristã.

A influência do cristianismo, é culminada com a figura de São Tomas de Aquino.

Os princípios básicos da ética cristã é que a felicidade consiste na união com Deus, existe uma vida espiritual depois da terrena. Há de se entender que na ética cristã, ou mais precisamente no cristianismo, este “pretende elevar o homem de uma ordem terrena para uma ordem sobrenatural” (VASQUEZ, 1978, p. 244), portanto alguns princípios morais eram de caráter imperativo e incondicionado por, teoricamente, virem de Deus, isto é da fé religiosa..

Na Grécia, os modelos éticos da idade clássica partem do apelo do cristianismo, se explica pela extensão da sociedade moral, porém essa doutrina cristã revoluciona a ética, por introduzir concepções religiosas ditas sagradas, que vêm da dependência de Deus, e o homem só alcançaria a bondade se seguisse a Deus.

Já no fim da Idade Média, São Tomás de Aquino fundamentou na lógica aristotélica os conceitos de Agostinho de pecado original, onde o homem é bom por natureza, mas sua natureza provoca a tendência ao mal, e para superar esse pecado necessita de Deus. Tomás de Aquino une o intelecto grego (por ser seguidor de Aristóteles) à doutrina cristã.

Ética Moderna (Séc. XV-XVII)

A filosofia moderna reduz cegamente o homem à Razão. A ética doutrinante e dogmática deste século são o conjunto da ética moderna. Aqui neste período, a ética se caracteriza pelo contraste à ética Teocêntrica e Teológica da Idade Média. A ética moderna surge com a sociedade que sucede a sociedade feudal da Idade Media moldada pelas consequências da Reforma Protestante que provoca um retorno aos princípios básicos da tradição cristã, porém o individuo passa a ter responsabilidades, tomadas como mais importantes que obediências aos ditames religiosos e a autoridades e costumes, assim, com essa transformação, em varias ordens, leva o surgimento da ética moderna.

Neste período ocorrem mudanças na Ciência, na Política, na Economia, na Arte e principalmente na Religião e no modo cultural como um todo, onde se transfere o centro de Deus (teocracia) para o homem (antropocentrismo) que passa a adquirir um valor pessoal, que “[...] acabará por apresentar-se como o absoluto, ou como o criador ou legislador em diferentes domínios, incluindo nestes a moral” (VASQUEZ, 1978, p. 248)

Neste período Descartes (1596-1650) separa a fé, e a ética deixa de ser influenciada pela religião. Aqui está explicito o Racionalismo Cartesiano.

Thomas Hoobes (1588-1679), em sua obra “O Levitã” (1651) afirmava que o ser humano como um indivíduo era o mal que necessita de um Estado forte que o reprima.

Jean Jacques Rousseau (1712-1778), com “O Contrato Social” (1762), atribui a falta de ética aos inúmeros desajustes sociais, e dizia que o homem nasce bom mas é corrompido pela sociedade.

O idealismo alemão de Emmanuel Kant (1724-1804) aparece com a ética do dever. A figura mais expressiva da ética moderna no fim do século XVIII. Ele dizia que a moralidade de um simples ato não pode ser julgada por suas consequências, mas pela motivação ética, pois é na dignidade pessoal que reside o fundamento objetivo da lei moral, o homem como fim e o mundo como meio.

“Para Kant, não é possível dizer nada sobre a alma humana e sobre Deus, pois eles ultrapassam a nossa capacidade de entendimento”, (COTRIM, 2002, p. 176, grifo do autor), portanto as normas morais devem surgir da razão humana. Kant acreditava que por natureza o homem é egoísta, ambicioso, destrutivo, agressivo, cruel, ávido de prazeres que nunca consegue saciar e pelo qual o homem mata, menti e rouba. É justamente por isso que precisa do dever para se tornar um ser moral. (CHAUÍ, 1997).

Aqui Kant opunha-se a moral de Rousseau. O homem se sente responsável pelos seus atos e tem consciência de seu dever, porém essa consciência obriga-o a supor que é livre e dá a si a sua própria lei. E para Kant, “Aspirar ao bem é egoísmo, e o egoísmo não pode fundamentar os valores morais” (ARRUDA; WHITAKER; RAMOS, 2001, p. 32).

Em Kant, o centro da reflexão é o sujeito pensante de onde gera o conhecimento exercendo uma ação e decidindo sobre esta. Ele recusa a moral heterônoma, por terem leis impostas por autoridades alheias ao sujeito. Sua ética é autônoma, pois surge da boa vontade do sujeito e daí os deveres.

Kant sustenta a opinião de que o dever não era empírico, pois se fosse tirado da experiência, não existiria o sentido da razão.

Hegel (1770-1831). Hegel via a ética como filosofia do direito. O conceito de Estado representa o ponto de partida e chegada de sua ética (hegeliana), onde a finalidade subjetiva coincide com o que se acha objetivamente realizado pelo Estado.

Hegel despreza a ciência como forma de conhecimento. Dizia que não existe sociedade se não existir um Estado que a construa.

A crença no poder emancipador da razão constitui, para a maioria dos intelectuais modernos, algo inquestionável. Autores, como Descartes, Bacon, Kant, Hegel, Diderot, Voltaire, Rousseau e o próprio Marx, compartilham da tese de que por meio da razão, e especialmente da ciência, o homem poderá atingir os ideais de felicidade, de justiça, de fraternidade, e constituir uma sociedade igualitária. (MUHL, 1996, p. 64).

Ética contemporânea (Séc. XIX-XXI)

O Utilitarismo ou Universalismo Ético. Este é formulado por Jeremy Bentham (1748-1832). A maior felicidade para o maior número de pessoas. Esta ética é chamada “moral do bem estar”, o bem é útil para o individuo e o coletivo.

John Stuart Mill era defensor desta doutrina e afirmava que existiam três soluções para três desgraças, eram elas:

• Para a ignorância a educação;

• Para a enfermidade o desenvolvimento da ciência;

• Para a pobreza a justiça.

A ética contemporânea também surge numa época de progressos em varias ordens, e exercem seus influxos até os dias de hoje. “No plano filosófico, a ética contemporânea se apresenta em suas origens como uma reação contra o formalismo e o racionalismo abstrato kantiano” (VASQUEZ, 1978, p. 251), e também no racionalismo de Hegel.

Projetado principalmente em Kierkegaard, Sartre, Heidegger, Karl Jaspers, Camus e Ponty, eis que surge o existencialismo moderno, essa doutrina objetiva compreender a existência humana e esta dividida entre filósofos cristãos e ateus.

A filosofia contemporânea tem varias correntes onde os filósofos e pensadores assumem posições e lastreiam-na logicamente. Está inicialmente presente em:

Sören Kierkegaard (1813-1855). “O medo faz você se encontrar em uma situação existencial”, essa era a máxima do pai do Existencialismo. Filosofo cristão e critico de Hegel. Inspirou o Existencialismo e a Psicanálise. Ele distingue três degraus na existência individual: O Estético (visa sempre o prazer. Faz o que lhe der na cabeça. É sedutor, vulgar. Seduz pelo objeto que tem), porem cai no desespero e então tenta alcançar o estágio Ético, o homem casa, segue regras, mas também se desespera. Ele pauta seu comportamento por normas morais. Neste estágio ele permanece livre, porém nos limites estabelecidos pela sociedade em que vive. “O estágio é marcado pela seriedade e por decisões consistentes tomadas segundo padrões morais” (GAARDER, 2001, p. 409). O estágio Religioso, aqui alcança uma relação particular com o absoluto. Procura Deus, que se torna sua regra, e fonte capaz de realizá-lo plenamente. Este estágio é o cristianismo.

Jean Paul Sartre (1905-1980). Para Sartre o homem estava condenado a ser livre, e a moral não teria que vir de deus, é o homem quem cria valores, e o valor máximo é o da felicidade junto à responsabilidade. O valor máximo não esta em minha liberdade, mas na liberdade coletiva, pois meus atos repercutem em mim e nos que me cercam. Sartre afasta-se de Kierkegaard justamente por seu ateísmo. O homem é liberdade e cada indivíduo escolhe livremente, conseqüentemente ao escolher, cria valor, porém ao escolher essa liberdade, comprometo a mim a aos outros.

O Pragmatismo como doutrina ética nasce e se difunde nos EUA com William James (1842-1910). Em 1898 nasce como corrente filosófica e é herdeiro do empirismo inglês de Bacon (1561-1626). O pragmatismo é chamado por Ferdinand Schiller de Humanismo, e “vê todo o conhecimento e todas as idéias como instrumentos, para o homem realizar conquistas materiais.” (SOUZA, 2002, p. 47).

Seus seguidores são: John Dewey, Charles Peirce, George Mead. A máxima do pragmatismo era que tudo o que é útil, que leva ao sucesso e a gloria é verdadeiro.

Influenciada pelas ideias de Hegel do inicio do séc. XIX, e retomadas, no mesmo período, por Karl Marx (1818-1883), surge o marxismo, explicitação puramente materialista dos fatos econômicos e históricos, considera o capitalismo concentrando riquezas em mãos menos numerosas. Os fatos econômicos são a causa determinante dos fenômenos históricos e sociais, e a igualdade jurídica serve para separar o elemento da vida econômica, da figura jurídica de cidadão. O cidadão é uma hipótese jurídica. Quando você entra na fábrica você deixa de ser um cidadão. Na visão de Marx, (baseando-se em Aristóteles), para existir justiça deve existir desigualdade entre os homens, porém o direito deve ser o mesmo, pois deve ser igual para todos. No direito todos são iguais perante a lei. Para alguns autores, Marx entendeu em sua análise filosófica que a única forma de igualdade da sociedade humana era o comunismo. Além de Marx, outros pensadores contribuíram para fortalecer as suas teorias, como Engels (1820-1895) e Eduard Bernstein (1850-1932).

Ética Comunicativa do filosofo alemão Jurgen Habermas, defende uma ética universal, onde se desenvolvem elementos do diálogo, e neste busca-se a razão. A razão comunicativa não esta consumada no meio, ela precisa ser moldada através de argumentos que levam a um entendimento, isto é, é construída na subjetividade. Distingui-se de Kant por não ser monológica como a razão reflexiva deste, mas na razão comunicativa entre sujeitos. “Pressupõe que a interação entre os sujeitos se dê a partir do entendimento e não da dominação para que possa se estabelecer o mundo da cooperação” (MARTINS, 1994, p. 4)

Friedrich Nietzsche (1844-1900). Iniciou a ética dos valores, pois buscava a revalorização de todos os valores. Foi inicialmente um adepto do pessimismo de Schopenhauer. Sua oposição à aceitação do sofrimento pela moral cristã cria a moral anticristã e atéia, com a imagem de super-homem (Vontade de superar-se constantemente), uma nova visão de homem, onde este decide se está bem ou mal. Nietzsche recusa todas as éticas anteriores, principalmente o cristianismo e o judaísmo, porque crê que defende uma “moral escrava” (humildade, pobreza, obediência), pois para ele “grande parte das pessoas adota uma ‘moral de rebanho’, baseada na submissão irrefletida aos valores dominantes da civilização cristã e burguesa.” (COTRIM, 2002, p. 214).

“Nietzsche tomou a vontade de poder como base para uma moral pretensiosamente superior, a moral dos senhores: bom é o que fortalece aos mais nobres.” (TUGENDHAT, 2000, p. 234).

Para Nietzsche a conduta moral só era necessária ao fraco, uma vez que visa a permitir que este impeça a auto-realização do mais forte. Ele chama a moral cristã de moral escrava.

Bertrand Russell (1872-1970) marcou o rumo do pensamento da ética ao afirmar os juízos morais como a causa da expressão de desejos individuais e onde os humanos participam da vida social, são aqueles realmente completos e aceitos onde expressam tudo em sua natureza.

Algumas coisas há que todos os seres humanos têm em comum. Uma delas_ talvez a mais importante_ é a capacidade de sofrer. Está em nossas mãos o poder de diminuir inestimavelmente a quantidade de sofrimento e desgraça no mundo, mas não seremos bem sucedidos nisso enquanto permitirmos que crenças irracionais opostas dividam a espécie humana em grupos mutuamente hostis. (RUSSELL, 1977, p. 220).

Martin Heidegger (1889-1976), Filósofo alemão influenciado por Nietzsche e Kierkegaard. Para ele, o homem está sozinho no mundo e precisa assumir decisões éticas com a consciência da morte. Para existir é preciso encontrar-se no mundo e no tempo como ser finito, o Dasein, um “ser-lançado-no-mundo”. Este implica a relação com outro Dasein. O homem existe e então decide o que deverá ser. Todo o projeto humano está na dependência da morte que é o aniquilamento do eu, ou extermínio do individuo, por isto é tão angustiante, porém é preciso viver em angustia para alcançar a plenitude, que vem com a aceitação da morte, pois então deixa de temê-la, e aí o Dasein alcança sua autenticidade, mas ainda pertence ao nada. Quanto ao tempo, o Dasein antes de nascer é o nada, quando morre torna-se nada, e do nada ao nada se totaliza.

As teorias filosóficas referentes à ética contribuíram para o entendimento e a formação de diversas afirmações éticas e morais, e assim a ética é capaz de compor diferentes relações conceituais, que provocam nuances dos termos para entendimento filosófico e do próprio senso comum.

2.1 Conceitos de ética

A origem da palavra ética vem do grego Ethikós, que significa “modo de ser”, “costume”. Trata o comportamento humano pelo seu valor moral. Costume tem um sentido bastante amplo, por tratar temas de natureza do bem e do justo. É também chamada de filosofia moral, por tratar dos valores em sociedade, isto é, do comportamento humano pelo seu valor moral.

Moral vem do latim Mores. Ética e Moral tem seus conceitos igualitários, levando em conta a etimologia da palavra Ethos e Mores, grego e latim respectivamente, significam a mesma coisa _ costumes ou o conjunto de costumes.

Segundo Ouaknin (1996, p. 115), “Ainda que os dicionários nos ofereçam a precisão de uma etimologia grega para a ética e latina para moral, eles são incapazes,porém, de precisar a sua diferença” (Grifo nosso). O termo Moral, é mais amplo que o primeiro, pois compreende “o conjunto de prescrições vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para a orientação do agir de todos os membros dessa sociedade” (SEVERINO, 1994, p. 195), enquanto a ética busca discutir e explicar valores referentes à ação do homem, seus objetivos,critérios e fins.

Na visão de Savater (2002, p. 47), a moral “é um conjunto de comportamentos e normas que você, eu e outras pessoas costumamos aceitar como válidos” e a ética, tem significado contrário, pois trata da “reflexão sobre por que consideramos válidos alguns comportamentos”, comparando outras morais de outros em aspectos pessoais e culturais. Compete, no entanto à moral dizer o que deve ser feito, e a ética tira conclusões sobre o comportamento moral de cada um. A ética se constitui de um sujeito (agente moral) e de valores (virtudes éticas), e estão intrinsecamente ligados.

Tugendhat (2000, p. 34) discorre em relação às nuances dos termos ética e moral: “Na filosofia devemos sempre ter como ponto de partida que não faz sentido discutir sobre o verdadeiro significado das palavras.” As origens dos termos não são apropriadas para orientação.

O objeto da ética é normativo, seus valores estão atrelados aos padrões de conduta, onde visam à conservação e a garantia do todo na convivência social, primando pelo bem estar físico, social e mental, portanto a ética é normativa, porque visa impor limites para manter uma ordem, criando barreiras éticas contra males.

A ética é a parte da filosofia que estuda a moral, (filosofia moral ou de costumes), reflete sobre os valores em sociedade na busca da moralidade e consciência para alcançar esses valores morais, porém a ética inicialmente não estabelece regras.

A ética, portanto, é um termo grego “ETHIKÓS” que significa “modo de ser”, que em aspectos filosóficos traduz-se o estudo dos juízos na conduta do ser, que é passível do bem e o mal, presente neste único ser ou em grupo e/ ou sociedade. Está presente em todas as ordens vigentes no mundo, na escola, na política, no esporte, nas empresas e é de vital importância nas profissões, principalmente nos dias atuais.

2.1.1 Deontologia

A palavra Deontologia deriva do grego deon (dever) e de logos (teoria, discurso), equivale etimologicamente de ciência do dever, e para Japiassu e Marcondes apud Souza (2002, p. 55), deontologia é “o código moral das regras e procedimentos próprios a determinada categoria profissional”. Isso implica dizer que a deontologia está particularmente relacionada ao dever profissional e aos princípios que norteiam as ações de cada profissão. O termo foi cunhado pelo filosofo e jurista inglês Jeremy Bentham.

A Deontologia como ciência que estuda os deveres consiste apropriadamente em um conjunto de normas que regem uma conduta profissional, isto é, uma conduta deontológica especifica de uma profissão, disciplinada pelo código de ética, o que faz a deontologia uma disciplina da ética adaptada a um exercício profissional. “A Deontologia parte do pressuposto de que a vida profissional não é alheia à norma ética.” (PRUDENTE, 2000, p. 96).

A relação entre os termos ética, moral e deontologia é explicado pelo jurista Antonio Souza Prudente em seu artigo “Ética e deontologia da magistratura no terceiro milênio”:

A Ética, num círculo mais abrangente, elabora os princípios morais, enquanto a moral propriamente dita, em circuito menor, configura a ética aplicada ao comportamento humano e social, identificando-se a Deontologia num círculo ainda menor e concêntrico, como a dimensão ética de uma profissão ou de uma atividade pública, vale dizer, como a moral direcionada a um comportamento funcional ou profissional do agente humano na comunidade social. (PRUDENTE, 2000, p. 97).

A deontologia foi idealizada por Bentham no ápice de sua teoria utilitarista, que entendia que a busca da felicidade era necessária ao maior número possível de pessoas, e Bentham como jurista, via essa teoria como um papel primordial na arte de legislar.

3. A QUESTÃO DA ÉTICA COMO PROCESSO EDUCATIVO

Hoje, assuntos como ecologia, fome, racismo, direitos da mulher, direitos da criança e do adolescente, direitos do consumidor, entre outros, são todos de cunho ético.

A ética hoje é palavra obrigatória nos meios formais e informais em todas as ordens. Na política, na religião, na Internet, na medicina, na biologia, entre outros, e não diferente, a ética também está na educação. A ética foi sempre vista como meio de educar indivíduos, pois a principal tarefa da ética é a educação do caráter e da natureza humana, sem perder o domínio das paixões pela razão. No entanto a discussão ética nos meios pedagógicos é algo polêmico, como a ética em si gera essa tendência de polemizar, por estar ligada a costumes e valores da sociedade que são discutidos e vistos frequentemente nos meios de comunicação. Porém, na educação, a ética toma espaço decisório por ter em seu meio, ações geradoras de conhecimento que norteiam inúmeras questões e por ter papel de formar, ao lado da família e da sociedade, cidadãos éticos. E a família é o espírito ético imediato, pois “a família tem como característica a éticidade natural (imediata), a sociedade civil baseia-se na superação dessa éticidade [...]” (WEBER, 1996, p. 17). Hoje é impossível falar em educação sem falar em ética, porque nessa prerrogativa está atrelada ao senso de cidadania, já que, a educação está associada à formação ética da cidadania. Assim como afirma Maciel (1989, p. 6), “A educação é o mais eficaz instrumento para o resgate da cidadania. É o caminho por onde chega a consciência dos direitos e deveres das pessoas.”

A palmatória como forma de castigo físico, foi concebida pela educação formal como correção ética, hoje não mais admitida. A questão é demasiadamente polemizada, por ter relação com valores diferenciados nas sociedades. Um exemplo é a questão da pena de morte e da eutanásia (como forma de ética estabelecida), podem tornar-se ações de cunho ético aprovados numa sociedade utilitarista, contanto que estas ações comprovem a validade da adoção desta prática. Existe além desta, a polêmica da educação ética por tendências religiosas, como afirmavam certos filósofos na antiguidade, e negados por outros também (apesar do primeiro código de ética advir das escrituras sagradas _ Os 10 Mandamentos), como por exemplo, em Bayle (Séc XVII), filosofo francês que repugnava a fé como forma de construir sociedades éticas e justas. Para ele, uma sociedade de ateus poderia ser bem mais ética que uma sociedade baseada na religião. E muitos filósofos da época aderiram ao paradoxo de Bayle, a exemplo de Voltaire.

Quanto a uma teoria de natureza religiosa, Russell (1977, p. 114), também, faz uma ressalva critica:

Os protestantes nos dizem, ou costumam dizer, que é contrário à vontade de Deus trabalhar aos domingos. Mas os judeus dizem que é nos sábados que a vontade de Deus proíbe o trabalhar. O desacordo quanto a essa questão tem persistido por dezenove séculos, e não conheço método algum de terminar esse desacordo, exceto as câmaras de gás de Hitler, o que não seria em geral reconhecido como método legitimo na controvérsia científica. Judeus e maometanos garante-nos que Deus proíbe carne de porco, mas os hindus dizem que é a carne de vaca que ele proíbe. O desacordo quanto a essa questão fez com que dezenas de milhares de pessoas fossem massacradas nos últimos tempos. Dificilmente se poderia afirmar, portanto, que a vontade de Deus (elaboraba pela cúria sociorreligiosa sacedortal) dá base para uma ética objetiva.

Está comprovado que vários universos éticos se cruzam em discursos que necessariamente não falam o mesmo idioma. Mas, como indagou Protágoras apud Valle (2001) que tipo de ética leva à educação? Que ética precisamos nos currículos educacionais? É necessária uma ética para a educação? São perguntas polêmicas que geram discussões, óbvias e necessárias para chegarmos a um ponto de partida.

Em um ensaio da revista Ensino Superior de outubro de 2001, a professora Roseli Fischmann, do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e Historia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, aborda a questão ética nas universidades da seguinte forma:

Pensando em nosso cotidiano de professores universitários, de responsáveis por instituições de ensino superior, pela formação de mestres e doutores, deve-se ponderar que as universidades precisam repensar seus currículos e suas práticas, de forma a incluir, no ensino superior, o tema ética e dos direitos humanos. (FISCHMANN, 2001, p. 40).

É necessária uma ética na educação que venha a atender justamente as necessidades de uma sociedade onde a personalidade desta, reflita as expectativas que o cercam, sejam estas positivas ou não. Neste contexto de sociedade, está incluído o estudante universitário, por estar próximo desta prerrogativa de ensino ético. No entanto “Cabe ao professor como agente mais próximo do universitário a tarefa de conduzi-lo à compreensão de até onde pode ir seu almejado livre- arbítrio.” (FERREIRA, 2001, p. 75).

No entanto, O primeiro ensinamento dado pelo professor consiste em mostrar, por seu comportamento em classe, que é possível exercer uma profissão respeitando os códigos de ética, a moralidade vigente, a alteridade do outro, sempre sabendo o momento certo de ouvir, isentando seus juízos dos preceitos e fazendo o esforço de compreender a lógica que reside em cada um como agente moral. (FERREIRA, 2001, p. 78).

A ética é então uma preocupação predominante dos primeiros profissionais da educação, como Protágoras, e outros sofistas que são vistos como os primeiros pedagogos. O termo escola se deve a eles.

Parece ser tarefa difícil atribuir termos éticos na educação, porém, Freud também atribuía a impossibilidade de tarefas como educar, governar e fazer psicanálise, e são três tarefas bem praticadas diariamente. Para levar a ética para as Universidades é necessário um processo mais longo, e não retroativo, como creditar esses valores de forma transversal em toda educação, no ensino médio e fundamental, especificamente nos cursos de filosofia. Segundo Savater (2002, p. 47). “Eu creio que a filosofia como um todo deva ter um lugar específico no currículo para crianças a partir de 12 anos. Mas não começando por Aristóteles, Platão e suas obras”, é necessário falar em questões do cotidiano, para despertar a curiosidade, e então pode - se falar dos filósofos e suas linhas.

É possível tratar a ética na educação levando a domínio questões que assimilam a realidade, a maneira atual de se ver o mundo, buscando as causas naturais expressas pelos acontecimentos, ou seja, as inúmeras transformações sociais de configuração na vida humana, como as mudanças culturais que fizeram brotar novos problemas éticos, além, é claro, daquelas causadas pela fragmentação cientifica, que cresce na sociedade, como as questões da clonagem humana, a eutanásia, a ecologia, a comunicação de massa, a legalização do uso da maconha, a manipulação genética, entre tantas outras questões que trazem a evidencia da razão como mudanças de paradigmas, onde esta deixa de estabelecer criticamente nas questões globais que atingem as relações ético-sociais, isto é, nas configurações humanas. Estas questões, atuais, podem servir de temas para tratar as virtudes éticas, podem imputar aos alunos, uma genealogia crítica da realidade para que possam adquirir opiniões que facilitem sua formação cívica e sua formação humana, como apresentada por Edgar Morin, “A educação do futuro deverá ser universal e voltada para a condição humana” (MORIN, 2001, p. 47). Morin atribui a ética a um dos sete saberes necessários à educação do futuro: O conhecimento, O conhecimento pertinente, A identidade humana, A compreensão humana, A incerteza, A condução planetária, e A antropo-ética, onde, o autor atribui a existência de um aspecto individual, outro social e um outro genético, todos interligados. Nela o homem deve desenvolver a ética e a própria responsabilidade pessoal desenvolvendo a participação social. O homem precisa estar convicto de suas ações não só na tendência pessoal individualista, mas na social e civil que está ligada à democracia, que Morin julga “um exercício de controle” por permitir aos cidadãos exercerem suas responsabilidades nomeando através de voto seus representantes.

Já Touraine (1997, p. 115) tecendo criticas as revelações e relações sociais do mundo moderno revelam:

A sociedade industrial que se formou na Europa, depois na América do Norte, surge cortada por um capitalismo brutal: de um lado o mundo do interesse e da individualidade, sobre o qual Schopenhauer diz que é esteticamente uma taberna cheia de bêbados, intelectualmente um asilo de alienados e moralmente um covil de bandidos; do outro, o mundo impessoal do desejo que não se comunica com o do cálculo.

Daí entende-se que, precisam ser divididos as responsabilidades em classes profissionais, e dar às profissões éticas definidas. Uma ética (regra) capaz de administrar uma classe ou uma classe capaz de identificar moralmente uma ética.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entende-se que num mundo moderno onde o homem exerce suas profissões editadas pela competição, faz com que a razão, em certo ponto, não venha estabelecer critérios para situar-se criticamente nas atuações de vida. Via de regra, tem-se a competição, que estimula a violência (maior problema social) porquê que o que vigora são resultados, fator que afasta a ética. É uma sociedade formada pela competição capitalista, que reflete num déficit ético, e que não está mais situada apenas na produção, mas no crescimento pessoal. O problema do trabalho não mais se restringe a essas questões de caráter profissional, alargando diferenças sociais. “A sociedade nada mais é que o conjunto dos efeitos produzidos pelo progresso de conhecimento” (TOURAINE, 1997, p. 38), e isso reflete no âmbito educacional com tamanha intensidade.

Com as mudanças no âmbito profissional do mundo moderno, as profissões tomaram o rumo da competitividade, e conseqüentemente acontecimentos éticos e antiéticos são moldados dia-a-dia nos campos profissionais alinhadas a pressões. Segundo Touraine (1997, p. 26), “O ser humano não é mais uma criatura feita por Deus à sua imagem, mas um ator social definido por papéis, isto é, pelas condutas ligadas a status e que devem contribuir para o bom funcionamento de sistema social”.

Touraine (1997, p. 115) tecendo críticas as revelações e relações sociais do mundo moderno, comenta:

Portanto, precisam ser divididos as responsabilidades em classes profissionais, e dar às profissões éticas definidas. Uma ética (regra) capaz de administrar uma classe ou uma classe capaz de identificar moralmente uma ética.

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Henrique Sacramento
Enviado por Henrique Sacramento em 21/04/2014
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