QUEM AMA, EDUCA !

Certa feita li algo que dizia mais ou menos assim: quem gosta, corrige. O filho que não é corrigido em casa, acaba sendo corrigido na rua.

Nesses dias, sob o título acima, li a obra de autoria de Içami Tiba e de sua filha Natércia Tiba. Ele, psiquiatra especializado em assuntos de adolescentes e de sua família, e autor de mais de 22 obras.. Ela, psicóloga e psicoterapeuta de crianças e adolescentes. Nesse livro, os autores mostram que quem ama, educa; e que educar é orientar e esclarecer, mas é também corrigir, impor limites e responsabilidades porque é através da educação que os pais preparam os filhos para a vida.

Educar dá trabalho – dizem eles - , mas é a educação que qualifica os filhos como seres humanos. Dar boa educação não é deixar o filho fazer tudo o que quiser. Ele precisa aprender o que pode e o que não pode.

Por outro lado, afirmam que “crianças precisam brincar com crianças. É através do convívio com outras crianças que elas se veem, trocam olhares e se identificam, formando uma autoimagem de si mesmas”.

Sobre as bagunças, eles orientam que os pais não devem admitir bagunças, educando os filhos para que deixem a casa arrumada. Cada vez que a mãe arruma a bagunça dos filhos, eles vão crescer achando que tal hábito é função de mulher arrumar a casa, perpetuando o machismo.

Por fim, eles ressaltam que “nem sempre os filhos vão para o lugar que seus pais imaginam. Ninguém pode garantir qual caminho o filho vai seguir, mas, seja para onde for, deve levar dentro dele valores que aprendeu em casa como ética, humildade, honestidade, humanidade, disciplina e gratidão”.

E, uma coisa mais : “Os pais precisam parar de fazer tudo pelo filho. Quanto menos o filho faz, mais aumenta a dificuldade de fazer. O pai e a mãe que sempre amarram o tênis do filho ou fazem a lição pelo filho, oferecendo por amor essa ajuda de boa vontade, acabam atrapalhando o desenvolvimento da autossuficiência, que precisa ser respeitada e estimulada” .

Todos os pais querem que seus filhos sejam felizes. Porém, felicidade não se dá, muito menos se compra. Temos de aprender a ser felizes. Afinal, não existe felicidade pronta. A felicidade está nos passos de uma conquista, no caminhar de uma busca. Felicidade não é fazer tudo o que se tem vontade de fazer, mas ficar feliz com o que se está fazendo, afirmam os autores.

Então, é assim : quem ama, educa; e educar não é condescender com os erros, mas corrigi-los; não é ser permissivo e tolerante demais, mas saber impor freios e limites; é ser rijo, sem ser violento; é brincar e sorrir com os filhos, mas fazendo-se sempre ser respeitado; é saber perdoar, mas continuar sempre cobrando pontualidade, seriedade e responsabilidade; e quando diante da mentira, exigir a verdade; é ensinar os filhos a serem acessíveis com as pessoas ou ao menos ensiná-las a cumprimentar, dando um bom dia ou boa tarde; é ensinar-lhes, ainda, a reconhecer que todos temos um Pai Celestial e que a cada dia devemos agradecer pelo dia que Ele nos concede viver, e bem assim por mais um dia de oportunidade para aprender e crescer na Sua Sabedoria.

Quem ama, educa ; mas acaba também por descobrir, muitas das vezes, que a educação dada aos seus filhos não frutificou da forma como eles esperavam, seja porque os filhos também aprendem com os amigos e nas ruas coisas que não aprenderam na sua casa e nem com os seus pais; seja porque os sonhos de seus pais não são os sonhos que os filhos acalentam ter; seja porque os filhos querem seguir seus caminhos e não o caminho de seus pais; seja porque a experiência de vida e o sofrimento de seus pais os filhos sequer ousam ouvir, preferindo, por si próprios, experimentarem a sua dor; seja porque os filhos, igual aos passarinhos, um dia criam asas e voam; sejam porque - como dizia Kalil Gibran : “Teus filhos não são teus filhos. Podem dar-lhes amor, mas não os pensamentos, porque eles têm os seus próprios pensamentos; podem tentar ser como eles, mas não queiram que eles sejam como vós”.

***

eldes@terra.com.br