PORTUGUÊS - O MEU CALO
PORTUGUÊS – O MEU CALO.
Por Aderson Machado.
Podem acreditar: A disciplina português sempre foi um tormento para mim, mormente quando eu cursava o curso ginasial, hoje chamado de Ensino Fundamental. Pois bem, por essa época, eu me via às voltas com assuntos envolvendo análise sintática, concordância – verbal ou nominal -, regência, crase...
Pra começo de conversa, quando fazia a primeira série ginasial, logo na primeira prova de Português, eu fui “contemplado” com a nota zero! Isso mesmo, um zero bem redondinho. E dado na hora pela minha professora, o que acarretou a mim um impacto bastante negativo. Vamos dizer que foi um péssimo começo para quem estava iniciando o curso ginasial em um Colégio Federal de bastante conceito e tradição. Agora é bom deixar bem claro que o zero que tirei foi porque a professora me pegou filando, num ato de pura ingenuidade. Afinal de contas, os meus colegas também procederam igualmente a mim, só que eles tiveram a “sorte” de não cair na “malha fina”.
De qualquer maneira, esse episódio, de certa forma, me foi salutar, na medida em que procurei estudar mais e mais, e não confiar nesse tipo de artifício, que só iria mascarar o meu aprendizado.
E assim foi feito. Redobrei o meu estudo com relação à disciplina em apreço, e daí em diante eu passei a auferir notas boas, e no final do ano consegui ser aprovado sem ficar em recuperação. Havia, assim, recuperado o prejuízo.
No ano seguinte, o meu professor de português era ainda mais exigente que a professora que me dera o tal zero. Tive dificuldades mais uma vez, porém, com bastante esforço, as minhas notas foram suficientes para eu passar de ano, até concluir o curso ginasial sem maiores atropelos.
É bom frisar, a bem da verdade, que durante todo o meu curso ginasial, o meu professor de português só se preocupava em ensinar regras gramaticais. Assim, ele não nos orientava a ler. Qualquer que fosse o livro. E também não éramos instados a fazer redação, o que, de certa forma, era um procedimento coerente por parte do mestre, uma vez que não éramos incentivados a ler. E sem leitura, como sabemos, não se pode fazer uma boa redação.
A propósito, eu me lembro que um colega de turma, que por sinal era muito bom em português, era o único que gostava de ler. Por vontade própria, é bom que se diga. E ainda me recordo o nome de um livro que ele estava lendo: VIDAS SECAS, de Graciliano Ramos, famoso romancista alagoano.
Com relação à minha pessoa, devo dizer que o primeiro livro que li foi quando eu cursava o segundo ano do curso científico! Trata-se do livro intitulado MEUS VERDES ANOS, que, na verdade, foi o último romance escrito pelo renomado escritor paraibano José Lins do Rego.
Pelo posto e exposto, eu lamento muito em não ter sido orientado a ler desde quando ainda fazia o antigo curso ginasial. E é dispensável dizer que a pessoa mais indicada a dar essa orientação era o professor de português.
Fazendo uma reflexão, até hoje não sei os motivos pelos quais não fomos direcionados para o caminho da leitura. Não sei, nem entendo. Mas isso são águas passadas, portanto não adianta mais chorar pelo leite derramado.
O que posso afirmar é que, atualmente, pelo menos nos colégios da rede particular de ensino, os estudantes do curso fundamental – antigo curso ginasial -, são estimulados a ler, sim senhor!
E é assim que a coisa tem que ser feita, pelo menos na minha singela maneira de pensar.