A Educação pública - 2ª parte - Isonel Meneguzzo
A EDUCAÇÃO PÚBLICA: PARTE II
Teoricamente, todas as ações que envolvem dinheiro nas instituições públicas de ensino devem ser realizadas por instâncias colegiadas, de forma transparente e com a participação pública nas tomadas de decisão. Infelizmente não é o que muitas vezes acontece nas escolas estaduais do Paraná.
Exemplificando, a APMF (Associação de pais, mestres e funcionários), órgão de representação que funciona com uma equipe de professores, funcionários e membros da comunidade escolar eleitas por pais de alunos, alunos e demais profissionais das escolas deve funcionar harmonicamente diante dos princípios éticos, de responsabilidade financeira, de democracia e de cidadania. Porém, não é o que muitas vezes ocorre.
De notas fiscais frias, passando por compras de produtos em empresas de amigos (clientelismo em pleno século XXI) e até mesmo alguns próprios funcionários públicos estaduais prestando serviços para as instituições de ensino são algumas das muitas práticas errôneas adotadas por gestores(as) de escolas públicas. Além disso, são comuns também as assinaturas de atas de reuniões que nunca existiram. Ou seja, a direção toma uma decisão, redige uma ata e os membros a assinam como se realmente tivessem participado de todas as decisões tomadas na reunião.
Nesse sentido, o estatuto do servidor e os princípios éticos básicos parecem inexistir. Por mais paradoxal que possa parecer, esta é a realidade de muitas escolas públicas paranaenses. Isso mesmo caro leitor: educadores que tanto criticam políticos corruptos e incompetentes não estão fazendo sua parte a contento!
Denúncias são feitas ao Ministério Público, à ouvidoria da Secretaria de Estado de Educação e aos próprios Núcleos Regionais de Educação do Paraná. Porém, a resposta para a comunidade em geral muitas vezes demora a chegar e medidas efetivas não são tomadas (e quando tomadas a comunidade desconhece).
Por sua vez, os docentes não fazem a sua parte: Alguns compram atestados médicos para ficarem sem trabalhar, outros simplesmente não seguem as normas das instituições de ensino no que tange a cumprimento das horas-atividade, os docentes (se é que se pode chamar de docente) de educação física simplesmente “jogam a bola” na quadra e se encaminham para a cozinha para fumarem um cigarro e tomar um café enquanto seus alunos ficam literalmente largados na quadra praticando qualquer coisa que se possa chamar, menos educação física.
Pergunta-se: O que realmente deve ser feito para que pessoas que exercem cargos públicos e adotam condutas totalmente errôneas sejam punidas de forma efetiva? Espero que não seja escrevendo um texto como este evidenciando o que vem ocorrendo nos ambientes escolares! Pelo contrário, enquanto cidadão e professor disponibilizo-me a falar do que sei “dando nome aos bois” se for o caso!
ISONEL SANDINO MENEGUZZO (Professor de Geografia)
imeneguzzo@hotmail.com