A EPISTEMOLOGIA COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO NA INTERPRETAÇÃO DO CÓDIGO SOCIAL – A MONOGRAFIA; A DISSERTAÇÃO E A TESE. OS CÓDIGOS DO CORPO E OS CÓDIGOS DA SOCIEDADE: Apenas um esboço.
***OBSERVAÇÃO: Este é apenas um roteiro para a ministração de uma palestra. O tema foi proposto pelo Coordenador do evento.
Para a abordagem do tema e sua contextualização, cabe explicar os termos principais envolvidos e constantes nestes apontamentos para debate de ideias e teorias. Necessário também se faz explicitar a metodologia escolhida para o tratamento da temática a ser discutida. Serão adotadas, no decorrer desta expoxição, duas estratégias: a primeira é a de ler e interpretar este apanhado de considerações e a segunda será a de propor alguns questionamentos para a interação com o grupo.
A. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Inúmeras noções podem ser chamadas em cena pelo termo epistemologia. Entretanto, prefere-se, neste esboço, focalizar, em primeiro lugar, a origem da palavra:
[episteme], ciência, conhecimento; λόγος logos], discurso) é um ramo da Filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados com a crença e o conhecimento.
A epistemologia ou filosofia/teoria do conhecimento tem por objetivo estudar a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento. Relaciona-se com a metafísica, a lógica e o empirismo, pois avalia a consistência lógica da teoria e a sua coesão factual. Esse ramo da filosofia tem suas origens em Platão que opunha a crença subjetiva ou opinião ao conhecimento _ que é a certeza, a crença justificada, parte da verdade.
Os estudos de importantes teóricos podem elucidar as noções às quais este texto se refere:
Segundo Taylor taxativamente afirma: “É costume dizer-se que cada um tem sua Filosofia e até que todos os homens têm opiniões metafísicas. Nada poderia ser mais tolo. É verdade que todos os homens têm opiniões, e que algumas delas _ tais como as opiniões sobre religião, moral e o significado da vida _ confinam com a Filosofia e a Metafísica, mas raros são os homens que possuem qualquer concepção de Filosofia e ainda menos os que têm qualquer noção de Metafísica.
William James, por sua vez, definiu a Metafísica como “apenas um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza".
Pensar com clareza e objetividade é questão sine qua non torna-se inteiramente impossível aproximar-se da ciência. Paulo Freire pregou e ensinou o que é “pensar certo”. E “pensar certo” é mais do que se achar pensando certo. Trata-se, em primeira mão, de pensar com clareza e ouvindo e lendo o mundo.
Dito por Gabriela Cabral, do site Brasil Escola, a “Lógica é uma parte da filosofia que estuda o fundamento, a estrutura e as expressões humanas do conhecimento. A lógica foi criada por Aristóteles no século IV a.C. para estudar o pensamento humano e distinguir interferências e argumentos certos e errados. As falácias que são falhas na argumentação possíveis de serem percebidas são bastante usadas no estudo da lógica, pois auxilia na detecção de verdades e falsidades”.
Quanto ao Empirismo,
“(...) é uma teoria filosófica que defende o conhecimento da razão, da verdade e das idéias racionais através da experiência. Essa teoria muito desagrada os adeptos da teoria inatista que afirma termos em nossa mente desde o período extra-uterino princípios racionais e idéias verdadeiras.
John Locke é considerado o principal figurante do empirismo. Com sua corrente, denominada Tabula Rasa, afirmou que as pessoas desconhecem tudo, mas que através de tentativas e erros aprendem e conquistam experiência. Sua corrente também originou o behaviorismo que busca o entendimento dos processos mentais internos do homem”.
Cumpre esclarecer _ neste entremeio _ que, “O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta, comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. (...) inclusive no que diz respeito ao significado da palavra ‘comportamento’. Os ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical”.
(...) “Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson – “A Psicologia como um comportamentista a vê“.
“(...) Skinner criou, na década de 40, o Behaviorismo Radical, como uma proposta filosófica sobre o comportamento do homem”.
A epistemologia busca responder "o que é" e "como" se faz para alcançar o conhecimento. De tal ponto chega-se a duas posições: a) Empirista: propõe o conhecimento baseado na experiência, no que for apreendido pelos sentidos. Defendem esta posição: Locke, Berkeley e Hume; e Racionalista, cuja fonte do conhecimento centra-se na razão, e não na experiência. Pensadores racionalistas foram, entre outros, Leibniz e Descartes.
Os fundamentos da teoria criada pelo filósofo Platão abarcam o conhecimento teórico, ou seja, aquele saber/conhecer formador do conjunto de informações que servem para descrever e explicar o mundo real, este que conhecemos. Através do conhecimento assim perfilado é possível descrever, explicar, analisar e predizer uma realidade.
Existe outra modalidade de conhecimento e que não se encontra na teoria de Platão. Trata-se do conhecimento comum, prático, aquele que o indivíduo adquire no fazer/ser cotidiano.
Um dos princípios da epistemologia é a evidência, ou seja, a prova através da qual se reconhece a verdade. Bom não esquecer a possibilidade do falseamento da prova, as falácias, o escamoteamento da verdade, o raciocínio argumentado falsamente.
Quando o indivíduo sabe, isto é, conhece algum objeto ou fato da realidade, ele pode posicionar-se de alguma maneira. Esse posicionamento/atitude pode ser dogmático, cético, relativista ou perceptivista. Qual seria o perfil de cada um desses?
Pode-se afirmar que alguém se coloca numa posição dogmática quando, filosoficamente, apropria-se de um conhecimento de maneira segura, universalmente válida e tem disto certeza.
A atitude filosófica do cético é oposta ao dogmatismo, pois, o sujeito cético é aquele que analisa, sempre questiona as provas e duvida ser possível conhecer qualquer objeto de estudo de forma segura e firme.
“O ceticismo é um corrente de pensamento filosófico que defende a ideia da impossibilidade do conhecimento de qualquer verdade. Criado na Grécia Antiga por Pirro de Élis (filósofo grego), esta filosofia rejeita qualquer tipo de dogma (afirmação considerada verdadeira sem comprovação).
De acordo com os céticos, todo conhecimento é relativo, pois depende da realidade da pessoa que o possui e das condições do objeto que está sendo analisado. Como a cultura (regras, leis, costumes, visões e mundo, crenças) muda em cada período histórico, os defensores do ceticismo acreditam ser impossível estabelecer o que é real e irreal ou correto e incorreto.
Logo, os céticos defendem a ideia de assumir uma postura de neutralidade em todas as questões, não fazendo julgamentos. Assim, o cético defende a indiferença total.”
Costuma-se, de imediato, confundir o cético com o ateu. Entretanto, parece melhor colocado que o cético é o sujeito que quer entender ad nauseam, exigindo todas as provas e sempre as questionando. Disse Benjamin Franklin que “o jeito de ver pela fé é fechar os olhos da razão”. O cético jamais fecha os olhos à razão.
A postura filosófica relativista, defendida pelos sofistas, nega a existência de uma verdade absoluta. Nesse caso, o cético jamais encontrará a verdade. Para os sofistas, discípulos de Protágoras, a verdade é individual, isto é, varia de indivíduo para indivíduo. Esta posição individualista é especialmente polêmica vez que cada um tem a sua maneira de ver a verdade considerando-a única.
Segundo Célia Teixeira, o relativismo é uma doutrina filosófica antiga e popular e está em voga, sobretudo nos departamentos de literatura e crítica literária. O relativismo afirma que “em certas áreas a verdade é relativa a um certo ponto de vista, quer seja do singular quer seja do plural”. Nega que possamos alcançar um conhecimento objetivo em relação a certas áreas: “Podemos também ser realistas em relação à ciência, em relação à moral, em relação à verdade em certas áreas do saber e à racionalidade”.
O perceptismo/perceptivismo filosófico, diferentemente, defende a existência de uma verdade absoluta, mas esta verdade é inalcançável em sua plenitude. O máximo que se pode almejar é percebê-la parcialmente. Este foi o pensamento do filósofo Nietzsche. São dele as frases: “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”; “É só dos sentidos que procede toda a autenticidade, toda a boa consciência, toda a evidência da verdade”.
Em se tratando dos códigos sociais,
“As interacções sociais, ao nível das relações face-a-face, estão sujeitas à influência de um conjunto de variáveis de carácter manifesto ou latente, que lhes determinam, ou pelo menos influenciam, a condução dos processos comunicacionais. Os padrões de interacção resultantes das relações entre os indivíduos são consequência, por um lado, da aleatoriedade humana e, por outro, da previsibilidade que a vida em sociedade possibilita”.
A reflexão de Nogueira Dias adianta que a comunicação é a arte de bem gerir mensagens, enviadas e recebidas, nos processos interacionais. Isto inclui o tempo, o espaço, ‘o meio físico envolvente’, o clima relacional, o corpo, os fatores históricos da vida pessoal e social de cada indivíduo, as expectativas e os sistemas de conhecimento. Esses elementos “moldam a estrutura cognitiva de cada actor social, condicionam e determinam o jogo relacional dos seres humanos”.
A sociedade humana precisa e é capaz de organizar uma estrutura que assegure o movimento coletivo e o crescimento de todos os indivíduos. Dessa forma promove a expansão e o desenvolvimento das potencialidades coletivas e individuais. “A sociedade, no seu verdadeiro sentido, não é uma mera aglomeração de indivíduos; é muito mais do que isso, pois o que importa é o espírito de coletividade e a unidade social. A psicologia e o vigor de uma sociedade humana dependem essencialmente dos três fatores: A) unidade social, B) segurança e C) paz”.
Para fixar a ideia do que é a linguagem do corpo, apresenta-se um trecho de resenha para leitura e reflexão:
"O livro “O Corpo Fala”, de Pierre Weil e Roland Tompakow procura mostrar a linguagem manifestada pelo corpo, nos diversos tipos de relacionamentos humanos que temos ao longo de nossas vidas.
Os autores usam a esfinge, como referência para “traduzir” a linguagem corporal. Colocam as três partes da esfinge para mostrar como é dividido o homem: o boi seria a referência para os instintos (ou desejos); o leão refere-se aos sentimentos e, a águia estaria ligada aos pensamentos (ou consciência).
O homem somente conseguirá o equilíbrio, quando dominar os “três animais” dentro de si e nada acontece na vida sem que este equilíbrio se estabeleça.
A mesma coisa acontece com os relacionamentos interpessoais: se não existir uma atração de águia para águia, de boi para boi e de leão para leão, o relacionamento poderá ser incompleto.
Mesmo no dia-a-dia, podemos ver estes sinais com que as pessoas passam seus sentimentos em relação a nós e aos outros. O corpo diz, em uma linguagem não verbal se está havendo o feedback, ou seja, boa receptividade na forma como estamos tentando nos comunicar.
A forma como as pessoas se comportam, como colocam os membros em nossa direção ou em direção oposta pode nos dizer sobre seu interesse em que continuemos nossa comunicação, nossa interlocução ou não".
(...)
B. QUESTÕES PARA O DEBATE
E qual seria a relação destes apontamentos com os trabalhos monográficos? O que seriam trabalhos monográficos? Qual o valor do conhecimento e dos códigos sociais dentro desse panorama dos assim chamados TCCs? Por que existem os TCCs? O que são eles? Qual o valor deles? Quais os objetivos dos TCCs? Como são elaborados? Quais os tipos mais comuns? Onde são elaborados? O que se faz necessário para elaborar um TCC? Qual a metodologia para trabalhar o TCC? O que são fontesde pesquisa/investigação? O que é o tema e como se origina? É bom mudar de tema? Por que “arrepender-se” de um tema? O que é e quais as características de uma investigação científica? O que é um trabalho bibliográfico? O que é uma pesquisa de campo? O que é melhor para você? O que é e qual o papel da norma para a apresentação de um TCC? Por que estudantes recebem nas aulas de orientação um manual referente às normas da ABNT? Qual o papel de um orientador? Pode-se fazer pesquisa sem despesas? Quando começar a pensar e definir uma pesquisa?
REFERÊNCIAS
http://www.prout.org/por/chap7.htm
http://www.euniverso.com.br/Oque/epistemologia.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/grayling.htm
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/ceticismo.htm
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/relativismo2.htm
http://pt.shvoong.com/humanities/theory-criticism/796256-corpo-fala-necessidade-uma-linguagem/
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/taylor.htm
http://www.brasilescola.com/filosofia/o-que-logica.htm
http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/empirismo.htm
http://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/
OS SITES RELACIONADOS FORAM CONSULTADOS NO PERÍODO DE 17 A 21 DE MAIO DE 2010.