O jovem rico e velho sábio...

 
Numa pequena aldeia um sábio dava conselhos assertivos e gratuitos.

Só havia uma cobrança.

Após três anos, a pessoa deveria voltar até a aldeia, na casa do sábio e dar para ele uma prova real que o seu conselho foi útil, verdadeiro e real.

O sábio conselheiro exigia somente uma prova real do ensinamento que tinha dado ao aconselhado.  Poderia ser um objeto ou algo que realmente comprovasse a utilidade das palavras ditas anteriormente, na primeira visita.

O sábio tinha por hábito não dar, a ninguém um segundo conselho.

Certa ocasião, numa manhã chuvosa, se aproximou da casa do velho sábio um jovem que tinha completado 18 anos,  no dia anterior de sua visita.

Temeroso, o jovem  quase desistiu de falar ao avistar o sábio, sentado numa cadeira de madeira, na varanda de sua casa, próximo ao jardim,  repleto de flores.

Era a primavera e muitas borboletas, se esquivando da fina chuva,  procuravam o néctar das flores num constante movimento no imenso jardim da casa do sábio. Tímidos raios de sol reluziam nas montanhas longínquas dando um fulgor fugaz nas sombras que contornavam a verde paisagem.

O sábio idoso, notou a timidez do jovem e perguntou:

Quais seriam os teus desejos, meu caro jovem?


O jovem  pausadamente respondeu:


Meus pais sofreram um acidente, sou filho único e herdei uma considerável fortuna.
Gostaria que o senhor, em sua sabedoria me desse uma precisa orientação sobre quais as três coisas que eu mais devo fazer em minha vida, pois sou novo e gostaria de viver em plena felicidade,  sem muitas preocupações e penúrias físicas e emocionais.


- Caro Jovem, falou com firmeza o sábio, busque a partir deste momento o AMOR, a ALEGRIA e a ESPERANÇA.

- Mas onde irei buscar estas três coisas, em que lugar elas se encontram?

- Volte para sua casa, administre os seus bens e após três anos, volte até aqui e traga uma prova real que você seguiu estes ensinamentos.
Se você seguir estes conselhos, será feliz para sempre.

O jovem, se despediu e mansamente saiu da aldeia e voltou para administrar todos  os  bens que tinha direito na sua rica
herança.

Após três anos,  volta o jovem com barba,  até a aldeia,  acompanhado de  três mulheres e vai falar com o sábio no mesmo local do primeiro encontro.

Olhando firmemente para o sábio, o jovem barbudo disse,  sem hesitar:

O senhor me pediu para trazer uma prova real das "dicas" (conselhos)  que me orientou e elas estão aqui me acompanhando, pois  estas três pessoas  que vivem no meu lar,  se chamam Amor, Alegria e Esperança.

Esta primeira é a minha avó, é um AMOR  de pessoa e faz o papel de minha mãe  falecida e  me dá  inúmeros carinhos e conselhos.

Esta segunda é a Alegria da minha vida,  é  a minha madrinha de batismo,  foi  minha professora primária,  me ensinou a ler e escrever e ainda é  minha melhor amiga e amiga da minha avó e era quase uma irmã de minha falecida mãe.

A terceira é a ESPERANÇA, minha jovem noiva  e companheira de minha futura vida conjugal e agora, caro sábio,  quero convidá-lo para meu casamento que será realizado no mês que vem.

O velho sábio  sorriu e foi testemunha do casamento deste jovem e precoce sábio.


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Postado por BLOGACIAA 
Beckhauser
Publicado no Recanto das Letras em 20/04/2010
Código do texto: T2207580