O fim do Carro Popular

O FIM DO CARRO POPULAR

O comércio e a indústria automotiva são, sem dúvidas, os grandes vilões da economia nacional, vistos pelos olhos da população. As campanhas de marqueting das concessionárias são de um cinismo a toda prova, pois induzem o consumidor a uma situação irreal.

Eu tive bons carros, GM Caravan, Opala, Kadett, Monza, DKW e Santana além de outras porcarias: Fusca, Dauphine, Brasilia e Gordini. Depois, o tempo passou e meus valores se modificaram. Enxerguei que o status que eu visava com a aquisição de carros top de linha, não estava na imagem dos veículos, mas em minha capacidade e seriedade profissional.

Mais tarde, o governo e a GM anunciaram o “carro popular”, o Corsa a módicos 8 mil reais. Diante da novidade me joguei para adquirir um “carrinho de autorama”. Que decepção! As revendas informaram que não havia disponibilidade para os próximos noventa dias, e quando o mercado se normalizasse, o preço passaria de 10 mil.

Eu tinha um Fiesta sedan 4 portas, pintura metálica que não cabia entre as colunas da garage do meu novo apartamento. O carro vivia arranhado. Decidi comprar um carro menor, mais manobrável. Minha escolha recaiu no “Novo Uno”, um carro pequeno, popular e mais barato. Que engano! Este, como todos os “populares” em oferta no mercado tem os mesmos assessórios dos carros de luxo: ar condicionado, direção hidráulica, vidros verdes elétricos, travas nas portas, alarme, freios ABS, air-bag, computador de bordo, toca CD/DVD, luz ledge anti-neblina, sensor de estacionamento, etc. E o preço? O preço são “outros quinhentos”. Tive que entregar o meu Fiesta e mais seu valor equivalente em dinheiro para adquirir o “popular”. Pode uma coisa dessas?

Curiosamente, o luxo do “Novo Uno” não contempla alguns itens, cuja defecção me frustrou. Nele não aparecem algumas coisas que sempre quis ter em meus carros sem conseguir: teto solar, trava elétrica no porta-malas e saída do ar-condicionado para os bancos traseiros.

Como se vê a expressão “carro popular” é uma falácia do marqueting automobilístico. Do preço do “popular” 50% é o carro e os outros 50 é penduricalhos. Hoje não existe mais esse tipo de veículo, mas pequenas carroças, como definiu o “extinto” Presidente Collor, que com a complacência do governo e dos órgãos fiscalizadores vai engambelando a escumalha.

E-mail: kerygma.amg@terra.com.br

Site: www.antoniogalvao.com