Sem Sal
Manhã de quarta-feira, num mês de maio, tomei uma xícara de café amargo. Tropecei entre uma cadeira e a mesa; o pão torradinho, e o bule de leite, foram ao chão. Depois de tudo, indo a garagem, vi o cachorro destruindo os jornais. Suas patas afiadas riscavam a pintura fresca das paredes. Os dentes escovados na manhã de domingo, roeram as boas e as más notícias.Enfrentando a fatalidade, foquei o pensamento na possibilidade de uma recuperação econômica dos EUA. Claro que cedo ou tarde, eles podem abocanhar o mercado europeu e a nova clientela conquistada pelos Brics.
Hoje acordei pensando na ascensão da classe C brasileira e preocupadíssimo com as abordagens da mídia sobre a volta inflação.A perda do status social e econômico preocupa amigos e parentes. Mas de afirmar que caso isso aconteça,modernamente, como os burgueses falidos da Europa, passearei a pé e de metrô, com ares de intelectual filiado ao Partido Verde. Direi por aí que estou contribuindo com o equilíbrio ambiental do planeta.
Agora mesmo, ao escrever estas linhas, arregalo os olhos. Assanho os cabelos e grito: Xô, tristeza nesta quarta-feira sem sal.