O Tempo passa, o tempo voa...

Quem não se lembra da propaganda do banco Bamerindus, nos anos 90, na qual o ator Toni Lopes, um senhor calvo, de barba bem aparada, muito simpático, fazia o anuncio da conta poupança do banco. Ao fundo nos comerciais, sempre tocava um jingle, música para propaganda, com os seguintes dizeres: - "O tempo passa, o tempo voa; e a 'Poupança Bamerindus' continua numa boa... é a 'Poupança Bamerindus'!".

Este refrão repetia várias vezes, principalmente nos intervalos do Domingão do Faustão à época. Esta música ficou retida no subconsciente de milhares de brasileiros até os dias de hoje, principalmente nos que nasceram antes da década de 80.

O que muitos de nós não sabíamos, era que a refrão da música não era verdadeiro, pois como dizia o poeta Renato Russo “o para sempre, sempre acaba”, e com as mudanças da vida e principalmente da economia, a vida mudou e muito. O Banco Bamerindus faliu, após alguns escândalos e desvios financeiros, o Bamerindus sofreu intervenção do Banco Central e entrou no Programa de Estimulo Financeiro Nacional (PROER) em 1997, ou seja, dividiu o prejuízo com todos os brasileiros. O ator aquele senhor extremamente simpático faleceu em 2004, e até a poupança que era intocável há mais de séculos, recentemente sofre alteração, a única verdade intocável do jingle é que o tempo voa.

Esta introdução foi para conversar um pouco sobre as alterações da poupança. No Brasil a poupança foi criada juntamente com a Caixa Econômica Federal, através do Decreto 2.723/ 1.861, assinado por Dom Pedro II. Tal dispositivo legal autorizou a “criação de uma Caixa Econômica, que tem por fim, receber a juro de 6% as pequenas economias das classes menos abastadas, e de assegurar, sob garantia do Governo Imperial, a fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte, quando este o reclamar”. Outra alteração mais significativa foi introduzida em 1964, que instituiu a Correção Monetária para tais depósitos. Assim, além da remuneração anual de 6%, os valores depositados passaram a ser atualizados mensalmente pela Correção Monetária conforme índices definidos pelo Banco Central do Brasil.

Já mais próximo de nós, em 16/03/1990, sofremos a intervenção nas contas de popança através das medidas do Plano Collor I, que bloqueou todas as contas correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$50mil (Cruzado novo), os recursos foram congelados por 18 meses, recebendo durante esse período uma rentabilidade equivalente à taxa de inflação mais 6% ao ano. Esta medida traumatizou toda uma geração, levando até mesmo ao suicídio vários pais de famílias que ficaram desesperados por não terem dinheiro para honrar seus compromissos.

Em 2012, graças ao novo status ocupado pelo país em termos econômicos, temos nova alteração nas contas de poupança, mas desta vez, com responsabilidade e coerência. O Governo Federal preservou os contratos e direitos dos investidores, nesta modalidade de investimento. A alteração afetará somente os novos depósitos realizados a partir da publicação da Medida Provisória em 04/05/2012. Assim sendo, existirá a possibilidade de termos dois rendimento distintos, ou seja, os depósitos realizados até 30/04/2012 corrigidos pela TR + 6% e os depósitos após 04/05/2012 serão corrigidos pela TR+ variação da Selic (70% da Selic, quando esta for igual ou inferior a 8,5%).

Para o devido controle, alguns bancos criaram um digito a mais nas contas para diferenciar os depósitos.

A dica para garantir uma melhor taxa com as alterações é abrir uma nova conta, para novos depósitos e saques. Pois toda vez que houver um saque na conta de poupança, o dinheiro será sacado na parte que tem um maior rendimento, ou seja, na poupança realizada até 04/05/2012, que tem uma remuneração de TR + 6%. Com a abertura de nova conta poupança, você irá garantir uma remuneração fixa como a da época do império.

Saúde e Sucesso a todos que me leem.

Carlos Renato é Contador

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CRenato
Enviado por CRenato em 15/02/2013
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