A dúvida que alguém tem quanto a pagar ou não o imposto de renda ressalta a intenção ou, no mínimo, a tentação de sonegar o mesmo.

A efetivação desse desejo constitui um crime.

Confirmar esse crime é fácil caso o “Leão” venha a procurar tal pessoa, quer dizer, caso a Receita verifique o fato e solicite um esclarecimento. Se ficar constatado que a pessoa omitiu valores, declarando menos do valor real, ela terá que efetuar a declaração verdadeira e ainda pagará uma multa pelo ato (imaginando apenas uma sonegação simples e habitual).

Na prática o pequeno contribuinte pode não ser notado e até passar impune (a possibilidade disso acontecer está cada vez diminuindo mais).
Nisso boa parte dos sonegadores aposta e acredita.

Nesse artigo não pretendo punir os sonegadores nem fazer o papel de nenhum representante do governo, mas refletir sobre algumas verdades que estão implícitas na atitude daquele que resolve não pagar o bendito imposto ou decide fazer uma declaração falsa objetivando receber algum dinheiro extra.
Além disso, eu pretendo te incentivar a “ficar bem” financeiramente.

1- Primeiro vale ressaltar que esse problema não alcança os pobres. Esses não pagam imposto de renda. Isso não implica que atinge somente os ricos, porém todos que pagam o imposto de renda possuem um ganho anual que lhes faculta essa obrigação (atualmente paga imposto de renda quem recebe mais de R$ 22.499,25 durante o ano). Tal ganho não permite que esses “sonegadores voluntários” possam ser considerados “coitadinhos”.

Vale dizer que o trabalhador que recebe apenas o salário mínimo não consegue ultrapassar nove mil reais anualmente.

2- O que costuma ocorrer a ponto de dificultar que a pessoa faça sua declaração sem, por exemplo, omitir a realidade de suas informações nada tem a ver exatamente com o imposto de renda.

Vou esclarecer.

Um trabalhador que receba líquido (o valor que fica em suas mãos) cerca de três mil reais mensalmente não pode ultrapassar um gasto superior a três mil reais nas suas despesas rotineiras.

É simples! Se eu ganho até X, eu não posso dever mais do que X.

Na vida real sabemos que isso não é seguido à risca, que a pessoa costuma dever mais do que X e chega a dever X + Y, gerando um verdadeiro caos financeiro, uma ciranda de débitos que mistura cheques especiais, cartões de crédito, empréstimos e o que mais aparecer pela frente.

Dirão alguns que a despesa de uma família não é nada fácil, que a situação está impossível, que quem tem filho sofre, que o custo de vida é um absurdo...

Dirão isso e muito mais, porém uma forte indisciplina é o grande motivo de toda essa confusão financeira.

Não é simplesmente uma questão de aumento de renda, pois, aumentando a renda, novos débitos costumam surgir, o que era supérfluo passa a ser necessário, enfim, o problema de gastar mais do que se ganha permanece.

O assunto só pode ser resolvido com uma conta simples, que não pede a participação de um economista nem exige a contratação de um contador. Nada disso!

Basta sentar e definir as despesas indispensáveis, depois definir gastos extras e, no término, verificar se existe um crédito a permitir cobrir os débitos que nasceram da soma do necessário com os gastos extras.

Caso não exista saldo suficiente, ou seja, caso o que é necessário gastar seja superior ao que a pessoa irá receber, a situação indicará “sinal vermelho”.

Essas pessoas, na intenção de ajustarem suas finanças, devem rever urgentemente os seus gastos.

A dica é cortar o supérfluo ou o que pode esperar um pouco mais.

Verificamos que uma das grandes dificuldades dessas pessoas está vinculada aos cartões de crédito, pois elas ficam plenamente escravizadas aos mesmos indefinidamente.

Sendo assim, é importante não abusar na hora de usar o cartão de crédito, sabendo que o ideal é efetuar o pagamento total da fatura mensal, jamais se habituando ao pagamento mínimo.

Tentando ajustar aqui e ali, a pessoa provavelmente chegará até o “sinal verde”.

3- Reconhecemos que os nossos salários deveriam ser bem mais “recheados” do que são, no entanto, na hora de organizar as finanças, não vale a teoria nem o “se”.

Teremos que ser práticos e objetivos.

Conseguindo conduzir os gastos sem ficar continuamente “com a corda no pescoço” como é o costume de muitos, isso será positivo para a nossa saúde pessoal e financeira além de possibilitar que façamos nossa declaração de imposto de renda sem nenhuma aflição.

Considerando os trabalhadores que têm o imposto de renda descontado mensalmente no contracheque, depois da declaração efetuada, eles terão direito a uma restituição do que pagou a mais, quer dizer, eles não precisarão pagar valor algum e ainda terão uma determinada quantia a receber.

Tudo certo?
Como diz aquele personagem: “Beleza?”

Deveria ser, no entanto parece que nada está tão certo.

Algumas pessoas, envoltas num verdadeiro “hospício financeiro”, desejam receber mais do que merecem do querido Leão.

Assim inventam dados, inventam gastos com a saúde, enfim, mentem e mentem a fim de conseguir algum dinheiro a mais.

Se o problema fosse somente omitir, compreenderíamos que a pessoa não deseja gastar já que está com suas finanças descontroladas.

Se ela não tem como cobrir débitos inevitáveis, como poderia ainda gastar com o Leão?

Não estamos justificando essa opinião, entretanto é um raciocínio lógico e aceitável.

Mas aqueles que não só omitem como encontram uma forma de roubar a Receita, esses jamais contarão com minha simpatia nem tolerância.

4- É oportuno refletir sobre o limite da honestidade, onde a mesma começa e a mesma termina.

Será que todos que costumam dizer que os políticos são ladrões possuem verdadeiramente moral para isso?

Argumentarão que não aceitam dar boa vida a um governo que não sabe administrar bem nosso dinheiro, que só faz roubar, que é corrupto. Dirão que não querem permitir que o dinheiro que ganharam com suor termine sendo jogado fora.
No fim provavelmente recomendarão que eu vá procurar o que fazer ou simplesmente oferecerão a mim um carinhoso palavrão.

Considerando tais argumentos, fica muito difícil saber quem rouba mais ou quem rouba quem, pois como podemos acusar o governo de roubo se decidimos tirar um dinheiro que pertence ao mesmo?

O imposto de renda é um percentual referente ao que ganhamos o qual obrigatoriamente, respeitando nossas leis, devemos pagar.

Se discutimos se é justo ou não, se o dinheiro será bem utilizado ou não, acho que corremos o risco de perder nosso freio moral.

Encontrando uma quantia de dinheiro na rua, devemos pegar ou não?

Aqueles que furtam dinheiro alheio estão certos ou não?

Se um caminhão vira numa estrada com latas de refrigerante, essas latas devem ser pegas pela população ou não?

Quando alimentamos a indústria da pirataria, estamos agindo bem ou não?

Enfim, qual é o limite do certo ou do errado?

Eu penso que devemos sempre cumprir bem as nossas obrigações, pois, além de ficarmos com a consciência tranqüila, poderemos realmente ter o direito de julgar ou reclamar como normalmente fazemos com tanto rigor.

5- Como expliquei acima, só pagará imposto de renda quem realmente ganha demais.

A maioria das pessoas que paga o imposto conseguirá uma restituição em relação ao que já pagou durante os meses do ano anterior.

Dessa forma realmente esse dilema entre pagar ou não pagar tal imposto carece de sentido.

6- Escutava certa vez uma amiga dizendo “Meu marido é quem faz a minha declaração. Ele sempre consegue uma forma de pegar algo a mais, não sei como, mas ele sempre consegue.”

Não sou um filhinho de papai nem vivo às custas de outrem.
Também já enfrentei sérias dificuldades financeiras.

Somente apresento este artigo por já ter enfrentado as tempestades que a ausência de dinheiro costuma provocar.
Desde 1994 vivo exclusivamente graças ao que eu ganho.

Resolvi todas as minhas crises financeiras organizando os meus gastos conforme exemplifiquei acima (foi necessário pegar uma caneta, ter paciência, começar a fazer as contas, depois ter muita disciplina e força de vontade).

Sobre o imposto de renda, ele hoje não é nenhum dilema para mim já que costumo me prevenir antes caso eu tenha de pagar algo.
Se eu tenho direito à restituição, melhor ainda.

Enfim, acredito que o Leão não deve ser jamais utilizado como uma fonte salvadora caso estejamos com nossas contas complicadas.

Cedo ou tarde necessitaremos organizar nossas finanças, não podendo mais contar com esse tipo de “ajuda”, pois chegará um momento que ou faremos isso ou sairemos correndo enlouquecidos.

Esse é exatamente o objetivo do meu artigo, propor que os senhores organizem o que gastam, acalmando assim uma eventual situação de turbulência financeira ou, preferencialmente, jamais enfrentando qualquer situação dessa natureza.

Isso certamente será útil durante o cotidiano e, na hora de declarar o imposto de renda, fará que o assunto muito pouco cause incômodo.


Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 05/02/2012
Reeditado em 24/09/2016
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