Passeio caribenho
Visitar a reserva ecológica do Mount Hartman, na caribenha Granada é sempre uma oportunidade de comunhão com a natureza e de reflexão diante de tanta incerteza.
Lá se tenta preservar o pássaro símbolo do país, a pomba granadina, ameaçada de extinção. E o resto é mataria, até já em volta e por sobre uma obra, tipo resort, que, penetrando no coração da reserva, parece embargada. Ou por zelo dos preservadores, ou por falta de caixa dos predadores.
Vê-se lá, vistosa, uma ponte de concreto conectando a ilha-mãe, Granada, a uma ilhota pequetita, mas não menos esverdeada e de igual topografia acidentada, ilha de Hog, chamada. E a ponte, a cadeado fechada. Pra ser também preservada?
O fato é que lá voltei, e podendo, mais vezes voltarei. Caminhos de terra batida, vegetação de mangue, e ninhos de pássaros que orlam as caminhadas. Mas quedê a pomba, a danada?
Aí pinta sinal de cavalos. Excrementos semeados pela estrada. Que revelam não mais do que singela cagada. Suspeita confirmada ao se verem espaçados, em corda pelo pescoço ou pé atrelados, equinos vários amarronzados. Para cavalgadas de aluguel são usados. E a pobreza da pastagem explicita a singeleza da compostagem. Mas não desmerece a viagem.
E agora, ao voltarmos, quatro que somos numa van, dois casais cinquentões e pra mais, eis que uma besta solta, ainda puxando a corda, as demais deixa em polvorosa. Trata-se de uma matriz, acompanhada pelo poltrinho de jeito de poucas semanas. Mirradinho, mas alerta, na batida certa, acompanha a mãe que serpenteia, zigue-zagueia e parece fazer festa enquanto passa frente aos amarrados
de ambos os lados pela estrada afora.
E eles lhe retribuem os cumprimentos, mesmo sem relinchamentos. São rabos que se levantam, narinas que parecem se abrir, clinas que se eriçam, e os machos, esquecendo-se que estão castrados, desembainham, apressados, suas peças confessas na volúpia da saudação equina, que ao coração alucina. E tudo se nota, mas nenhum comentário brota. Temos cento e tantos cavalos a nos puxar.