Consciência e Meio Ambiente
Questões ambientais e sociais deixaram de ser marginais ao negócio e passaram a ser essenciais, estratégicas. O conceito de sustentabilidade transcendeu a questão ambiental alcançando a social e a educacional. Responsabilidade na utilização dos recursos naturais, no consumo e trato com a sociedade, faz parte da administração moderna.
A preocupação com o meio ambiente e o ser humano é conseqüência da estranha modernidade que se observa, com o afastamento entre as pessoas e os povos provocado pela ignorância e preconceitos de toda a ordem. Ela poderá se transformar num fator de união de esforços para a melhoria das relações com a Natureza e entre as pessoas.
Desenvolvimento sustentável, além de responsabilidade social, crescimento inteligente e cuidado com o meio ambiente, deveria significar desenvolvimento humano, respeito às diferenças e fraternidade.
Nenhum país pode ser considerado desenvolvido ao arvorar-se à condição de manipulador de idéias e pensamentos para subjugar os demais. O mesmo acontece com as pessoas; a imposição é sinônima de impostura e presunção. Inteligência pressupõe exposição, ao invés de imposição.
A crise ecológica que presenciamos é conseqüência de uma grave crise humana e social. O ser humano desentendeu-se consigo , com os semelhantes e a Terra. As guerras e os graves problemas ambientais são as conseqüências desses desentendimentos.
A globalização é uma quimera. Os homens estão divididos social, racial, religiosa e geograficamente. No pequeno planeta criaram-se mundos distantes onde explorados e exploradores convivem numa aparente harmonia.
No dizer de Polibus, não existe testemunha tão terrível, nem acusador tão implacável como a consciência que mora no coração de cada homem. Diríamos que essa consciência, que pode ser conhecida e desenvolvida, a parte de Deus que habita cada coração, é para a qual cada homem haverá de prestar contas um dia, pelo que fez e deixou de fazer; a única, verdadeira e incontestável juíza que todos carregam consigo desde o instante que nascem e que pode ser ampliada no processo da vida através da evolução que implica a aquisição de conhecimentos. A questão do momento é sua ampliação, que muito tem a ver com a sede por eternidade e a fonte da eterna juventude que os antigos pressentiam e que nos permitirá projetar um futuro e construir um passado que poderá se converter num infinito presente que chamaríamos eternidade.
Quando boa parte da humanidade despertar do sono, da indiferença e da inconsciência, e aderir ao silencioso e crescente movimento em defesa do meio ambiente e do ser humano, a revolução ecológica – espiritual se fará sentir em muitas partes e será corrigido o rumo equivocado em que se lançou a humanidade pelos obscuros caminhos do materialismo e da ignorância. A nova cultura será o produto de uma grande revolução a ser travada no íntimo das pessoas. Mais do que informativa, ela será formativa, proporcionando a ampliação da consciência e o cultivo de pensamentos e sentimentos que unam as pessoas ao invés de distanciá-las, como têm feito a política, as fronteiras, as religiões e, sobretudo, as ambições desenfreadas que deverão ser substituídas pelo ideal de estudo e fraternidade. Além de cuidar do meio ambiente que o cerca, o homem aprenderá a cuidar do ambiente mental de onde provêm os pensamentos e as idéias que podem elevá-lo ou mergulhá-lo na escuridão.
O homem tem se afastado de si mesmo, dos seus semelhantes e de Deus por insistir em manter uma fé no que desconhece. Somente através do conhecimento poderá reencontrar-se e descobrir o Deus oculto em seu coração e nos de seus semelhantes.
Não bastam as leis se não há consciência e entendimento para que elas se cumpram, e homens de iniciativa, vigilantes, que colaborem para que o planeta e seus habitantes se recuperem.
Nagib Anderáos Neto
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