O PROTESTO DO MAR

O barulho das ondas arrebentando na praia e o vento frio que percorreu meu corpo, me fez voltar a realidade.

O que faço aqui, sentado na praia a essa hora da madrugada?

Ah! Foi aquele barulho estranho do mar que me acordou e fez caminhar até aqui!

Da casa não muito afastada, percorri rapidamente a distancia entre ela e a praia.

As árvores que beiram a rua tremiam sob a ação do vento. Uma rajada levantou poeira daquele chão batido e me fez proteger o rosto com as mãos.

Tudo estava deserto, somente eu caminhava em direção á praia e alguns cães vadios vagavam em busca de comida, Sentindo sob meus pés a maciez daquela areia fina e fofa entrei na praia e parei perto da linha d’água.

Sentei e fiquei onde estou agora, olhando o mar como se buscasse uma resposta para aquele barulho estranho..

No silencio da madrugada, as ondas cavalgam o mar no zumbido do vento e estouram na praia espalhando espumas dançantes no ar e aumentando o barulho.

Não entendia o que estava acontecendo

A lua, minha parceira solitária espiava de vez em quanto por entre nuvens aquele mar escuro. Alguma coisa brilhante balançando ao sabor das ondas, refletiu por alguns segundos a luz da lua e me chamou a atenção. Levantei-me e entrei no mar para ver o que era. Não havia dado mais que três passos, quando uma onda jogou aquela coisa contra meu joelho. Abaixei-me e peguei aquele objeto flutuante.

Era uma garrafa plástica. Olhei em volta segurando ela, e mesmo com pouca claridade pude ver muitas espalhadas pela praia.Todas devolvidas pelo mar. Saindo da água senti algo pegajoso em minhas pernas. Era óleo que estava também sendo jogado para a praia.

Então entendi o que acontecia. Aquele murmúrio do vento sobre as ondas e toda aquela agitação, que termina em estouro contra a areia da praia, é um pedido de socorro. O mar está inquieto, não se conforma com o que estamos fazendo com ele.

Aquela garrafa jogada em mim foi como se ele dissesse. -Pega essa porcaria que é sua e deixa de alterar minha água com esse petróleo.

O óleo que se espalha sem controle e o plástico, especialmente as garrafas, além de devastar a fauna marinha, diminui sua característica básica de trocador de calor.

Sentindo o estrago e antes que se torne um moribundo, ele implora pela razão humana e se revolta contra ela.

Pela proximidade do sol os oceanos ocupam a maior parte do planeta, servindo de criadouro marinho, e radiador da terra.

Como nos automóveis, para manter as temperaturas controladas. Quando cometemos essas atrocidades, como deixar jorrar óleo no mar e arremessamos todo tipo de plásticos, alteramos essa propriedade e comprometemos nossa própria existência.

Esta revolta do oceano, na verdade é um brado de alerta contra essa devastação.

Olhei novamente para o mar e levando comigo aquela garrafa plástica, caminhei de volta para casa.

Enquanto seguia de volta, lembrava de uma reportagem na televisão que falava da quantidade imensa de fragmentos plásticos que navegam sobre as águas, e os que estão depositados no fundo do oceano pacifico. É uma coisa cruel. Com todo o seu tamanho e força, o mar se sente impotente diante do poder destruidor do homem, seu único predador real.

Se todos nos acordarmos para essa realidade, ainda é possível evitar o pior. Nosso mundo é nossa casa, não temos para onde mudar.

A terra é um oásis no sistema solar. Não existe outro planeta com as características do nosso.

Por isso temos que zelar pelo nosso mundo para que a espécie humana tenha futuro.

Afonso Schneider
Enviado por Afonso Schneider em 09/12/2012
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