MANIFESTO ECOLÓGICO

O nosso meio ambiente está sendo devastado aqui, ali e acolá. O crescimento econômico a qualquer custo, a ritmo desenfreado, sem considerar as exigências básicas de conservação e proteção ambientais, constitui-se em grande ameaça à vida. Em todos os cantos do planeta os danos ao ambiente são evidentes e irreparáveis.

Enquanto cresce o PIB – produto interno bruto - dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, enquanto cresce a economia mundial globalizada e economias emergentes se estabilizam, paradoxalmente, inexplicavelmente, cresce a miséria em proporções alarmantes.

Que sistema é este que concentra a riqueza e o poder, globaliza a miséria e destrói o ecossistema?

Que sistema é este que caminha célere para o caos, arrastando a humanidade para uma possível destruição, para uma possível hecatombe?

Diante desta ordem ou desordem mundial com suas contradições transparentes, nós, os cidadãos e cidadãs, não podemos ficar a espera de que o pior aconteça; temos que buscar a cada passo melhorar nossas relações com o meio ambiente. Temos que refletir que a peça de reposição para os bens naturais é a consciência cidadã de conservação e preservação, mas precisamos todos refletir que, aliada a esta consciência ecológica, necessariamente é urgente a conscientização política. Pois a miséria política produz a miséria social que mais paradoxalmente ainda é um cabide para a manutenção do poder nas mãos das grandes corporações que atualmente regem o mundo. Faz-se fundamental compreender que, na conjuntura mundial atual os governos só governam o caos que é produzido pelo modelo excludente e tirano do grande capital. Os governos não são poderes de fato, com capacidade e decisão para superar a corrida desenfreada do crescimento a qualquer custo, que não significa desenvolvimento.

Somente uma consciência política-ecológica poderá dar novo rumo a humanidade, salvá-la da catástrofe, recuperar e renovar os valores que dão sustentação à vida.

Num mundo de economia globalizada dominado pelos conceitos perversos do neoliberalismo podemos prever mais concentração da riqueza, mais automação (que não é um mal em si) – bastaria que o ser humano fosse colocado em primeiro plano -, mais terceirização e menos emprego; mas se faz mister também refletir que este processo determinista não é inevitável. Se faz fundamental que não fiquemos paralisados: a paralisia do pensar e agir, esta sim é a dose mais forte do inevitável! Os recursos tecnológicos tanto servem para por fim ao planeta como servem para produzir mais qualidade de vida e recuperar os recursos naturais que ainda resistem a estagnação e destruição completa. Depende da filosofia de quem os conduzem, dos que governam o mundo, no sentido de não se deixarem governar pelas grandes corporações transnacionais.

Em vista deste quadro de globalização da barbárie que estamos vivendo, onde a violência campeia, onde a ética e a moral pública se fazem escassas, onde a banalização da vida e a cultura de morte prevalecem, os movimentos sociais não podem ficar reféns das políticas ambientais compensatórias do grande capital, que são meramente mantenedoras do status quo. Mantedoras de um faz de conta, de uma situação que não melhora mas que o sistema capitalista na sua esperteza enpacota e vende até a ilusão. E ficamos todos a consumir a mentira e a ilusão, de que a grande industria vai se tranformar na vanguarda da educação ambiental, mesmo que esta inciativa siginifique altos investimento, aumento dos custos de produção e consequentemente diminuição nos lucros. Ora, alguém acredita nesta conversão?

Precisamos sim abraçar a ecologia como fonte inspiradora do agir, que se renova, se reproduz e resiste as intempéries naturais e deliberadas. Abraçar a ecologia significa abraçar a humanidade toda, que na sua ânsia de paz nega este sistema que é baseado na disputa, na concorrência, no salve-se quem poder e que por essa razão é a causa da desordem, do desequilíbrio e de todos os males.

Abraçar a ecologia é abraçar a vida, é compor a cada passo de nossa ação terrena, um poema de amor a vida e aos valores que fazem do ser humano criaturas da natureza, que cria e recria, transforma e inventa novas tecnologias de reprodução e conservação solidárias da vida em comunidade.

Lutemos e oremos pela Terra, em defesa da vida!