RIO ESPERA, MINHA QUERIDA TERRA NATAL

Tenho produzido muitos textos no decorrer de minha vida e publicado aqui no Recanto das Letras. Crônicas, poemas, cartas, pequenos contos e também conteúdos biográficos. No entanto, não tinha me debruçado ainda sobre as origens de minha terra natal, tão querida - Rio Espera - município tão singelo das Minas Gerais. Tampouco tinha ainda divulgado, em algum lugar, a história do berço deste modesto e simples autor.

Depois de ler algumas passagens do livro Sina Cigana, cujo escritor é meu distinto amigo, William Santiago, através das quais faz ele referência tão carinhosa à sua terra natal, – Pitangui-MG, Sétima Vila do Ouro –, invejei-me do companheiro e achei que seria a oportunidade de fazer uma pesquisa sobre a cidade onde nasci. Daí resolvi chamar minha cidade de Terra do Senhor da Paciência.

Busquei na internet informações sobre a cidade. Quero destacar aqui, dentre muitos, este texto publicado no site https://guiadaestrada.com.br/listings/historia-de-rio-espera/

“Rio Espera é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Sua população estimada em 2004 era de 6.676 habitantes.

Encontra-se na Zona da Mata, dentro da região do antigo Queluz de Minas, atualmente, o Alto Paraopeba – onde também ficam as cidades de Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, Itaverava, Catas Altas da Noruega, Piranga, Lamim, Senhora de Oliveira, Capela Nova, Carandaí, Cristiano Otoni, Santana dos Montes, Casa Grande, Queluzito, Entre Rios de Minas, Desterro de Entre Rios, Jeceaba e São Brás do Suaçuí.

A região foi, primitivamente, habitada pelos índios Croatas e Puris, de origem Tupi. Em 1710, o bandeirante Manoel de Melo, depois de passar pelo arraial de Itaverava, atravessou a barco a antiga região de Guarapiranga, que por causa do Rio Piranga, passou a chamar-se Piranga e chegou a um local que achou apropriado para servir como ponto de espera de seus chefiados, exploradores paulistas que foram divididos em três grupos e partiram em rumos diferentes.

Depois do retorno do grupo, Manoel de Melo, encantado com a beleza do local marcado para espera dos seus liderados, e percebendo que o mesmo centralizava todo um potencial de expansão de exploração, foi a Itaverava, a fim de comprar provimentos e em 1711, retorna, lançando nele os fundamentos de uma fazenda, onde começou suas explorações e pesquisas. Encontrou algum ouro de aluvião, mas não tendo a sua extração dado lucros, passou a se dedicar à agricultura, cultivando cereais como arroz, milho, feijão e produtos de pequena lavoura, como verduras e legumes, tudo feito com muita dificuldade, pois a atividade era exercida por processo muito rudimentar.

Para tanto, foram trazidos para a região escravos africanos, já encontrados no seu primeiro meio século de existência. Eram numerosos e contribuíram muito para o progresso que, pouco a pouco, se notou no povoado. Os habitantes, animados com o desenvolvimento, requereram ao Bispo de Mariana permissão para ser erigida uma capela em honra a Nossa Senhora da Piedade.

Curiosamente, na primeira vez em que foi concedida, a permissão não foi aproveitada, porque houve desavenças com o abastado português Francisco de Souza Rego, que desejava que a capela se localizasse em sua fazenda, onde hoje, é o município de Lamim, resultando no desaparecimento do documento da Permissão. No entanto, o Bispo, novamente solicitado, fez nova concessão.

Assim, em 1760, foi demarcado o lugar para a construção da capela, tendo esta sido concluída depois de 5 anos. A primeira missa foi celebrada em dia 25 de dezembro de 1765, pelo padre Manuel Ribeiro Taborda, primeiro vigário de Itaverava.

Em volta da Capela, onde é a atual Praça da Piedade, ponto central do antigo povoado, nasceu o distrito de Piranga, que, primeiro, chamou-se de Nossa Senhora da Piedade da Boa Esperança e, criado pela Lei Provincial nº 471, de 1 de junho de 1850 ou 1858, confirmada pela Lei estadual de nº 2, de 14 de setembro de 1891. A cidade que hoje tem o nome de Rio Espera foi criada pela Lei estadual nº 556, de 30 de agosto de 1911, com o desligamento territorial da cidade de Piranga.”

Acrescento ainda informação importante publicada em https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2017/05/03/interna_gerais,866563/pericia-aumenta-esperancas-de-moradores-de-reaver-peca-atribuida-a-ale.shtml.

Aleijadinho morou em Rio Espera. Que orgulho foi para a cidade! Veja essa matéria encontrada na mídia:

"Os moradores de Rio Espera, na Zona da Mata, não desanimam de ter de volta, nos altares, a imagem de Cristo da Paciência ou Nosso Senhor da Paciência, atribuída a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814) e em poder de um colecionador de obras de arte de São Paulo (SP). "

Tenho certeza de que o leitor, após ter visto um pouco da história de minha terra, pôde observar que Rio Espera tem um enredo cheio de curiosidades.

Acompanhando meus pais, em 1954, finquei raízes em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, deixando para trás minha terra natal. Apesar de tê-la abandonado muito jovem, a saudade é grande. Saudade da Piteira, lugarejo de Rio Espera, onde nasci. Saudade maior dos meus pais que, aproveitando a citação encontrada no texto, exercia suas tarefas, com muito sacrifício, valendo-se “....de pequena lavoura, como verduras e legumes, tudo feito com muita dificuldade, pois a atividade era exercida por processo muito rudimentar.”

Sei que muitos de meus conterrâneos, como eu, não tinham conhecimento de tantos detalhes de nossa querida Rio Espera - Terra do Senhor da Paciência. Por isso, tenho certeza de que essa leitura terá sido útil e agradável.

LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA
Enviado por LUIZ GONZAGA PEREIRA DE SOUZA em 26/07/2020
Reeditado em 21/09/2023
Código do texto: T7017323
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