Brasões e nomes de família

Embora meio fora de moda, muitos, ainda hoje, se vangloriam de serem descendentes da nobreza, de barões, condes, marqueses ou até de reis e para provar exibem os brasões de família.

Outros, que acham ser descendentes de nobres, mas não tem nenhum indicio, buscam por ancestrais na internet e quando não encontram nenhum vestígio de alta estirpe vão a procura de gurus ou hipnólogos para consultar vidas passadas e ver se, pelo menos, em outras vidas, foram nobres.

Nada contra a nobreza e muito menos contra antepassados que grandes coisas fizeram ou que foram exemplos de honestidade e retidão. Mas apenas lembrar que muitos nobres foram decapitados, presos ou exilados por motivos de traições, subornos ou outros crimes que cometeram.

Aliás, se formos buscar por crimes na nobreza, certamente não escapará uma dinastia. Quem conhece um pouco de história, sabe que castelos, reis e cortes sempre foram sinônimos de complôs, intrigas, assassinatos, incestos, adultérios, amantes, guilhotinas e forcas.

Além disso, todo mundo sabe que a maioria dos títulos de nobreza foi simplesmente comprada, e o pior, com dinheiro de origem duvidosa.

Conta uma lenda, que no tempo em que os bichos falavam, um mercador conduzia um bando de gansos em direção ao mercado onde seriam vendidos para o abate nos dias das festas que estavam próximas.

Acompanhava-os um cão que mantinha o bando no rumo, e os gansos falavam entre si: Pois é, se o mercador soubesse que nós somos descendentes dos famosos gansos de Roma, que outrora com seus alardes despertaram a população prevenindo a cidade contra o ataque dos bárbaros, e que por isso, os nossos antepassados foram condecorados como heróis, certamente haveria de nos poupar da panela.

O cão que a tudo ouvia, entrou na conversa e ponderou: De fato no passado seus ancestrais fizeram um ato heroico, e vocês o que fizeram? Nós nada fizemos, responderam os gansos. Então o cão sentenciou: Se não fizeram nada por merecer, o destino de vocês é a panela.

Não chame para si as glórias dos seus antepassados, se eles fizeram um nome faça o seu nome também, seja honesto, responsável e benevolente. Trate todas as pessoas, ricos e pobres com amabilidade, não lhes negue um cumprimento, e todos verão florir o bem que você semear nas terras por onde passar.

Tenha em mente, que por mais nobre e rica que seja a sua estirpe, se você cair em desgraça, isto é, ficar pobre, não vai ser o nome dos seus antepassados que vai te salvar, pois vai ter que trabalhar para ganhar o pão de cada dia.

Por outro lado, de que vale uma assinatura ou um título de nobreza para quem tem que levantar cedo, ir para o trabalho, ganhar uma mixaria por mês e ainda ter que pagar aluguel?

Faço essas observações, porque para sociedade, quem não tem o vil metal é apenas um pé de chinelo, ou no máximo um ilustre João Ninguém.

É por essas e outras que não saio por aí a me vangloriar de ser um descendente da real e milenar dinastia Merovíngia.

Jhon Macker
Enviado por Jhon Macker em 31/05/2020
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