A hipocrisia social exposta: Paraisópolis o estudo de caso

Essa semana houve essa barbaridade em Paraisópolis, São Paulo, alguns jovens morreram outros ficaram feridos num desses bailes funk da comunidade.

Esse episódio serviu para mostrar como funciona de fato o sistema. Como são tratados pobres e ricos. Pretos e brancos. Moradores de bairro nobres e de comunidades.

Não meu amigo, não caia no discurso mentiroso de muitos que estão dizendo que a polícia agiu com truculência e covardemente porque havia muita droga no local. Em todas as festas de jovens rola drogas independente da classe social e da cor predominante das pessoas no local. O que muda é o tratamento dado a jovens ricos e pobres, a negros e brancos, a moradores de condomínios de luxo e os de favelas.

Emicida já nos informava: "No Brasil, existe pele Alva e pele Alvo".

Já Célia Groppo afirma que: "A Diferença entre baile Funk e Rave é o CEP, a grana e o preconceito".

Pois no CEP, o endereço, onde vive e frequenta os mais ricos, a polícia não chega atirando, não invade casas sem mandado judicial, nem chama pessoas de vagabundo ou coisa pior, pelo contrário, chama de senhor, senhora e senhorita.

Os bailes funks são regados a maconha, cocaína e "balinhas", da mesma forma que as Raves dos playboys são regadas a drogas sintéticas, como êxtase, LSD e muito pó.

Como também é regado de drogas os caríssimos Rock in Rio e o Lollapalloza. Mas eu duvido que passe na sua mente pelo menos em sonho, que policiais invadam esses festivais de ricos armados atirando em filhos de juízes, promotores, políticos e da alta sociedade. Claro que isso é tão impensável como impraticável.

A classe social a qual pertencemos e a cor da pele que carregamos sobre nossos corpos dizem qual será o tratamento que receberemos, tanto dos órgãos de segurança do estado, ou de uma loja que entramos para comprar algo. Quantos têm histórias para contar que foram mal tratados por serem negros ou por estarem "mal" vestidos numa loja comercial, nem receberam atendimento dos vendedores. Tentar negar essa realidade social e racial é tapar o sol com a peneira da hipocrisia!

Se nunca te contaram eu vou dizer: sabe por que pedem seu currículo com fotos? Para muitos patrões racistas excluírem os negros das vagas de emprego que oferecem ou daqueles que eles consideram não apresentáveis para sua empresa, loja ou comércio. A foto no currículo é uma maneira de disfarçar o racismo e a discriminação de muitos empregadores.

Toda semana eu faço caminhada de São Cristóvão a praia do Forte, no município de Cabo Frio RJ, com meu amigo Lídio, morador de uma comunidade em Cabo Frio, sempre conversamos e contamos os inúmeros carros de polícia no entorno da citada praia e dos bairros nobres da cidade. Percebe-se claramente que a principal função da corporação é ser segurança de ricos, enquanto as comunidades e bairros pobres ficam entregues a Deus dará. Só se vai lá de vez em quando. Fixo mesmo e com patrulhamento ostensivo só na parte nobre. Só onde moram a elite. Esses devem ter sua vida e patrimônio preservados. Os demais... ah, esses são na sua maioria pobres, negros e pardos; não merecem e não são dignos da mesma proteção estatal.

A coisa mais horrenda e desumana é fingir que não existe racismo e discriminação social, que as pessoas não são julgadas por onde moram, pelo que possuem e pelo seu fenótipo.

Enquanto houver racistas, xenófobos, discriminadores e preconceituosos, eu me levantarei para denunciar a hipocrisia social. Para confronta-los e denuncia-los. Como diz Eduardo Marinho: "Sei que não verei um mundo justo. Mas se eu não trabalhar em prol da justiça, minha vida não terá sentido".

Obs.: Texto escrito em 05/12/2019, sobre a ação policial em Paraisópolis, São Paulo, que resultou em 9 mortos e alguns feridos.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 13/04/2020
Reeditado em 24/10/2020
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