O aumento do Feminicídio no mundo em Tempos de Quarentena

Há aproximadamente duas semanas, tenho me atentado para os números da agressão contra a mulher nesses tempos de isolamento social, é fato que durante este período a violência doméstica cresceu no mundo.

Eu já afirmei em outro artigo, que a violência contra as mulheres não possui classe social, não está circunscrita à determinada região ou país, nem à renda alta ou baixa. Simplesmente está em todo o lugar. Do Japão ao Brasil, da África à Oceania.

A misoginia que é a discriminação contra as mulheres está difundida em todo o Globo e existe há milênios, sendo reforçada pela cultura patriarcal e as religiões, que notadamente, tratam a mulher como ser inferior, submisso e incapaz em relação ao homem.

Nadine Gasman, porta-voz da ONG Mulheres no Brasil, disse: que “A violência contra as mulheres é uma construção social, resultado da desigualdade de força nas relações de poder entre homens e mulheres. É criada nas relações sociais e reproduzida pela sociedade ”.

O feminicídio normalmente é cometido por homens, mas, algumas vezes, também envolve membros da família da vítima – inclusive do sexo feminino. Ele difere do homicídio masculino, pois a maioria dos casos de feminicídio é cometido por parceiros ou ex-parceiros e pode envolver o abuso contínuo em casa, com ameaças ou intimidação, violência sexual ou situações onde as mulheres têm menos poder ou recursos que o homem.

Dados do Ministério da Saúde afirmam que no Brasil a cada 4 minutos uma mulher é agredida por um homem. Violência se dá em casa, com agressor conhecido. Em 2018 foram registrados 145 mil casos de violência contra a mulher, podendo ser agressão física, psicológica, sexual ou uma combinação delas. E se formos analisar as vítimas que faleceram esse número cresce mais, pois casos de feminicídio não são contabilizados nesse índice. Há também as mulheres que não fazem a denúncia por medo do agressor ou mesmo vergonha.

A Justiça do Rio de Janeiro registrou um aumento de 50% nos casos de violência doméstica durante o período de confinamento para evitar a disseminação do Covid-19 .

O movimento no Plantão Judiciário, inclusive, surpreendeu as autoridades. A maioria das pessoas que buscaram ajuda da Justiça é de mulheres vítimas de violência.

Os Estados Unidos admitem o assustador número de violência doméstica, na Índia o número dobrou, no mundo todo os casos cresceram de maneira assustadora durante a quarentena. A ministra Damares Alves, falou que o governo vai criar um aplicativo para denunciar esse tipo de violência que foi o que mais cresceu no Brasil nesse período de confinamento. Pois deixar a vítima e o agressor confinados no mesmo local por um período enorme e que não se sabe quando acabará, só poderia de fato elevar os números da violência contra as mulheres.

É certo que a humanidade sofre com a contaminação do novo coronavírus, está na chamada “sinuca de bico”, é como diz o adágio popular “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. Por enquanto, o que pode ser feito para conter os números da contaminação e consequente morte de milhões de pessoas é o isolamento social, embora isso acarrete problemas socioeconômicos terríveis, como aumento da miséria e da fome e até a violência doméstica.

Espero que a pandemia do Covid-19 melhore a humanidade, nos torne mais solidários, humano e compassivo. Pois pior que já está não pode ficar!

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 12/04/2020
Reeditado em 29/12/2020
Código do texto: T6914811
Classificação de conteúdo: seguro