Étienne de La Boétie, reflexão a respeito do livro, O que é a servidão voluntária.
Reflexão hermenêutica formulada a partir da era pós contemporânea, por Edjar Dias de Vasconcelos.
Étienne de La Boétie, 1530-1563, filósofo humanista francês, reflete a respeito como as pessoas aceitam a dominação.
Qual é o fundamento do domínio político, por que as pessoas aceitam a exploração econômica.
Aceitar a exploração como mecanismo de empobrecimento, é a revelação de uma sociedade com transtornos mentais.
A resposta dada, a dominação econômica só é possível pelo fato que a sociedade dá legitimidade aos dominadores, aceitando a referida, por um processo cultural de alienação, covardia e medo de lutar.
A dominação política de uma sociedade só existe em razão que as pessoas foram bestializadas, por um mecanismo natural cultural.
Desde modo, os indivíduos comportam como bois, a procura mínima de pastagem, tem sido desta forma, historicamente em diversas civilizações.
Não existe nenhum outro modo de dominar um povo, a não ser através da manipulação da consciência coletiva bestializada.
Deste modo, são estabelecidas as relações sociais no tecido social, garantidas pelas instituições políticas.
Para Boétie, o bestializado não muda o comportamento de subserviência, a não ser que sofra uma revolução cognitiva, na compreensão de como se efetiva a própria dominação.
Desta forma, quem sustenta a tirania são os súditos, denominados e explorados.
Étienne defende a ideia que o costume cultural, por meio da ignorância mantém o mecanismo da miséria social.
Não é possível uma nação manter seu povo pobre a não ser através da bestialização da sociedade, apenas o imbecilizado aceita ser miserabilizado.
Não há mudança social política com um povo ignorante, todo bestializado ideologicamente defende o dominador e tem como prática, rejeição a libertação.
Com efeito, deste modo, funciona a memória coletiva de uma sociedade bestializada.
Interessante Boétie desenvolve a referida reflexão na passagem do feudalismo para o Estado moderno, momento ainda em que o liberalismo econômico não se tinha estabelecido como fundamento do Estado moderno.
A importância do entendimento, a razão da dominação ser aceita voluntariamente, faz parte do mundo cultural dos dominados.
Portanto, uma revolução política institucional só será possível, se a razão voluntária for revolucionada cognitivamente na superação do fenômeno da bestialização.
Tal fato poderia acontecer por meio da escola pública, no entanto, a educação reforça ideologicamente o fenômeno da imbecilização da sociedade voluntaria, aceitando continuamente, a dominação econômica, como algo essencialmente natural.
Em síntese o que pode se concluir o bestializado não tem futuro social em uma sociedade neoliberal, entretanto, imagina que seu futuro econômico depende da efetivação do neoliberalismo.
Portanto, o que acontece hoje no Brasil, através da mística do anti petismo, desenvolve-se o fenômeno pentecostal da bestialização cultural.
A religião como instrumento cultural da dominação dos pobres, como se solução econômica para nação dependesse da fé e não da ciência.
Edjar Dias de Vasconcelos.