Batman está mais presente em nossa realidade do que podemos imaginar

O que um garoto que vê os pais serem assassinados na sua frente tem em comum com nosso cotidiano? Muita coisa. É a forma mais humana de dor e desamparo. E se essa criança resolve usar da sua dor para punir aqueles que ele julga como merecedores? Fazemos isso o tempo todo, mesmo que inconscientemente.

Bruce Wayne decide que nunca mais irá deixar que ocorra algo semelhante ao que lhe ocorreu, mesmo sendo uma tarefa humanamente impossível. Passa a compartilhar seu medo de morcegos com os criminosos que combate, para que isso se torne um símbolo, algo a temer. Seu luto e raiva se tornam presentes a cada batalha, ferimento e perigo. É como um ciclo de controle dessa dor, pois no fundo ainda há aquela criança sem brilho nos olhos, sem perspectiva do que fazer em seguida.

Vestindo a máscara do morcego, mas também a do dinheiro, como um playboy para o qual nem o céu é o limite, ele encontra a saída perfeita para uma sociedade cheia de padrões, que exige a felicidade e ignora os problemas. Cercado de pessoas que compartilham de sua vida, essas muitas vezes são trazidas com uma desculpa de acolhimento, moldada numa discreta sombra de obsessão para que as mesmas possam sentir e agir da mesma forma. Não é intencional, mas nessa loucura, muitos se machucam em nome dessa razão, de um bem maior, que é proteger a cidade. Lar. Para isso, Batman nunca mediu esforços ou consequências.

Não é preciso conhecer ou gostar de histórias de super-heróis para perceber que assim somos nós também. Traçamos metas, buscamos soluções e não controlamos nossas emoções. Todos possuímos nossas máscaras de morcego, a qual nos escondemos e ao mesmo tempo compartilhamos nossos traumas, digerimos nossa dor e procuramos algo ao qual nos apegar. A criança assustada está presente no interior de cada um.

E essas máscaras nos tornam reféns, dependentes de respostas para nossas próprias questões, não importam os meios, pois estamos cegos pela motivação de uma solidão que não acaba. E nisso, machucamos quem mais importa. Não há diferença se sua verdade é bater em criminosos ou colecionar figurinhas. São apenas variáveis por trás da mente.

Todos temos um pouco de Bruce Wayne em nós, porque isso não é ser herói, é ser humano. E a vida é sua história, em alguns momentos de terror, mas em outros, de glória. Resta saber quanto tempo queremos permanecer em uma caverna individual.

Gustavo B
Enviado por Gustavo B em 23/10/2019
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