Explicação do Filme o Nome da Rosa, matéria para concurso público.

Aconteceram mortes inexplicáveis em um convento beneditino na Itália no período da baixa idade média, os monges aparecem sempre com os dedos e a língua roxos.

Era o sinal da maldição demoníaca. No convento uma grande biblioteca, onde poucos padres tinham às publicações sacras e profanas.

Foi designado pelo Vaticano, um padre Sean Conery com a missão de descobrir as razões das mortes, foi estabelecido o tribunal inquisitório.

A Baixa Idade Média século XI ao XV, a determinação política revelava a desintegração do feudalismo, início da construção lenta de um novo Regime, nascia o capitalismo produto da revolução comercial.

Tiveram grandes mudanças nesse período em referência: o início da formação do capitalismo na Europa Ocidental.

A origem do comércio, a questão da moeda, o surgimento da projeção da burguesia e sua aliança com o rei.

O nascimento das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas à separação do ocidente, através do protestantismo iniciado pela reformada desenvolvida por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.

Do ponto de vista da cultura surge o movimento renascentista que nasceu em Florença, especificamente no século XIV e se difundiu pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI, o princípio de uma grande revolução cultural.

O renascimento, movimento cultural e filosófico procurou resgatar do mundo antigo greco-romano os valores antropocêntricos e racionais.

Portanto, conjugados com o período citado entraram em contradição com o teocentrismo e o dogmatismo medieval sustentado pela Igreja, por uma exegese extremamente conservadora.

No filme o nome da rosa, o padre é um monge esclarecido apresenta como intelectual o momento do renascimento, tem postura humanista e racional consegue desvendar a verdade, por trás dos crimes.

A questão fundamental é o período de transição que justifica um novo tempo histórico. A mudança de Regime.

O que estava em jogo são os elementos formadores da nova cultura, o nascimento do pensamento moderno, o grande período da transição, o fim da idade média e o nascimento da sociedade moderna.

O filme é explicado como metáfora filosófica, metafisicamente, a busca da verdade e a tentativa de explicar a solução do mistério, a partir de um novo método de investigação, o método empírico indutivo.

O padre Guilherme de Bascerville cumpre o papel de detetive, ele é também filósofo, examina, questiona e, por fim, com seu método analítico, desvenda o mistério.

Portanto, tudo é entendido, a questão a superação da sociedade feudal que começava entrar em decadência.

Tempo histórico ano 1327, a alta Idade Média, retoma-se o pensamento de Santo Agostinho 354-430, último filósofo antigo e o primeiro dos medievais.

Com efeito, ele foi responsável pela construção da mediação da filosofia grega como fundamento do cristianismo com a cultura ocidental que dará posteriormente a origem à filosofia medieval.

A partir da releitura de Platão ou do neoplatonismo com o cristianismo. As teses de Agostinho como fundamento, a questão da alma separada do corpo, ajudava a entender o que se passava na biblioteca secreta do mosteiro em que se realiza o filme.

Santo Agostinho estabelece precisamente que os cristãos podem e devem tomar da filosofia grega pagã tudo aquilo que for importante e útil para o desenvolvimento da doutrina cristã, mas apenas o que for necessário, essa é a lógica da compreensão literária da explicação.

Desde que seja compatível com a fé isso vai constituir em critério objetivo para a relação entre o cristianismo e a teologia, o fundamento da doutrina cristã e a Filosofia no campo da Ciência dos antigos.

Motivo pelo qual a biblioteca tinha que ser secreta, porque nela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval.

O acesso à biblioteca é proibido, existe ali um saber que é ainda estritamente pagão especialmente os textos de Aristóteles, e que pode ameaçar a doutrina cristã, o aristotelismo separava a alma do corpo, essa acepção estava perto do materialismo.

Como diz no final o Jorge de Burgos, o velho bibliotecário, comentador ao que se refere a respeito do texto produzido por Aristóteles, seu conteúdo sistemático poderá fazer as pessoas perder o temor a Deus e, necessariamente fará destruir o velho mundo.

Foi nos séculos XII e XIII o nascimento da escolástica, o contexto elaborado filosoficamente e teologicamente nas disputas ideológicas que se deram na abadia, onde se realizou o filme. O Nome da Rosa.

A etimologia escolástica quer dizer objetivamente o saber da escola, um saber que didaticamente se formata em torno de teses fundamentais de um método diferenciado que é compartilhado pelos principais pensadores da época. O mundo era aristotélico.

A influência de um saber muito importante para o período correspondia exatamente com ao pensamento de Aristóteles, reformulado exatamente pelos árabes muçulmanos, que traduziram suas obras para o latim.

Tais obras continham saberes filosóficos e científicos da antiguidade, que despertariam imediatamente interesse pelas inovações científicas decorrentes e que acabaria com a metafísica. Esse era o grande perigo.

A consolidação política e econômica do novo mundo europeu fazia com que houvesse uma maior necessidade de desenvolvimento científico e tecnológico, sem dúvida era o caminho percorrido.

Na arquitetura e na construção civil, com o crescimento das cidades e fortificações; nas técnicas empregadas nas manufaturas e atividades artesanais, que começam a se desenvolver; na Medicina e Ciências relacionadas.

O saber aplicado à técnica-científica o mundo europeu já não era nesta época restrito e a contribuição dos árabes tinha sido fundamental para o desenvolvimento.

Os conhecimentos de que dispunham no uso da matemática, das ciências físicas, a química, astronomia, medicina e da filosofia, o pensamento oriental estava determinando a cultural ocidental.

Avicena e Averróis tinham formulado um novo Aristóteles, O pensamento agora aristotélico será marcado pelo empirismo e o materialismo, o princípio de novos preceitos para revolução renascentista.

Então o enredo acontece-se no ano de 1327, em um monastério da Itália medieval. A morte de sete monges em sete dias cada morte de forma inesperada, as ações são atribuídas a um determinado monge, com efeitos satânicos.

Este filme é a revelação da vida religiosa no século XIV, que demonstra os movimentos heréticos desse tempo, a explicação do pecado e como a visão se prende a um tempo histórico e reagem as possibilidades da mudança.

O nome da rosa centro do romance, revelado a antiga biblioteca de um convento beneditino, lá estavam guardados, grande número de livros, códigos preciosos.

Portanto, parte significativa da sabedoria grega e latina que os monges conservaram através dos séculos, o que não poderia ser mudado jamais pela superação das antigas e medievais filosofias, principalmente a filosofia aristotélica.

O nome da rosa um romance elaborado, numa linguagem do seu tempo com impregnações teológicas, referências em latim, o que era comum à época.

Revelam também os conflitos no seio dos movimentos heréticos, a luta permanente a mistificação do poder, sua relação como instrumento divino, à queda inevitável de um modelo político contraditório, o Antigo Regime.

A mudança explicada como produção satânica e também os comportamentos provenientes da nova compreensão cultural.

O pensamento do modelo dominante, que queria continuar dominante, para tal era necessário à permanência da filosofia aristotélica como explicação do mundo, o racionalismo cartesiano seria o diabo solto na casa de Deus.

Era mais que necessário impedir que o conhecimento fosse acessível a quem quer seja, aqueles que liam os livros que representavam a nova mentalidade.

Deste modo, como castigo eram envenenados pelas páginas como ação do demônio e morriam como se o pensamento fosse à ação do próprio diabo.

O entendimento para poucos representava o domínio do poder a continuidade das trevas, a ignorância era necessária, a filosofia renascentista não poderia prevalecer, o diabo estava solto, na nova revolução cultural.

Em 1327 William de Baskerville um padre franciscano, e Adso Von Melk Christian Slater noviço chegam ao mosteiro no norte da Itália, entendem que o que está acontecendo é uma revolução imprescindível na história do ocidente, sem volta, e, não a ação do demônio, uma revolução cultural e política.

William de Baskerville discorda da ideia Bernardo Gui F. Murray Abraham, o Inquisidor, que estava preparado para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido às mortes em nome do diabo.

O que estava em jogo era a destruição do pensamento de Aristóteles através da revolução cultura que se iniciava.

Uma guerra de ideologias entre franciscanos e dominicanos, travada pelo motivo dos assassinatos, quando na história real dos supostos crimes era apenas uma analogia para entender metaforicamente a revolução cultural.

O movimento aristotélico, a visão de mundo tomista, estava definitivamente em crise, motivo da reação da inquisição, o mundo que nasceria deveria certamente ser outro.

Como de fato estava sendo, completamente diferente do Velho Regime, surgiram às diversidades de interpretações, analíticas e racionalistas aplicadas ao novo modelo.

Mas tanto a Patrística como a Escolástica sobreviveram apenas ao mundo da ignorância e da superstição do misticismo religioso, nenhuma teologia suportaria o que veria depois com o método empírico indutivo desenvolvido pela ciência moderna.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 12/10/2019
Reeditado em 12/10/2019
Código do texto: T6767804
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