O passamento do tempo inexistente.
O mundo não foi feito por mim, tão pouco importa com a minha existência.
Tanto faz existir ou não.
Tenho a sensação que não estou no mundo, que não faço parte dele, a qualquer momento devo deixá-lo.
Quando acontecer tal fato é como se nunca tivesse existido.
Com efeito, sou apenas o meu momento no mundo, como parte do meu instante perdido continuamente.
Portanto, o mundo é o futuro da minha ilusão, como se o futuro não fosse o eterno instante.
A não existência do passado, a impossibilidade do futuro, a continuidade do instante, a sua eliminação no presente.
Desse modo, a não existência do tempo, sendo assim, também não sou existente.
Apenas a ficção do presente, reduzido a minha pessoa ao meu próprio entendimento.
A cognição alienada em referência a compreensão, então sou a escuridão da luz.
Um contra ponto da reflexão exegética.
Quem sou eu, o não entendimento do que sou, sendo o mundo a redução da minha cognição.
Em qualquer momento não serei mais, pois passou o meu instante, sendo a minha presença a existência continuada no meu passamento desconstruído.
O que eu poderia ser, além da revelação da intuição hermenêutica, o destino propositado na esperança imaginada.
Em relação ao instante perpetuado, não serei nem mesmo o desejo das proposições.
A fluidez do momento, a descontinuidade permanente, os sinais desaparecidos, a restará a minha pessoa, apenas o desejo de ser, como vontade das insinuações metaficisadas.
A existência é o desejo de ser, o que não poderei ser, devido a inexistência do tempo.
O que sou então, o passamento do tempo inexistente, fluido na ideologia descabida dos sonhos metafóricos.
Edjar Dias de Vasconcelos.