"PERIGOS DA FELICIDADE."
Talvez, nunca antes na história da humanidade a busca pela felicidade foi tão desejada e aclamada como tem sido na atualidade. Vale lembrar que o conceito de felicidade que os antigos tinham era totalmente diferente do que nós, os chamados pós modernos, temos. Eles compreendiam felicidade como algo mais do ser que do propriamente do ter ou do aparecer como acostumou-se na modernidade a crer. Isso é necessário esclarecer. Mas, fato é que a todo momento somos bombardeados por publicidades a respeito da felicidade. "Compre isso, adquira aquilo, seja aquilo outro, etc, inundam diariamente nossas telas de celulares, smartpfones e computadores. Sem falar das diversas religiões e ideologias políticas que a seus métodos e modos também vivem a explorar-la. Com isso, expressões do tipo: "Seja feliz, você tem direito de ser feliz, você tem que ser feliz, etc, são cada vez mais recorrentes em nossas sociedades plurais. O mais paradoxal desta visão de mundo é que quanto as pessoas buscam ser felizes, mais parece que estão se tornando infelizes. É um "fenômeno" que os estudiosos dos comportamentos humanos poderiam explicar melhor. Outro problema é que ao deseja-la de forma desenfreada e pouco ou quase nada raciocinada, muitos ignoram fatos e realidades imprescindíveis para esta "caminhada." Pense, por exemplo, em uma pessoa (homem ou mulher) que já cansada da sua vida conjugal decide buscar esta tal felicidade (que é um direito dela) com outra pessoa e, se desfaz "do dia para noite" do seu relacionamento atual. De acordo com este pensamento do: "seja feliz a todo custo," não importa muito às consequências que isso trará, pois o importante mesmo é o que coração apaixonado passará a gostar. Infelizmente, a nossa sociedade ocidental tem pautado sua existência em meros sentimentos e emoções. São eles que na maioria das vezes governam as muitas decisões. "Deu vontade, então faça," tem sido a resposta de alguns analistas e influenciadores comportamentais. Isso é perigoso. Primeiro porque o ser humano não é apenas um conjunto de sentimentos e emoções, mas sim um ser com múltiplas cosmovisões. Somos espirituais no sentido mais amplo da palavra, políticos, sociais, econômicos, familiares, racionais, e muito mais. Segundo porque esta felicidade idealizada e "platonizada não existe." O mundo e seus cruéis dilemas, como, por exemplo a morte, não permitem sermos completamente felizes. Ela gera mais infantilidade do que maturidade. E, terceiro, e último, viver bem é muito mais que nunca chorar ou sofrer pela falta de algo alguém.