FAZENDO HISTÓRIA

(Saudando o Dia do Poeta Repentista Gaúcho e do Artista Regional Gaúcho – Lei Estadual nº 8.814, de 10 de janeiro de 1989, projeto de autoria do deputado Joaquim Moncks)

Grato pela postagem referencial, poeta payador Paulo de Freitas Mendonça, amigo de longa data. Tenho feito tantas coisas nesta já longa passagem por este plano, que nem mais me lembrava dos detalhes formais da lei da qual fui o propulsor como instrumento político a serviço dos costumes e das tradições consagradas no Pago Grande do Sul. Naquele período, na Assembleia fervilhavam ideias e atos que objetivavam o retorno da Democracia, esquecendo por vezes alguns agentes políticos, que a axiologia desta se constrói através da ação humana e de um amadurecimento capaz de alimentá-la diuturnamente; incongruente, portanto, a hipótese da retroatividade. Ainda mais que na América Latina a regra é o golpe e a democracia tornou-se – tristemente – a excepcionalidade, segundo a historiografia política haurida e cultivada, originária dos colonizadores espanhóis e portugueses. O golpismo é a permanente e ameaçadora espada de Dâmocles sobre os anseios democráticos por estas bandas do terceiro mundo. Talvez seja uma das características mais fortes do subdesenvolvimento, que começa com a falta de afirmação dos direitos e deveres da cidadania. Poucos lúcidos se dão conta disso: o poder, nesta América bolivariana, não está nos redutos do Povo como conjunto de valores afirmador graças à perenidade institucional, e sim, é cambiante segundo os interesses momentâneos de pequenos grupos que mandam e o restante que obedeça. Construir-se o estado democrático de direito é tarefa dura e trabalhosa. E mais: leva muito tempo para se efetivar como patrimônio pétreo subjetivo. Para cada ano de transcurso ditatorial são necessários quatro para o resgate do conjunto de valores que o mais recente golpe de Estado destroçou. E é isto o que me parece estar acontecendo nestes atuais tempos de "passar o Brasil a limpo". Resgata-se o tempo perdido com o absolutismo dos estamentos ditatoriais, retira-se a poeira acumulada embaixo dos tapetes. Naqueles difíceis e recentes tempos de reentronização do processo democrático, na qualidade de agente político comprometido com a cultura popular, procurei trazer à tona os valores sociológicos que representavam as talentosas ações artísticas atribuídas especialmente a Teixeirinha e Gildo de Freitas, vozes proletárias nascidas do campesinato, com profunda receptividade popular e consagradas no imaginário do povo rio-grandense. Ainda bem que a honrada Assembleia Legislativa do RS atendeu efetivamente ao espirito da lei e estamos vendo, todos os anos, as homenagens prestadas aos agentes artísticos do Rio Grande, sob a égide espiritual dos venerandos patronos da arte nascida do cordão umbilical metido nas canhadas e lançantes desta Província de São Pedro de Deus. Salve o 04 de dezembro! Sinto-me feliz e grato aos que confiaram no "Capitão da Esperança", meu cognome político. Agradeço ao Absoluto e aos eleitores que me confiaram representatividade para mostrar trabalho e competência nas ações parlamentares. É como diz a canção popular: vivendo e aprendendo a jogar...

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

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