LUTAS PELA LIBERTAÇÃO AFRICANA
No intervalo de 35 a 45 ocorre a invasão italiana no território da Etiópia, findando com a rendição japonesa em 45. Os quinze anos decorridos de 1945 a 1960 apresentaram a intensificação da luta anticolonial culminando com a independência de dezesseis países africanos, em 1960. Os anos seguintes à independência foi marcado pelos esforços dos recém formados Estados no âmbito de emplacarem a sua liberdade, através da construção das novas nações, da institucionalização da nova perspectiva e da luta em prol do seu desenvolvimento. Assegurar a implantação de programas sociais e intensificar os planos voltados à cultura áfrica.
A segunda guerra deteriorou os países europeus, no contra ponto aproveitando-se da fragilidade dos dominadores, fortaleceu as lutas por independência do continente negro. Porém estreitou a ligação da África com o mundo capitalista. A guerra promoveu a cisão da Europa em dois blocos, capitalista e socialista. Milhares de combatentes africanos lutaram e pereceram nessa guerra.
O embate travado em solo africano revestia-se de importância primordial, entretanto, era primordial encontrar sustentação no interior dos países colonizadores. Tratava-se, no mínimo, de “dividir o inimigo”, opor os europeus aos europeus. Se o colonialismo “dividira para conquistar”, ao “anticolonialismo” convinha empreender a mesma artimanha “dividir para se libertar”. Os africanos perceberam que não podiam atuar no parlamento, mas teriam voz por intermédio de parlamentares britânicos decididos a ser seus defensores. A Argélia conseguiu se contrapor à França ao conquistar sua independência em 1962, liderados pela Frente Nacional de Libertação FNL, o povo argelino majoritariamente muçulmana através da conscientização convocavam greves e sabotagens. O murmúrio argelino soou como um rugido na ONU que no final da década de 50 de forma pífia iniciou um processo de pressão contra a França. O exemplo da Argélia mitigou influência nos demais países africanos a usar a mesma estratégia.
No crepúsculo dos anos 50 os nacionalistas africanos encontraram na Organização das Nações Unidas uma valiosa aliada, onde os africanos passaram a ser ouvidos.
O Egito assumiu uma postura de enfrentamento responsável por uma injeção de ânimo em toda a África quanto a nacionalização do Canal de Suez, por Gamal ‘Abd al -Nasser, em 1956, caracterizou uma dentre as mais destacadas iniciativas africanas do século XX. Em um ato de rebeldia em 1951 , o Irã nacionalizara os seus recursos petrolíferos. Qualquer iniciativa de um país subjugado, com vistas a nacionalizar os seus recursos e deles dispor, pressupunha-se destinada a derrota. A atitude de Nasser foi uma alavanca na luta africana. A URSS impelida na disputa capitalista/socialista abandonou a posição imperialista e tornou-se aliada dos africanos. A URSS concedeu técnicos para ensinar os egípcios a controlar o Canal de Suez, assumiu o compromisso de ajudar o Egito em outras obras, substituindo a Grã-Bretanha e os EUA. A máxima de “dividir para se libertar” estava começando a surtir efeito opondo os dois bi polarizantes.
A EVOLUÇÃO RELATIVA AOS PAPÉIS DOS HOMENS E DAS MULHERES
Tendo como função em particular de fecundar, cabia a mulher africana prover em suas necessidades básicas inerentes aos trabalhos domésticos . No decorrer das décadas de 30 a 60 os homens foram substituídos pelas mulheres em diversas tarefas antes de cunho masculino, nos anos 60 os homens se ausentaram dos seus lares em busca de prover a família de recursos financeiros, a mulher permaneceu no campo exercendo as atividades masculinas, a labuta na lavoura concedeu às mulheres africanas uma posição de destaque na atividade agrícola. No plano político a inserção da mulher foi pequena. Porém mercê evidenciar a atuação de Winnie Mandela na luta contra o aparthed.
A EDUCAÇÃO COLONIAL: A LIBERTAÇÃO SEM O DESENVOLVIMENTO
O sistema educacional implantado no continente visava apenas formar para a comunicação, falada e escrita, deixando em segundo plano educação que pudessem proporcionar aos africanos se desenvolverem no âmbito produtivo.
Os processos de produção agrícolas não evoluíra , na esfera industrial tudo era importado, causando muitas horas de interrupção na produção devido a falta de peças. Os Estados africanos não conseguiam explorar seus jazidas naturais e minerais em razão de recursos limitados. O africano sabia ler, “adestrado” pelo colonizador, mas não sabia produzir.
A educação propiciou as lutas pela libertação, mas se absteve de preparar os africanos para a evolução. Os europeus impuseram a educação voltada para a comunicação, falar e escrever, mas não o fizeram no campo tecnológico, sendo inútil para o desenvolvimento.
A instrução oferecida pela educação colonial serviu a causa da libertação política. Os movimentos anticoloniais eram dirigidos por africanos ocidentalizados. O Pan não conquistou seus objetivos, mas fomentou as das lutas de libertação.
FORMA DE GOVERNO E DESENVOLVIMENTO
A África tomou gosto pelo consumismo, mas não aprendeu a fabricar, herdou a ansiedade capitalista, sem aprender a coexistir para se manter um padrão capitalista.
Os exércitos foram municiados com equipamentos importados, o mesmo não ocorreu com o desenvolvimento doméstico, formando um abismo entre eles, fomentando golpes de estados e guerrilhas. A militarização importada sem industrialização desestabilizou a economia e a política, a militarização tecnológica prejudicou o desenvolvimento.
A política e a economia passaram a ser monopólio de grupos dominantes. A busca desmedida por privilégios e o desejo de amealhar fortunas, provocou a ineficiência do poder público. Como consequência assistiu-se no camarote europeu, a violência ser institucionalizada pela centralização do poder ou por sua ineficiência, atingindo o extremo de confrontar parentes e amigos, uns contra os outros. Como no caso de Ruanda entre tutsi e hutus.
O continente africano precisa lutar contra dois “Titãs”. A dependência personifica a perda de autonomia, o declínio consiste em uma redução na capacidade de desenvolvimento. Os africanos precisam desenvolver a capacidade de lutar por seus direitos, a se contrapor a líderes opressores, a população carente de uma liderança atuante e falta de recursos fica a mercê dos que possuem a força como método de opressão. Nesse processo uma minoria obtendo pequenos privilégios, dá sustentação ao ditador. O exército formado por Museveni em Uganda, nos anos 1980, foi a primeira organização militar criada por civis para lutar contra um regime antidemocrático na África.
POPULAÇÃO E ECOSSISTEMA
A ecologia da África está ameaçada; o desmatamento e a desertificação estão em vias de tornar inabitável grande parte da África. Se por um lado, da fraca capacidade de planejamento dos países africanos. As florestas são progressivamente destruídas sem qualquer esforço de reflorestamento. Grupos econômicos franceses e libaneses devastaram a floresta tropical úmida da Costa do Marfim, contando com o consentimento da classe dirigente local.
Não há nenhuma preocupação em respeito aos danos causados ao ambiente, nem a cerca da necessidade de reflorestamento. A desintegração do eco sistema africano está atrelado à exploração europeia, os madeireiros não tem a mínima preocupação em preservar as florestas, sua extinção não causará nenhum dano ao solo europeu, em contrapartida realizar um reflorestamento representa um declínio nos lucros.
O maior consumo de madeira está vinculado à utilização da lenha de aquecimento, que ao longo dos séculos ainda permanece nos campos africanos, mas olhando o problema com mais atenção, notaremos que geralmente não se derruba árvores para essa finalidade, apenas se recolhe os troncos caídos e secos. Outra medida seria adaptar o tamanho dos rebanhos de bois e caprinos com o terreno já existente, evitando o desmatamento para a formação de pasto.
O crescimento demográfico desordenado é outro fator de risco para o meio ambiente. Em virtude da forte mortalidade infantil, durante os anos 1980 as mulheres africanas deram à luz a seis crianças, para se certificar que ao menos quatro sobreviveriam. No outro extremo a mortalidade infantil é muito elevada, sobretudo em razão da falta de saneamento. Campanhas de vacinação contra a rubéola, difteria, coqueluche, e febre tifoide. Esse quadro precisa ser alterado, ele determina a oposição norte-sul, à hierarquização do sistema mundial e a divisão em países pobres e ricos
CONCLUSÃO
A partir de 1935 a África passou por diversas lutas, independência, livrar-se do colonialismo e desenvolvimento. O avanço tecnológico após a primeira guerra mundial contemplou os países desenvolvidos, enquanto a África lutava por sua independência. A colonização manteve a África em condições rudimentares em matéria de avanço tecnológico, os europeus não transmitiram aos colonizados competências direcionadas à expressão escrita e oral, mas nada voltado para a produção rumo ao desenvolvimento.
O combate continua com o objetivo de melhorar os sistemas políticos, salvaguardar o ecossistema, garantir o desenvolvimento e proteger a cultura africana. No entanto, é primordial eliminar os agentes responsáveis pelo seu subdesenvolvimento, já identificados, os africanos precisam aprender a substituir suas resalvas particualres em prol do bem comum. As futuras gerações se desejarem obter sucesso precisam inicialmente reconhecer o valor de seus antepassados na luta contra a opressão europeia perpetuada por muitos séculos, aliado a esse procedimento é indispensável que seus líderes governem com os olhos voltados para a nação. Reconhecer que o maior inimigo está no seio da sociedade africana, será de muita valia.
POSFÁCIO
No inicio dos anos 1990, acontecimentos de ordem política foram marcados por reviravoltas dentre as quais, a queda do muro de Berlim, o desmoronamento dos regimes comunistas dos países da Europa Oriental e a Guerra do Golfo constituem os acontecimentos mais relevantes. A potência comunista deixou o capitalismo sem rival e abriu uma via sem obstáculos para a democracia liberal e para a economia de mercado, as quais delimitam, nos dias atuais, o quadro evolutivo das sociedades. Esta evolução inscreve-se, doravante, em um sistema de relações globais, tornado possível graças à revolução tecnológica na comunicação: nenhuma cultura, nenhuma nação, nenhum continente escapa, a esta globalização dos intercâmbios humanos.
Parte integrante deste sistema mundial, a África é afetada por estas mudanças. A África dos anos 1990 pode ser definida como um cenário marcado por crise econômica e política, por tensões e guerras, bem como pelo “afro pessimismo”, por um lado, mas igualmente pela democratização e por maior respeito aos direitos humanos. A economia da África não se estabelece, são reflexos do ocorrido anterior a independência e os problemas se agravam , com a falta de saneamento básico, sistema de saúde ineficiente, corrupções por parte de seus governantes, além de combater as lutas tribais.
Há anos pesquisas são desenvolvidas para chegar a um resultado favorável à economia do continente, principalmente aquelas nações que tanto lutaram pela independência para ter um desempenho positivo, na sua economia melhoras na condição de vida de seus habitantes. Com o aumento dos preços da matéria- prima, e a circulação de dinheiro estrangeiro permitiram aos dirigentes, especialmente aos líderes africanos, financiar programas de desenvolvimento cujo impacto seria reduzido no nível geral de vida das populações. Sem dúvida porque, pela primeira vez após o fim da Guerra Fria, uma crise africana de grandes proporções seria resolvida pelos africanos. A escalada para a recuperação da economia se arrasta, logo após o termino da segunda guerra mundial, os países envolvidos entraram em crise, os países do continente africano viram nesse momento oportunidade de se unirem e criarem movimentos e partidos políticos com o objetivo de se tornarem livres, nada fácil para alguns países que pagaram com a vida de muitos de seus habitantes.
Movimentos nacionalistas, em 1945, havia na África apenas quatro países independentes, Etiópia, Egito, África do Sul e Libéria, o restante estava sob o domínio de nações europeias: Inglaterra, França, Bélgica Portugal e Espanha.
Entre as décadas de 1930 e 1940, começaram a ocorrer movimentos nacionalistas como mostra no filme A batalha de Argel, quando se tornou no Quênia- sob o domínio britânico uma organização que agregava o maior grupo étnico da região: a Associação Central dos kikuyu, que exigia a devolução das suas terras. De seu movimento surgiu a organização guerrilheira Mau- Mau, liderada por Jomo Kenyatta, que passou a promover ações armadas contra os ingleses a partir de 1952. A independência do Quênia seria conquistada em1963.
Norte da África, nacionalista da Tunísia, do Marrocos francês e da Argélia se rebelaram contra a França entre 1952 E 1954. Depois de alguns anos de luta armada, Tunísia e Marrocos se tornaram independentes, em 1956. Na Argélia, a guerra só terminou em 1962, com o triunfo da Frente da Libertação Nacional (FLN) argelina o que mostra também no filme A batalha de Paris de Alain Tasma, de 2005.( AZEVEDO,p .152)
A guerrilha no Quênia e as guerras na Tunísia, NO Marrocos e na Argélia mostraram a algumas potências europeias que , cedo ou tarde, a tarde, a independência seria alcançada: era preciso negociar com as lideranças africanas. Somente dessa forma seria possível manter os interesses econômicos das metrópoles na região após a independência das colônias. Essa politica de independência controlada foi posta em prática, sobretudo pelo governo da Inglaterra. Pela via pacifica, ocorreram as emancipações de diversas colônias britânicas: Costa do Ouro (atual Gana, 1957), Sudão (1956), Nigéria (1960), Serra Leoa (1961), Quênia(1663), Zâmbia (antiga Rodésia do Norte, 1964)e Gâmbia (1965), entre outras. Os novos países passaram a fazer parte da Comunidade Britânica das Nações, organismo criado em 1930com o objetivo de reunir as antigas colônias inglesas e preservar intactos os interesses políticos econômicos da Grã-Bretanha na África.
Se boa parte dos países africanos conquistou sua emancipação politica sem violência, o mesmo não ocorreu com as colônias portuguesas. Muito dependente da exploração dos recursos extraídos dessas colônias, o governo de Portugal não concordava com a ideia de independência.
Assim, a partir de 1961 começaram a surgir movimentos guerrilheiros em todas elas. Em Angola, o movimento emancipacionista dividiu-se em três facções: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), de orientação marxista; a Frente Nacional para a Libertação da Angola (FNLA), anticomunista; e a União Nacional para a independência Total de Angola (Unita), maoista no inicio e, posteriormente, anticomunista.
Em que pesem os males que a afligem (pouco desenvolvimento, guerras civis e locais, aguda crise social), lampejos de esperança surgem na África desde 1994, a retomada econômica é perceptível em numerosos Estados, o processo democrático desenvolveu¬se por toda a parte e a consciência gerada pela União corroboram a necessidade da África em contar com as suas forças próprias. É significativo que a ocupação, sucessiva, do posto de secretário geral das Nações Unidas por dois africanos coincida com esta retomada de iniciativas, invariavelmente na ordem do dia. Sucedendo a posse do egípcio Boutros, a eleição de Kofi Annan, oriundo de Gana, país pioneiro do pan-africanismo e da unidade continental, sem dúvida anuncia esta esperança de novos tempos, quando a África reencontrará o seu lugar no concerto das nações e dos povos