Não tenha medo dos pokemons

A princípio é leviano acharmos que alguém é alienado, dominado ou escravo do capitalismo por gostar de um aplicativo de celular. Para isto acho mais interessante vermos em quem a pessoa vota, pra quem ela bate panela e principalmente se ela avança em pessoas que pensam contrário a ela.

Algumas novidades, principalmente as relacionadas a programas de TV, livros, seriados e redes virtuais, chegam até meus ouvidos através de jovens e de forma muito apaixonada. Confesso que a devoção com que os jovens vivenciam suas séries, seus jogos e qualquer outra atividade com que se dedicam com fervor sempre me causaram certa antipatia.

Em geral duram pouco tempo, tão rápido são assumidos como verdadeiras diversões e passatempos dignos de merecer a completa atenção, tão rápidos também desapontam e são deixados de lado. Isto é o que muitos deles mesmos chamam de "modinhas".

São assim, picos de intensa entrega e dedicação e depois um contínuo desprezo e abandono. Quando dizem que tal série está sem graça, que está repetido, que sacanearam a história, estão falando deste momento de abandono - em que a rotina já não pode mais fornecer as fortes emoções e características ideais que antes encontraram nas séries e similares.

Mas antes de continuar com este raciocínio, preciso falar da minha antipatia. Sou adulto e como tal me exigem um envolvimento racional e equilibrado com qualquer coisa que faço. Preciso dar provas constantes distos e aprendo a dar estas provas através do que faço e como faço. isto me permite ter a confiança das pessoas e a certeza das mesmas que a continuidade de meus compromissos e tarefas será mantida. Em outras palavras, me tornei um trabalhador disciplinado e focado.

O jovem ainda tem a liberdade de se constituir, de se construir e projetar sua invenção como adulto neste mundo. Evidente que nem todos contarão com as mesmas oportunidades e vivências, mas em todo caso assim é a forma como se apropriam do mundo para se fazerem adultos.

Enfim, o que sinto quando vejo um vídeo explicativo de um seriado em que o apresentador aparece com uma metralhadora de brinquedo disparando para o alto bolinhas de plástico. Ou o que esperar de pessoas que organizam marchas de zumbis e até mesmo esperam que haja um apocalipse zumbi?

Há também os que andam caçando Pokémons com celulares ou pagando qualquer quantia por uma estante em forma de símbolos de heróis.

Não vou ser hipócrita, achava isto algo muito idiota. Fui muito mais benevolente com o Funk, por que percebia que o preconceito contra esta música tinha mais a ver com a questão do estigma que o negro e o favelado sofrem.

É preciso entender por que o jovem se joga e experimenta este modelos e alternativas que a mídia o oferece em grande quantidade. Devemos pensar se nós não estamos oferecendo modelos mais concretos e reais. Incluo nisto a escola, a família e a sociedade organizada.

Não estou desmerecendo as opções que eles fazem pelo modelos que a mídia oferece, mas sinto que estamos deixando a mídia tomar conta de seus interesses e alternativas. Por isto acabamos como chatos comparados a mídia que se interessa basicamente por lucros e audiência.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 07/08/2016
Reeditado em 07/08/2016
Código do texto: T5721853
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