Eu Estoico.
A VIDA NUNCA SERÁ FELIZ O TEMPO TODO. Os poetas acreditavam no amor no espetáculo, mas não sou amante de espetáculos; Platão jurava de pés juntos que os filósofos não são amantes de espetáculos! - leia a obra "A República", de Platão - . O espetáculo faz parte do sensível e tudo que há dentro dele é mera aparência e transitório.
O Período Helenístico foi uma época que sucedeu Sócrates, Platão e Aristóteles. Foi uma época em que Eros passou a ser algo inerente ao dáimon, ou seja, passou a ser uma obra de arte; mantendo-se depois ao longo do período helenístico e na época tardia, a imagem de Eros como efebo tornou-se constante em diversas manifestações artísticas. É como efebo que o deus adquire dignidade olímpica, ao ser representado junto de Afrodite.
SOU UM ESTOICO. Entendo perfeitamente que a vida é cheia de altos e baixos e não posso me dar ao luxo de me sentir bem em uma realidade à Vontade. Só os bobos se sentem felizes o tempo todo. A racionalidade não parte essencialmente da contemplação para com o mundo, mas de um pessimismo schopenhaueriano. Não me sinto bem quando tudo vai aparentemente equilibrado no que se refere à felicidade. Não gosto de acreditar que o sensível é imutável e Perfeito! Isso, para mim, é, no mínimo, irracional e anti platônico.
Durante o helenismo, a polis não prometia mais a tranquilidade. Os homens passaram a viver mais afastados das polis, passando a ficar a maior tempo nos campos, principalmente os epicuristas. Com a morte de Alexandre, o Grande, a cidade passou a não ser mais um lugar tranquilo em que se tinha a continuidade de um dia-dia promissor em termos políticos.
O Estoicismo já se mostrava necessário para combater o mal da ansiedade e da frustração para com a polis. A contenção estoica passou a ser um dos remédios para o mal-estar clássico, a considerar que, para os estoicos, a vida passa por uma realidade de altos e baixos, ou seja, o curso da vida passa por diversos estágios de espírito: entre a angústia e a felicidade. Então, o homem não pode se sentir cheio de si em uma realidade que não promete uma vida perpetuamente feliz. Diferentemente do estoico, o epicurista não é resignado, porque prazer é fundamental dentro de uma educação para com os sentidos.
Só no Período Helenístico é que Eros começa a ser representado como a criança alada e travessa que chegou aos nossos dias. Fadado à representação artística helenística, sem expressões psicológicas definidas. Eros e Afrodite começaram a sofrer modificações: o deus adquiriu um aspecto mais humano, transformando-se, tanto na poesia, como na arte figurativa, num efebo.
Sponville, filósofo francês do século XX, disse que o exercício de reflexão filosófica para com a vida nos traz uma vida mais feliz. Mas ele critica o pensamento positivo no sentido de achar que pensar apenas positivo vai nos trazer uma vida extremamente feliz. Ora, para um estoico a vida passar por altos e baixos e pensar apenas positivo não seria muito racional. Dante Alighieri, na Divina Comédia, alerta para qualquer possibilidade de esperança frente aos portais do inferno. Esperança é antônimo de desespero, mas não é algo que os estoicos defendem, pois são honestos para com o pensamento que, de certa forma, pode trazer uma vida menos inquietante.