Vestibular para a fama
Publicado em 28/3/2011
TATIANA CONTREIRAS - AGÊNCIA O GLOBO
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=954282
Publicado em 28/3/2011
Pode acreditar! Existem mais ex-participantes do Big Brother Brasil do que trabalhadores com carteira assinada em muitas profissões registradas no País
Na quarta-feira, 30 de março, existirão 169 ex-integrantes do “Big Brother Brasil”. Um número que chama atenção ao ser posto, lado a lado, ao de profissionais com carteira assinada em algumas atividades regulamentadas pelo Ministério do Trabalho. Hoje, no Brasil, existem 18 geoquímicos, 34 oceanógrafos, 77 médicos homeopatas e 147 arqueólogos. No entanto, na mesma quarta, alguém estará R$ 1,5 milhão mais rico e não será um desses.
Em análise realizada durante três anos pelo Observatório de Sinais, agência de consultoria especializada em tendências, pesquisa e estudos, foram avaliadas as experiências de ex-participantes de reality shows como o próprio “BBB”. Além disso, o chamado “Dossiê reality” ouviu 2.600 pessoas em cinco capitais do Brasil. Uma das conclusões é simples: ser ex-BBB se tornou um ofício. “É uma espécie de profissão. O “BBB” e realities do mesmo tipo são mais um meio do que um fim. Os programas são tidos como uma plataforma para subir numa posterior carreira”, explica Dario Caldas, diretor do Observatório de Sinais.
Na pesquisa, 400 universitários foram questionados se participariam de um reality show: 75% disseram que sim e que viam a chance como “benéfica” para o futuro de suas profissões. Rogério Padovan, tido como o vilão do “BBB 5”, corrobora os dados. Hoje um bem-sucedido cirurgião plástico, ele diz não se arrepender de nada.
“Para mim foi espetacular. Acredito em dois pilares na vida: capacidade e oportunidade. Fiz faculdade de Medicina e estive em um lugar que, querendo ou não, te projeta, sim. Hoje atendo muitos artistas; ex-BBBs aparecem no meu consultório, jogadores de futebol... Nunca larguei a minha carreira. A fama é boa, mas acaba”, diz Doutor Gê.
Nem todos têm essa percepção. No “BBB 10”, uma participante se destacou por sua formação: professora universitária, Elenita Rodrigues hoje diz que prefere não ter mais seu nome publicado “em qualquer matéria referente ao programa”. Em seu blog, na internet, ela chegou a dizer que perdeu dinheiro: “Perdi credibilidade no círculo acadêmico e fui vetada em quase todas as bancas de que participava e que constituíam duas, três vezes o valor do salário que ganho agora”.
Cida Moraes, a comissária de bordo do “BBB 2”, não chega a tanto — e diz que participaria novamente da atração. Mas reconhece que, quando o momento passa, é preciso correr atrás do dinheiro de cada dia.
Para Dario Caldas, os participantes do “BBB 11” já entraram na atração preparados para criar personagens e seguir manuais de sucesso, cunhados por ex-integrantes que conseguiram se destacar. “Quem participa desses realities sabe que chegar a um nível mais alto, como Grazi Massafera, Diego Alemão e Sabrina Sato, é raro. Eles não têm essa ilusão, então basta o que a categoria entrega: um baile de debutantes, aparição em festa... Não basta ser visto, o importante é ser reconhecido”, explica Caldas.
Hoje, Grazi é reconhecida como atriz; Jean Wyllys, campeão da quinta edição, defende os direitos civis dos gays na Câmara dos Deputados; Alemão, além de empresário, segue investindo na carreira de apresentador no Multishow, assim como o artista plástico Max, que também enveredou pela televisão. Sabrina é destaque no “Pânico na TV” e Juliana Alves acaba de sair de cena na novela “Ti-ti-ti”.
"Maria e Daniel foram os protagonistas", diz Bial
Na reta final do ´BBB 11´, Pedro Bial diz que Maria e Daniel foram as estrelas da edição e que ´faz parte do jogo a peteca cair´.
No início do "BBB 11", há quem tenha criticado os participantes. Qual sua impressão sobre eles?
Depois de uma edição especialmente bem-sucedida, como o "BBB 10", o efeito contraste é implacável. Foi assim com o "BBB 4", depois do "BBB 3" de Dhomini e Sabrina; foi muito assim com o "BBB 6", depois do fenomenal "BBB 5" de Jean Wyllys; foi assim com o "BBB 8", depois do sensacional "BBB 7" de Alemão. No "BBB 6" e no "BBB 8", Rafael Valente e Dr. Marcelo carregaram o programa nas costas. Nessa edição, Maria e Daniel foram tais estrelas, protagonistas carregadores de piano.
Maria é um dos destaques desta edição?
Maria é um fenômeno por seus méritos, pessoais, intransferíveis e incomparáveis Seu encanto não vem apenas de seus atributos físicos, sua graça, seu charme, seu sorriso luminoso. Maria é de verdade e se entregou totalmente à brincadeira, não ficou regulando. Isso é que é "jogar bem" e não ficar contando votos, tramando estratégias para não ir ao paredão, ou fazendo histrionices e canastrices. Daniel também teve o mesmo nível de entrega e intensidade. No entanto, pode ser que nenhum dos dois seja o vencedor.
No "BBB 10", a oposição homofobia-heterofobia permeou as discussões sobre o programa. Neste ano, a misoginia ocupou este espaço?
No discurso de premiação de Jean Wyllys - os finalistas eram dois, Jean e Grazi - , no "BBB 5", eu disse isso: antes da homofobia, está a misoginia. No playground, a primeira ofensa entre os meninos é "mulherzinha!"... No caso dessa edição, acho que foi mais falta de traquejo, pouca vivência dos homens da casa, do que misoginia. Moços...
O trio Diogo-Maurício-Rodrigão rendeu material para a edição. Até que ponto a volta de Maurício fez o jogo andar ou retroceder?
Maurício, depois da volta, e, a partir daí, de carona Diogo também, vampirizaram Rodrigão. Quase comprometeram o nosso pavão irremediavelmente, mas parece que ele deu a volta por cima, com estilo. Maurício voltar? Os bróderes ficaram com medo de fantasma, o que seria previsível, e Maurício comportou-se como um zumbi, o que foi mais inesperado, um pouco.
Como você lida com os imprevistos ao vivo, como na primeira prova do líder?
Essa é uma das belezas do circo, a presença do erro. Sim, o gosto pelo risco é uma marca do "Big Brother Brasil". O que me incomoda é quem quer fazer televisão, ou jornalismo, ou medicina, literatura ou culinária de forma protocolar.
No dia seguinte à final do "BBB 11" teremos 169 ex-participantes. O que seria o ofício "ex-BBB"?
Tenho compaixão dos ex-BBBs. Há que se reinventar e é preciso um bocado de imaginação e mais: grandeza para lidar com o preconceito e o estigma. Quem tem o que dá, dará. Quem não tinha mesmo, em primeiro lugar, que vá estudar, trabalhar, ou viver de lembranças...
Como manter o ânimo depois de tantas edições?
Faz parte do jogo a peteca cair. Quando cai, a gente abaixa e pega. A minha disposição é a mesma. Talvez um problema da 11ª edição tenha sido a superlotação. A casa ficou muito cheia e isso dificulta a identificação do público com os indivíduos.
Na quarta-feira, 30 de março, existirão 169 ex-integrantes do “Big Brother Brasil”. Um número que chama atenção ao ser posto, lado a lado, ao de profissionais com carteira assinada em algumas atividades regulamentadas pelo Ministério do Trabalho. Hoje, no Brasil, existem 18 geoquímicos, 34 oceanógrafos, 77 médicos homeopatas e 147 arqueólogos. No entanto, na mesma quarta, alguém estará R$ 1,5 milhão mais rico e não será um desses.
Em análise realizada durante três anos pelo Observatório de Sinais, agência de consultoria especializada em tendências, pesquisa e estudos, foram avaliadas as experiências de ex-participantes de reality shows como o próprio “BBB”. Além disso, o chamado “Dossiê reality” ouviu 2.600 pessoas em cinco capitais do Brasil. Uma das conclusões é simples: ser ex-BBB se tornou um ofício. “É uma espécie de profissão. O “BBB” e realities do mesmo tipo são mais um meio do que um fim. Os programas são tidos como uma plataforma para subir numa posterior carreira”, explica Dario Caldas, diretor do Observatório de Sinais.
Na pesquisa, 400 universitários foram questionados se participariam de um reality show: 75% disseram que sim e que viam a chance como “benéfica” para o futuro de suas profissões. Rogério Padovan, tido como o vilão do “BBB 5”, corrobora os dados. Hoje um bem-sucedido cirurgião plástico, ele diz não se arrepender de nada.
“Para mim foi espetacular. Acredito em dois pilares na vida: capacidade e oportunidade. Fiz faculdade de Medicina e estive em um lugar que, querendo ou não, te projeta, sim. Hoje atendo muitos artistas; ex-BBBs aparecem no meu consultório, jogadores de futebol... Nunca larguei a minha carreira. A fama é boa, mas acaba”, diz Doutor Gê.
Nem todos têm essa percepção. No “BBB 10”, uma participante se destacou por sua formação: professora universitária, Elenita Rodrigues hoje diz que prefere não ter mais seu nome publicado “em qualquer matéria referente ao programa”. Em seu blog, na internet, ela chegou a dizer que perdeu dinheiro: “Perdi credibilidade no círculo acadêmico e fui vetada em quase todas as bancas de que participava e que constituíam duas, três vezes o valor do salário que ganho agora”.
Cida Moraes, a comissária de bordo do “BBB 2”, não chega a tanto — e diz que participaria novamente da atração. Mas reconhece que, quando o momento passa, é preciso correr atrás do dinheiro de cada dia.
Para Dario Caldas, os participantes do “BBB 11” já entraram na atração preparados para criar personagens e seguir manuais de sucesso, cunhados por ex-integrantes que conseguiram se destacar. “Quem participa desses realities sabe que chegar a um nível mais alto, como Grazi Massafera, Diego Alemão e Sabrina Sato, é raro. Eles não têm essa ilusão, então basta o que a categoria entrega: um baile de debutantes, aparição em festa... Não basta ser visto, o importante é ser reconhecido”, explica Caldas.
Hoje, Grazi é reconhecida como atriz; Jean Wyllys, campeão da quinta edição, defende os direitos civis dos gays na Câmara dos Deputados; Alemão, além de empresário, segue investindo na carreira de apresentador no Multishow, assim como o artista plástico Max, que também enveredou pela televisão. Sabrina é destaque no “Pânico na TV” e Juliana Alves acaba de sair de cena na novela “Ti-ti-ti”.
"Maria e Daniel foram os protagonistas", diz Bial
Na reta final do ´BBB 11´, Pedro Bial diz que Maria e Daniel foram as estrelas da edição e que ´faz parte do jogo a peteca cair´.
No início do "BBB 11", há quem tenha criticado os participantes. Qual sua impressão sobre eles?
Depois de uma edição especialmente bem-sucedida, como o "BBB 10", o efeito contraste é implacável. Foi assim com o "BBB 4", depois do "BBB 3" de Dhomini e Sabrina; foi muito assim com o "BBB 6", depois do fenomenal "BBB 5" de Jean Wyllys; foi assim com o "BBB 8", depois do sensacional "BBB 7" de Alemão. No "BBB 6" e no "BBB 8", Rafael Valente e Dr. Marcelo carregaram o programa nas costas. Nessa edição, Maria e Daniel foram tais estrelas, protagonistas carregadores de piano.
Maria é um dos destaques desta edição?
Maria é um fenômeno por seus méritos, pessoais, intransferíveis e incomparáveis Seu encanto não vem apenas de seus atributos físicos, sua graça, seu charme, seu sorriso luminoso. Maria é de verdade e se entregou totalmente à brincadeira, não ficou regulando. Isso é que é "jogar bem" e não ficar contando votos, tramando estratégias para não ir ao paredão, ou fazendo histrionices e canastrices. Daniel também teve o mesmo nível de entrega e intensidade. No entanto, pode ser que nenhum dos dois seja o vencedor.
No "BBB 10", a oposição homofobia-heterofobia permeou as discussões sobre o programa. Neste ano, a misoginia ocupou este espaço?
No discurso de premiação de Jean Wyllys - os finalistas eram dois, Jean e Grazi - , no "BBB 5", eu disse isso: antes da homofobia, está a misoginia. No playground, a primeira ofensa entre os meninos é "mulherzinha!"... No caso dessa edição, acho que foi mais falta de traquejo, pouca vivência dos homens da casa, do que misoginia. Moços...
O trio Diogo-Maurício-Rodrigão rendeu material para a edição. Até que ponto a volta de Maurício fez o jogo andar ou retroceder?
Maurício, depois da volta, e, a partir daí, de carona Diogo também, vampirizaram Rodrigão. Quase comprometeram o nosso pavão irremediavelmente, mas parece que ele deu a volta por cima, com estilo. Maurício voltar? Os bróderes ficaram com medo de fantasma, o que seria previsível, e Maurício comportou-se como um zumbi, o que foi mais inesperado, um pouco.
Como você lida com os imprevistos ao vivo, como na primeira prova do líder?
Essa é uma das belezas do circo, a presença do erro. Sim, o gosto pelo risco é uma marca do "Big Brother Brasil". O que me incomoda é quem quer fazer televisão, ou jornalismo, ou medicina, literatura ou culinária de forma protocolar.
No dia seguinte à final do "BBB 11" teremos 169 ex-participantes. O que seria o ofício "ex-BBB"?
Tenho compaixão dos ex-BBBs. Há que se reinventar e é preciso um bocado de imaginação e mais: grandeza para lidar com o preconceito e o estigma. Quem tem o que dá, dará. Quem não tinha mesmo, em primeiro lugar, que vá estudar, trabalhar, ou viver de lembranças...
Como manter o ânimo depois de tantas edições?
Faz parte do jogo a peteca cair. Quando cai, a gente abaixa e pega. A minha disposição é a mesma. Talvez um problema da 11ª edição tenha sido a superlotação. A casa ficou muito cheia e isso dificulta a identificação do público com os indivíduos.
TATIANA CONTREIRAS - AGÊNCIA O GLOBO
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=954282