Um príncipe de 500 anos
UM PRÍNCIPE DE 500 ANOS
Neste ano de 2013 o livro “O Príncipe” de Niccolò di Bernardo dei Machiavelli († 1527) completa 500 anos. O autor foi um filósofo reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Como Secretário da Chancelaria Maquiavel observou o comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência retirou alguns postulados para sua obra.
Anunciando a chegada de Carlos VIII, o “príncipe”, contrário aos Médici e com grande apoio popular, o pregador Girólamo Savonarola passou a criticar os políticos e os padres de Roma como corruptos e o Papa Alexandre VI por seu nepotismo e imoralidade.
Após muitas guerras e intrigas entre a Igreja e os príncipes, Maquiavel retornou para a província de Florença. Foi durante esse ostracismo e inatividade, o qual duraria até sua morte, que ele escreveu: “O Príncipe” (1513) que agora completa 500 anos.
O "Príncipe" é o livro mais conhecido de Maquiavel, apesar de, com receio das represálias da Inquisição, haver sido publicado postumamente, em 1532. Teve origem com a união de Giuliano de Médici com o Papa Leão X, com a qual Maquiavel viu a possibilidade de um príncipe finalmente unificar a Itália e defendê-la contra os estrangeiros, apesar de dedicar a obra a Lourenzo de Médici, de forma a estimulá-lo a realizar esta empreitada. Outra versão sobre a origem do livro, diz que o autor o teria escrito em uma tentativa de obter favores dos Médici, contudo ambas as versões não são excludentes.
Na obra, há várias sentenças de Maquiavel que são notáveis: “Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha”; “Não se pode chamar de “valor” assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória”; “Quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos”; “Dê o poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é”; “O Príncipe deve ser amado e temido na mesma proporção. Se for sô amado, não o respeitarão: se for só temido, logo sofrerá uma rebelião”.
O pensamento de Maquiavel, com os cinco séculos de “O príncipe” é de uma impressionante atualização até os dias de hoje, empregado em vários segmentos da ciência.