O Shabat

O SHABAT

Antônio Mesquita Galvão

Shabat (do hebraico ) quer dizer, “descanso”, também grafado como sabá ou sabat é o nome dado, no judaísmo, ao dia do repouso semanal, simbolizando o sétimo dia no Gênesis, após os seis dias da Criação. O shabat é observado a partir do por-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado. Os rabinos ensinam a olhar as estrelas; quando surge a primeira, na sexta, é o começo. A solenidade do shabat é observada nas três refeições festivas (jantar de sexta-feira, almoço de sábado e refeição de final de tarde no sábado), servidas com um requinte de honra.

A palavra shabat é a raiz do termo sábado. O verbete “sabático”, se referindo ao ano sabático na Bíblia, ou o ano que uma pessoa tira sem trabalhar, especialmente no mundo acadêmico, também vem dessa raiz. O status especial do shabat como dia sagrado aparece na Torá:

O Senhor então abençoou e santificou o sétimo dia, porque foi

nesse dia que Deus descansou de todo o seu trabalho como

criador (Gn 2,3).

O shabat é introduzido com a declaração que o trabalho dos céus e da terra foram completos, e que eles permanecem perante nós em seu estado final pretendido de perfeição harmoniosa; então Deus proclamou seu shabat. Essa passagem, que também é utilizada como o primeiro parágrafo do kiddush (regulamento) do shabat, proclama que Deus é o Criador que trouxe o universo à existência em seis dias e descansou no sétimo. A observância de Israel das leis do shabat constituem um testemunho de adoração e devoção.

Conforme foi dito, a tradição judaica acredita que o dia inicie com o por-do-sol e termine com o pôr-do-sol seguinte, pelo que o shabat se inicia com o pôr-do-sol da sexta-feira e termina com o pôr-do-sol do sábado. Nesse dia, muito pouca coisa funciona, exceto os serviços essenciais.

Eu vivi a emoção de um dia de shabat em Israel em julho de 2009. Estava visitando a parte velha de Jerusalém, quando notei que as lojas fechavam e as pessoas se dirigiam rapidamente às suas casas. Era o crepúsculo de uma sexta-feira. Durante esse período, os serviços no hotel Gran Moriá, onde eu estava hospedado, praticamente param. Não fazem fogo: a comida, o café, o leite vem frios. Alguma exceção naqueles locais onde empregam mão-de-obra não-judaica.

O dia de repouso é levado a sério mesmo. As pessoas não recebem visitas nem visitam, Não saem de casa e, em alguns casos, as ruas são fechadas para impedir a circulação de pessoas e veículos.

No hotel, levantei o telefone para pedir o serviço de quarto e uma gravação me informou que estávamos no shabat. Tive que descer ao restaurante para apanhar refrigerantes e salgadinhos nas máquinas.

Nesse dia o povo é só recolhimento, silêncio e orações; não vão nem à sinagoga. Para não realizar trabalhos domésticos, muitas famílias vão para os hotéis. Ali há o “elevador do shabat” que sobe e desce parando em todos os pisos, para que as pessoas não tenham o trabalho de teclar o botão.

Os artistas judeus, clássicos e contemporâneos, tem dedicado muitas de suas obras, especialmente a música e a pintura, retratando as festas do shabat, como é o caso de festejado Zvi Malnovitzer.

O status sagrado do dia, o verdadeiro mandamento para observar o shabat é mencionado diversas vezes na Torá (os livros sagrados), e todos eles surgiram após o êxodo do Egito. As Escrituras revelam que no shabat existem três propósitos básicos:

1. Uma comemoração da Criação do Universo de Deus;

2. Uma celebração da libertação da escravidão dos israelitas do

Egito;

3. Uma antecipação da experiência no mundo da Era do

Messias.

Nesse dia os judeus se saudam dizendo Shabat Shalom!: “que a paz do shabat (do sábado sagrado) esteja em você!”. A observância do shabat é considerada de extrema importância, aparecendo como o quarto dos Dez Mandamentos

Lembre-se do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalhe durante

seis dias e faça todas as suas tarefas. O sétimo dia, porém, é o

sábado de Javé seu Deus. Não faça nenhum trabalho, nem

você, nem seu filho, nem sua filha, nem seu escravo, nem sua

escrava, nem seu animal, nem o imigrante que vive em suas

cidades. Porque em seis dias Javé fez o céu, a terra, o mar e

tudo o que existe neles; e no sétimo dia ele descansou. Por

isso, Javé abençoou o dia de sábado e o santificou (Ex 20,8-11;

Dt 5,12-15).