Quando comecei a ouvir falar de vinho, meu pai dizia que um bom vinho deveria conter a uva com o qual é produzido, bem como sua safra e país de origem. Estávamos engatinhando ainda aqui no Brasil nesta arte que é o mundo dos Vinhos. O tempo passou, eu cresci, comecei a apreciar mais e mais esta bebida. O Brasil vem crescendo a olhos vistos neste campo. Com isto tudo somado ao advento da Internet, que dissemina informações a todos como ninguém, meu conhecimento foi aumentando. Há poucos anos atrás, confesso que tive uma surpresa ao saber que os melhores vinhos do mundo na verdade não são monovarietais, ou vinhos feitos de um único tipo de uva, e sim Assemblages.
Conversando com um amigo meu a respeito, ele fez uma boa analogia. Quem deseja tocar em uma banda, obrigatoriamente precisa começar dominando o seu instrumento, saber ouvir os outros instrumentos e, aos poucos, ir aprendendo a arte de harmonizar todos os instrumentos. Os vinhos são exatamente isto. O ideal é que, em um primeiro momento, tenhamos contato com todos os tipos de uva, de diferentes países, diferentes terroirs, para que então possamos aproveitar a fundo tudo que um grande vinho pode nos proporcionar.
Um dia destes,eu e meu irmão abrimos duas garrafas, de vinícolas distintas, mas que tinham algo em comum: Eram dois vinhos top de linha e ambos eram Assemblages. Gostei demais de ambos, mas confesso não ter sido uma degustação fácil. Conseguir distinguir tudo o que o vinho nos traz não foi uma tarefa fácil. Neste dia eu pensei: “Preciso escrever um artigo sobre isto.”. E aqui estou...
O que é o “assemblage”?
Uma palavra francesa que não possui tradução para o português. Na verdade fala de um processo, que consiste em associar vinhos de diversas variedades de uvas, em algumas vezes variando também diversas safras, mas, mantendo sempre a mesma região vinícola. O objetivo é assegurar uma excelente qualidade e, é claro, constantes novidades já que permite ao enólogo invovar.
Como é elaborado um vinho de “assemblage”?
É necessário dispor de vários vinhos procedentes de diferentes micro-regiões da mesma região vinícola. Quando os vinhos utilizados são de diferentes regiões, falamos então na palavra corte (“coupage”). Esta é a única diferença entre assemblage e corte.Começa pela localização dos vinhedos em micro-regiões adequadas, pela escolha das uvas em seu estágio ótimo de maturação e pelas vinificações para extrair da natureza o que ela tem de melhor.
Concluídas as fermentações, é feita uma rigorosa avaliação entre os vinhos de diversas variedades recém elaborados e os vinhos com origem em colheitas mais antigas, cuidadosamente guardados, quando a vinícola também for utilizar vinhos de outras safras, o que não é tão comum.
Após profundos exames nos diferentes vinhos, os lotes que estão no seu auge entrarão no “assemblage”, os que precisam de mais tempo para amadurecer continuarão guardados, e, aqueles que não atingem os critérios mínimos de seleção, serão utilizados para outras linhas da vinícola, dificilmente sendo desprezados.
O término do processo é a combinação da seleção de vinhos de diversas variedades, todos em seu esplendor, reunindo as características superiores de cada um.
Quem realiza o “assemblage”?
O enólogo, sozinho ou com sua equipe, além de cuidar de todas as fases da elaboração, realiza o “assemblage”. Através de um trabalho intenso e minucioso de degustação, com uma dose de ciência e outra de arte, ele seleciona os lotes, classifica-os e administra qualitativamente o estoque de vinhos.
O vinho resultante normalmente chega a uma qualidade final, superior a dos melhores vinhos que entram no “assemblage”. O enólogo reúne diferentes variedades buscando sinergias entre os elementos que compõem essa associação, procurando sempre a perfeita harmonia entre os diversos elementos, como em uma orquestra.
“Assemblage” ou Varietal?
É difícil responder se os vinhos feitos de uma só variedade de uva são melhores dos que os vinhos que resultam de um lote de várias castas. Talvez não exista uma casta que seja perfeita em todos os seus aspectos, e é por isso que normalmente por tradição dos países do Velho Mundo, os vinhos sempre se fizeram combinando vários tipos de uvas.
Foram os países do Novo Mundo, que introduziram o conceito de vinho varietal, feito a partir de uma só casta, com o intuito de entrar mais facilmente no mercado europeu.
Os vinhos varietais têm uma vantagem, que é a graça de permitir ao consumidor apreciar as verdadeiras virtudes e fraquezas de cada casta, permitindo, como falamos no início deste texto, que possamos conhecer a fundo cada uma das variedades de uvas que pode ser utilizada em um assemblage.
Uma Verdadeira Orquestra Sinfônica!
Realmente podemos comparar o “assemblage” com uma orquestra sinfônica que toca uma obra-prima. Em primeiro lugar é preciso selecionar os melhores músicos e desprezar aqueles que não cumprem os requisitos técnicos mínimos. Significa escolher entre virtuosos confirmados, mas também entre jovens talentosos. Para atrair novos músicos e substituir aqueles que se aposentam, a orquestra deve manter uma escola onde os futuros gênios possam aperfeiçoar-se com o devido acompanhamento. Uma vez formada a equipe, o mestre cuida do equilíbrio entre os diferentes instrumentos para obter uma interpretação harmoniosa e personalizada.
www.mcklein.prosaeverso.net acesse e, boa leitura.
IMAGEM DO MEU ARQUIVO PESSOAL BORDOLESA PARA FERMENTAÇÃO DE VINHO NA VINICOLA MIOLO BENTO GONÇALVES-RS INVERNO DE 2011.
P.S.: INFORMAÇÕES SOBRE O VINHO QUE RETIREI DO BLOG DE GUSTAVO KAUFFMAN.
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IMAGEM DO MEU ARQUIVO PESSOAL BORDOLESA PARA FERMENTAÇÃO DE VINHO NA VINICOLA MIOLO BENTO GONÇALVES-RS INVERNO DE 2011.
P.S.: INFORMAÇÕES SOBRE O VINHO QUE RETIREI DO BLOG DE GUSTAVO KAUFFMAN.