Liberdade e Livre Arbítrio

Todo ser humano nasce com a prerrogativa de pensar com liberdade, sem preconceitos e travas de toda a espécie. No processo da vida, a utilização dessa prerrogativa fará com que realize um de seus principais objetivos: o aperfeiçoamento. Ao fazê-lo, poderá consumar o de ser útil aos semelhantes. Se pensarmos que esses podem ser os dois grandes objetivos da vida, tudo pode mudar na rotina absurda dos dias que se sucedem sem nenhuma variação.

Aperfeiçoamento pessoal implica mudanças, e para mudar é necessário se conhecer e querer. Como certa vez me disse um filho, se é para mudar para melhor, então é melhor mudar. Ao fazê-lo, poderemos construir um novo destino, contrapondo-nos à fatalidade, e ao preconceito generalizado de que tudo estava escrito.

Ao chegar a este mundo encontramos muitas coisas prontas. Devemos fazer a nossa parte, deixar alguma coisa para os que virão. Se impacientes, criar a paciência; se rancorosos, a bondade; se irritadiços, aprender temperança, se egoístas, o desprendimento.

E há também muitos preconceitos que precisam ser identificados e eliminados. O primeiro deles, o que diz que não podemos nos modificar. O outro, que tudo estava escrito; e que a vida é um vale de sofrimentos, que não somos ninguém; que o homem não tem conserto; que alguém virá nos salvar para fazer por nós o que não fomos capazes.

Todo este lastro psicológico prostra o homem na inércia, na desesperança, no pessimismo e na depressão.

A vida deve ser renovação constante. A cada decisão, mudamos o futuro. E se ela for consciente, para atender um objetivo definido, como o do aperfeiçoamento, o novo futuro que começa ali certamente ampliará a vida e a tornará mais feliz, que é o que se busca.

Entre o dia do nascimento e o da morte, todos os outros podem ser nossos, se resolvermos assumir o controle da vida.

Não há leis que imponham a liberdade onde impera a ignorância. Como disse muito bem o ilustre pensador Condorcet, ícone da Revolução Francesa, sob a mais livre das Constituições, um povo ignorante será sempre escravo. O conhecimento libera. A ignorância escraviza. E ele vai além do que se possa aprender no lar e nos bancos escolares, pois deve alcançar a realidade do que somos e poderemos ser.

A aparente liberdade dos que andam perdidos pela cidade, sem nenhum outro objetivo que a subsistência e suas necessidades físicas, nada tem a ver com livre arbítrio que implica aperfeiçoamento e evolução .

Aos que se achem subjugados por dogmáticos pensamentos alheios, sejam eles de qualquer índole, restrita é a possibilidade de pensar com liberdade, exercer o livre arbítrio, prerrogativa maior concedida ao homem cuja guarda e desenvolvimento lhe incumbe, para não se ver privado dele pela ignorância, inimiga primeira do ser humano.

Nagib Anderáos Neto

Neto.nagib@gmail.com

www.twitter.com/anderaosnagib