Ron na Klan (publicado originalmente em 2/2/2019)
A história é real: em 1978, Ron Stallworth, policial negro do Colorado, se infiltra na Ku Klux Klan local por meio de investigação. Ele se comunicava com outros membros do grupo pelo telefone e cartas.
Nos encontros pessoalmente, um policial branco ia no seu lugar. Após meses de trabalho, Ron consegue se tornar líder da KKK e é o responsável por sabotar uma série de linchamentos e demais crimes de ódio orquestrados pela seita racista.
Em 'Infiltrado na Klan' (2018), de Spike Lee, John Washington é Ron e Adam Driver é Flip, o branco que finge ser Ron nos encontros ao vivo. David Duke, o líder nacional da KKK, é interpretado por Topher Grace.
Trata-se de uma obra que só saiu porque o presidente dos EUA hoje é Trump, e as políticas sociais e econômicas dele são, no mínimo, polêmicas. Lee não perdeu aqui a chance de explorar as tendências antissemitas e arianas do grupo.
Com atuações acima da média, ele comanda muito bem sua trupe de bons atores. Nada lhe passa despercebido em 'Infiltrado na Klan'. O papel de Ron é meio superestimado: o cara é negro, seguro de si, com a autoestima lá em cima e direto e reto em suas opiniões.
Duke é retratado como seu oposto – arrogante, convencido e debochado. Há a pérola do diálogo entre ambos, onde Duke diz: 'Não teria dúvidas se soubesse que estou conversando com um negro, simplesmente porque eles falam algumas palavras diferentes de nós'.
Do outro lado da linha, o policial gargalha e faz troça ao lado dos colegas. Lee tempera o filme com personagens ásperos com a finalidade de dar ao enredo luz de thriller experimentado. Na KKK há o ingênuo, o desconfiado, o amigo.
Destaco ainda a aparição especial de Alec Baldwin no início e as inserções colocadas no final, com imagens de notícias ocorridas em 2017, permeadas com um pronunciamento de Trump. Duração: 135 minutos. Cotação: bom.