Wilson Grey, 95 anos (publicado originalmente em 8/12/2018)
A plêiade de atores e diretores brasileiros hoje restritos ao ostracismo é vasta. Alguns meses atrás, neste espaço, escrevi sobre os 20 anos da morte de Geny Prado. Quem se lembra dela em 2018?
Hoje, coloco à baila o ator Wilson Grey – se estivesse vivo, dia 10/12 faria 95 anos (em 3/10, 25 anos de sua morte). Se você for ao site imdb.com e procurar pelo nome do artista, verá que Grey tem quase 200 trabalhos creditados em 45 anos de carreira (1948-93), a maioria (mais de 90%) no cinema.
Com o seu bigodinho característico, jeitão de malandro carioca, tipo franzino, era batata sua participação nas fitas dos anos 1940 e 1950 dos estúdios fluminenses, então na capital federal. Era um dos coadjuvantes principais da tela nacional.
A voz tonalizada, rouca, provocativa funcionava ao mesmo tempo em comédias e dramas mais tensos. Somente em 1982, quase aos 60, conquistou seu protagonismo em 'O Segredo da Múmia', na pele do professor Expedito Vítus. A atuação lhe valeu troféu de melhor ator no Festival de Brasília.
Longas-metragens célebres, como 'O Beijo da Mulher Aranha' (1985) e 'Memórias do Cárcere' (1984) contaram com a sua participação, aí já na celebridade do prêmio conquistado.
Na TV, além de algumas minisséries e novelas, foi parceiro de Chico Anysio, quando este era Azambuja e Grey, Linguiça, e a dupla armava as maiores arapucas pra conseguir os míseros 'trocados', e tudo sempre dava errado.
No papel de Ermírio nos 2 'Vai Trabalhar, Vagabundo' (1973 e 91), confessou que o personagem era um pouco autobiográfico. E não poderia ser de outra maneira. Quem viu os 2 filmes, sabe.
Em 1989 sofreu uma isquemia cardíaca, agravada em 90 por dois AVC's. Três anos depois, um infarto o mataria, 2 meses antes de chegar aos 70 anos. Até hoje, as tantas chanchadas da Atlântida, lhe renderam a marca no livro dos recordes, como o artista da América Latina que mais esteve presente em filmes.