Capitão América: soldado invernal

No filme Capitão América: Soldado Invernal há uma cena emblemática: a em que Steve Rogers (o Capitão América) e Natasha Romanof (a Viúva Negra), numa base militar secreta, ouvem Ernin Zola, um cientista da Hidra, agora reduzida a sua inteligência a um sistema de programas de computador, inteirá-los da estratégia da Hidra para dominar o mundo.

Eu já havia assistido ao filme não muito tempo após o seu lançamento em dvd, e não me recordo se atentei, naquela ocasião, à cena que agora destaco.

A estratégia da Hidra para a dominação do mundo distingue-se, salienta Ernin Zola, da empregada, pelos nazistas, na 2a. Guerra Mundial; não consiste, como a dos nazistas, em empregar a força contra o povo que se deseja oprimir.

Os nazistas, em sua agressiva estratégia de dominação, inspira aos povos reação, em defesa da liberdade, então ameaçada, para evitar que ela lhe seja roubada; assim enfentam os nazistas revoltas, que lhes impõem derrotas, estendendo os conflitos, cujo desenlace, como se sabe, não lhes foi favorável. Os estrategistas da Hidra (que vem a ser, em tal história, uma espécie de organização nazista mais sofisticada) concebem, então, cientes das razões do fracasso de sua antecessora, uma outra estratégia, para dominar o mundo: Em vez de iniciar um empreedimento bélico contra um país, infiltra a Hidra seus agentes na SHIELD (certa de não poder desafiá-la num embate direto), organização rival, representante do mundo livre, corrompendo-a, usando dos recursos dela, e agindo em nome dela, para produzir o caos em diversos países, manipulando os povos, sem que eles o percebam, envolvendo-os em conflitos, cujo desenlace é incerto, e os povos, amedrontados, suplicam por soluções, e será a própria Hidra (agora tendo o controle de considerável parcela da SHIELD) que lhas oferecerá, e o fará, oprimindo-os; e em tal empreendimento os converte a Hidra numa massa amorfa, maleável, sugestionável, submissa, favorável às políticas da Hidra, e em nenhum momento desconfiam que estão sendo oprimidos, pois não a têm como opressora, têm-na como protetora, libertadora. Aliás, eles não têm a Hidra como libertadora, pois da existência dela eles nem sequer desconfiam; eles têm a SHIELD como libertadora, protetora (Faço uma comparação com a realidade: os comunistas, ao decretarem a morte do comunismo, dando-se, portanto, como inexistentes, avançam em seu empreendimento sem que se lhes imponham obstáculos). E a concepção de tal estratégia, que não é uma fantasia sem respaldo na realidade, não se deu na cabeça dos roteiristas do filme; deu-se na cabeça de estrategistas políticos.

E para se ter um vislumbre da sofisticação (em sua simplicidade) e do alcance de tal estratégia é recomendada a leitura de artigos, que versam sobre o tema, de Olavo de Carvalho, que a respeito já escreveu muito; em alguns de seus artigos, ele trata da infiltração, por agentes comunistas, de organizações americanas (a história de McCarthy é um exemplo clássico) e do governo americano, e da ação, nos meios de comunicação de massa ocidentais, dos comunistas. E é recomendada, também, a leitura do livro Desinformação, de Ion Mihai Pacepa, general romeno que muitos serviços prestou aos comunistas enquanto ocupava (na sua outra vida, como ele à ela se refere) um cargo de importância na hierarquia do movimento comunista, e que, atualmente vivendo nos Estados Unidos, presta inestimáveis serviços ao mundo livre, revelando as artimanhas diabólicas dos comunistas - e os que se batem contra os comunistas podem aquilatar o valor das revelações de Ion Mihai Pacepa, reconhecendo-se os ganhos que se teve na compreensão do modo de pensar e de agir deles.

Contrariando as expectativas, e superando-as, Capitão América: Soldado Invernal, um filme de super-heróis, gênero literário para o qual muita gente torce o nariz, revela-se muito mais do que um filme - e não é exagero dizer que ele é, respeitando-se as limitações do gênero, um tratado político. Dá o filme uma trama cujos protagonistas reproduzem valores da nossa sociedade e um dos mais satânicos truques que a inteligência humana já concebeu.

E não muitos dias depois, li, de Ricardo Roveran, uma resenha do filme Capitão América: Soldado Invernal. Em um determinado trecho, refere-se ele à Teoria da Subversão, de Yuri Bezmenov; e tal teoria é a que sustenta a estratégia da Hidra.

Estou, hoje, convencido de que os filmes de super-heróis estão repletos de teorias políticas, não se resumindo, portanto, a entretenimento unicamente.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 27/11/2018
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