Sem corujice (publicado originalmente em 19/10/2010)

A primeira impressão sem pensar muito ao assistir 'A Lenda dos Guardiões' (2010) é sobre a linda identidade visual da aventura. Baseado no tripé branco, prateado e dourado, suas cenas são fulgurantes e inesquecíveis, no quesito colorido. A história das corujas raptadas da família para servirem a uma gangue que se autodenomina de 'puros' é, antes de mais nada, pouco empolgante. A trama tem elementos de raro uso , como uma cobra com jeito de cobra mesmo, feia, alusões à raça ariana de Adolf Hitler, e duelo entre irmãos, que acaba em mortes. Ancorado nos livros infantis de Kathryn Lasky, a fita conta como os irmãos corujas Soren e Kludd foram separados dos seus pais quando ainda não tinham atingido a adolescência e nem sabiam voar direito. Nas tentativas, um zombava do outro, sendo Kludd o mais ciumento e carente.

Cheio de nomes nada familiares para os brasileiros, e de roteiro por vezes confuso e atrapalhado, 'A Lenda dos Guardiões' peca por determinadas sequências nas quais não dá a saber quem é inimigo ou o mocinho, pois os desenhos são praticamente iguais, mesmo que as cenas de luta sejam em câmera lenta. Dirigido por Zack Snyder (de '300' – 2007 – e 'Watchmen' – 2009, e o novo de 'Superman', previsto para 2012), este longa-metragem foi o primeiro dele de animação. A padrões regulares, se saiu bem, tendo um orçamento de US$ 80 milhões e fincado na marca 3D para fazer sucesso. É, para defini-lo precisamente, a história voltada a crianças de seis a dez anos. Aos adultos, serve como atrativo visual, principalmente se a audiência for em terceira dimensão. Os detalhes (as penugens, por exemplo) são riquíssimos, magníficos.

A confecção de 'A Lenda dos Guardiões', percebe-se, foi trabalhada no sistema de computação gráfica. O estilo predomina entre animações atuais. Se não me engano, somente a Disney continua a fazer desenhos no papel para depois levá-los aos computadores... Se é tradicional ou não, vale a intensão deles.

Algumas curiosidades sobre as corujas, bichos os quais tenho muito apreço: costuma-se afirmar, na crendice popular, que as corujas anunciam a morte quando piam ou voam no meio da noite. As pessoas que as veem nestes instantes chegam a se benzer. Àqueles que não seguem pensamento do povo referem-se à ave como a deusa do saber, nos termos da filosofia. Além disto, são os únicos animais que giram seu pescoço em 180 graus. Todas estas informações caem aqui porque eu não faço aqui papel de mãe coruja com 'A Lenda dos Guardiões'. Aprecio corujas, não a fita. Para quem deseja aprender sobre departamento de artes dos traços, o filme vem a calhar. Se for ao cinema, leve seu filho, neto, primo ou sobrinho com a tenra idade. Ele adorará e você não perderá tudo. O ingresso terá valido a pena (o trocadilho, entendeu?).

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 19/10/2010
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