HISTÓRIA SOBRE OS TRILHOS AS VELHAS FERROVIAS EM GOIÁS - PARTE IV (Curiosidade sobre manutenção nos trilhos)
Postos no telheiro da Estação Ferroviária de Leopoldo de Bulhões, enquanto esperávamos a passagem de um cargueiro que vinha não sabemos de onde, nem para onde ia, a conversa com os anfitriões esquentava. Soubemos que não seria possível embarcarmos num trem para percorrer mesmo um pequeno percurso. Disseram que seria impossível viajarmos, pois necessitaríamos de uma série de equipamentos que estavam no Estado das Minas Gerais. Mesmo assim, como disse, tivemos a chance de colher muita informação acerca do assunto. Fomos informados pelo chefe dos funcionários sobre a necessidade de estar monitorando a temperatura dos trilhos, pois segundo ele, as temperaturas devem estar entre 15 e 60 graus Celsius, uma vez acima de 60 graus os trilhos poderão sofrer desgastes causados pelas altas temperaturas. Caso os termômetros instalados nos trilhos acusem uma temperatura fora do normal, um sinal de alerta é disparado e todas as locomotivas que se encontrarem nos trilhos serão obrigadas a parar até que a temperatura se estabeleça. O sistema é monitorado via satélite e se por ventura os funcionários desconfiar de algum problema com as locomotivas, a central poderá parar o transporte por meio do satélite até que uma equipe checa o ocorrido, seja uma falha técnica, mecânica ou um mal sofrido pelo maquinista, durante esse intervalo, a estrada fica interditada. Outro ponto cauteloso é o fato de o local exato do estacionamento da locomotiva, deve ser necessariamente no espaço indicado, pois um pouco para frente ou para trás significa uma transgressão do maquinista.
Ainda de acordo com os funcionários, vez por outra é preciso fazer um processo de alinhamento de carga ali mesmo na Estação Ferroviária de Leopoldo de Bulhões, isto é, separar a carga por categorias e isso leva um tempo capaz de atrasar a viagem, o que acarreta em multas. Por isso, tudo deve ser feito dentro de um prazo conveniente de modo que a carga esteja no porto na data marcada. Muitas vezes, o trabalho é tão complexo que os funcionários não sabem do que se trata a mercadoria, pois há um rigor nos lacres, principalmente motivado pela Receita Federal.
Os funcionários também nos falaram sobre uma máquina que estava ali no pátio da Estação Ferroviária de Leopoldo de Bulhões e sobre um contêiner sobre os trilhos, exatamente no perímetro de fazer manobras.
Sobre a utilidade da máquina disseram ser um equipamento capaz de detectar possíveis quebraduras nos trilhos antes mesmo da trincadura total e ela pode também alinhar os trilhos que por ventura venham a sofrer desalinhamento. A revisão dos trilhos pela máquina é feito de seis em seis meses e isso acontece em todo o percurso da linha férrea. É uma máquina que como as locomotivas, andam sempre pelos trilhos. Somente as funções são diferentes.
Em relação ao vagão, também há uma curiosidade, trata-se de uma casa ambulante que cumpre a função de transportar funcionários com maior comodidade pelos trilhos Brasil afora, ou Brasil adentro. Tentamos matar nossa curiosidade sobre o espaço interno da casa sobre trilhos, mas fomos informados pelos funcionários de que infelizmente ela estava trancada, mas não nos informou nas mãos de quem estaria o poder das chaves. Para não gerar qualquer tipo de constrangimento em ambas as partes, a conversa sobre a nossa entrada na casa ambulante parou por ali, diferentemente da nossa inesgotável curiosidade sobre tanta coisa nova. Soubemos que tudo de necessário que existe numa residência, há também naquela casa sobre trilhos.
Com o consentimento dos funcionários ainda insistimos em esperar pelo cargueiro que estava previsto para chegar ali às onze horas, persistimos, mas ele somente passou por ali ao meio dia e alguns minutos, atraso que cada vez mais aguçava a nossa curiosidade. Satisfeitos, retornemos à Goiânia.