BBB, capitalismo de vigilância, Pavlov e aversão a legendas étnicas 
 
O Big Brother, como o nome mesmo diz, nos leva a pensar em 1984, e a uma espécie de capitalismo de vigilância. Experiências científicas foram feitas com pessoas confinadas, no passado, e nessas havia apenas o público científico a assistir. Hoje temos o privilégio de acompanhar uma experiência parecida. Um programa de TV, de bom entretenimento. Quem não procura a fama? Hoje a fama vale mais do que dinheiro, para muitas pessoas. Na sociedade da vigilância percebemos muito disso e mais, onde cada um está vigiado por suas câmeras em celular. Todos postam fotos, histórias, sua vida. Somos também o Big Brother. Mas no programa de TV, que reuniu dessa vez muitos artistas, cantores, além de professores, influencers e outros, e vemos um jogo que repete a simpatia e a não simpatia dos jogadores e público. Aos jogadores são dadas provas físicas e de atenção, é racionado alimento, são dados prêmios, fantasias de “monstros” etc. Semelhantes aos experimentos de Pavlov, a recompensa gera um hábito, e se consegue estimular um comportamento. A nossa sociedade também premia e pune, também tem seu confessionário, suas votações, conquistas, festas e eliminações. O problema que isso hoje nos leva a entregarmos nossos dados, e a sermos chamados a consumir. O capitalismo tomou toda a nossa vida. Já o jogo BBB 21 começou com grande crise na perseguição e exclusão de um participante, o que acabou marcando alguns participantes como vilões. A curitibana acabou sendo grande vilã, apesar de isso parecer ter sido um tanto mantido e construído, pela audiência. O fato é que o discurso na defesa de legenda étnica ou racial não pegou bem, e nessa defesa um a um os integrantes e ideólogos foram sendo eliminados pelo público. O Brasil é colorido, e os que falavam no tema, eram pessoas de destaque e sucesso, inclusive financeiro. O público parece não ter se identificado, apesar de vir de origem negra, e tema merecendo mesmo mais atenção, mas com abordagem mais inteligente. Os temas relevantes não vêm tendo atenção, e o público quer mais ver festa e brigas em BBB. Afinal, é um programa de entretenimento, apesar dos brothers.