O menino preto
Tamir Rice não é nome de brasileiro. É de americano, ou foi, até o fim do ano passado. Chegou aos doze anos e, sozinho, num parque de recreação em Cleveland, pôs-se a brincar com um revólver de brinquedo, bem parecido com uma arma de verdade. Queria imitar algum ídolo, ou só ter a sensação de apontar para o vazio?
Uma viatura policial que passava pelo local, coincidentemente, ou quiçá em atenção a alguma chamada - o que se sabe só é que duma certa distância foi filmada - não parou nem hesitou: apenas disparou. E o guri, pritim, tombou em meio à branca neve que o cercou.
E um ano decorrido, um grande júri designado para investigar o caso, anuncia a decisão de que ninguém vai a julgamento. E que a fatalidade decorreu de uma sucessão trágica de erros.
Fosse o menino alvo, teriam-no acertado?