LIBERTAS QUAE SERA TAMEN...?! REEDIÇÃO DE IVAN TADEU DOS POBRES...
LIBERTAS QUAE SERA TAMEN
A SANHA AUTORITÁRIA DE ALEXANDRE DE MORAES
O que explica que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), monocraticamente, sem qualquer pudor ou constrangimento, notoriamente ao arrepio da Constituição e das Leis, em presunçosa postura acima do bem e do mal, prossiga, sem freio algum, a sua facciosa e abusiva sanha de perseguição unilateral e implacável a políticos, jornalistas, influencers, empresários, religiosos e, até mesmo, altas autoridades da República (como o Procurador Geral e o próprio Presidente), dissonantes de seus juízos e ficções, de forma tão descaradamente desmesurada e impune?
Pior: com a cumplicidade e o compadrio (ativo ou passivo) de seus “pares supremos”!
Tudo isso somado à omissão conivente de um subalterno Senado Federal, a quem caberia, por determinação constitucional, exercer a função de contrapeso aos abusos da toga!
E mais: com a condescendência (e incentivo) da grande mídia (outrora “defensora” do Estado democrático de Direito e das liberdades individuais!); de sindicatos e associações de classe (como a OAB e a ABI); de intelectuais, acadêmicos e artistas (costumeiros e pródigos “denunciadores” de toda sorte de autoritarismo) – tudo somado ao silêncio ensurdecedor (e profano) de uma CNBB et caterva!
Sim, o mesmo senhor de capa preta que, recentemente, à revelia de sua (no mínimo) sinistra e desabonadora conduta, foi “ungido” e “consagrado”, em cerimônia de têmpera imperial (inédita na história da Casa) – e não obstante seus afrontosos e acumulados desvarios –, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (sic!), assumindo, por conseguinte, com o lastro de seu rosário de máculas e veleidades, a condição de “xerife” e “armígero” tendencioso da já intrincada e tormentosa “guerra eleitoral” em expansiva conflagração – ao invés daquela de juiz isento e imparcial, como seria desejável em tão conturbada conjuntura.
A explicação para toda essa desvairada escalada autoritária é uma só: trata-se de uma ação combinada. São todos – ao lado de Alexandre Moraes – atores e sócios de uma única e mesma urdidura; de um único e compartilhado complô: a reconquista totalitária do Estado (no caso, do Poder Executivo que gerencia as chaves dos cofres públicos e as nomeações estratégicas), com o expurgo do atual (e incômodo) “inquilino” (não importa se legitimado pelo voto popular), sistemática e repetidamente (não por acaso) acusado, por tais agentes, de “tosco”, “racista”, “misógino”, “homofóbico”, “fascista” e, mais recentemente, graças à oportunidade proporcionada pela pandemia, de “negacionista” e “genocida”.
Desde a Operação Lava Jato, com o desnudamento das entranhas corrompidas do Estado brasileiro e da velha classe política nele impregnada, os tradicionais “donos do poder” (as oligarquias patrimonialistas que sempre se locupletaram do erário público) vêm perdendo a hegemonia, a capacidade de convencimento e liderança que antes exerciam, por meio do monopólio da grande mídia (hoje dissolvido pelas redes sociais), sobre a maioria da população brasileira. Este é o “x” da questão! As mesmas oligarquias às quais se amalgamaram as ditas “esquerdas”, após a ascensão de Lula ao poder, em 2002, e que nada mais fizeram (ao contrário do que prometiam) que potencializar e institucionalizar, “como nunca dantes na história deste país”, o domínio cleptocrático dos aparelhos de Estado e o seu uso descomedido para fins ilícitos e cabulosos (Mensalão, Petrolão, etc.).
Foi a reação à corrupção institucionalizada que gerou o antipetismo do final da década de 2010 e que levou à vitória (contradizendo os prognósticos) o “outsider” Jair Bolsonaro, no sufrágio de 2018 – contra quem se infundiu, a partir de então, a reação em cadeia dos antigos (e raivosos) arrendatários do Planalto, ávidos pela retomada urgente do “bem” desperdiçado.
Desmoralizados a classe política, os partidos de esquerda e seus coadjuvantes associados, e destituídos seus líderes – por conta de todo o passivo de trapaças legado – de qualquer capacidade moral para reaver o “patrimônio” perdido através dos costumeiros (e lícitos) recursos democráticos, restou ao establishment ferido reagir, como último recurso, por apelo à ação direta (e ilegítima!) da Suprema Corte, recheada de quinhoeiros da mesma trama, catapultada então, de forma degenerada e espúria, à cena política, no intuito de assim reaver, a qualquer custo (inclusive do estupro da Constituição e da ruptura institucional), o poder de mando sobre os cofres públicos, foco central de toda a concertação.
Alexandre de Moraes, em todo esse contexto (e com o apoio integral da poderosa corporação de interesses), cumpre apenas o papel (graças aos seus dotes pessoais mais “arrojados”) de ponta-de-lança convocado para comandar tal despótica e delituosa investida, contra o que os “donos do poder” apostam não haver força capaz de exercer, com sucesso (e à altura), nivelada contraposição.
Não se trata, portanto, ao fim e ao cabo, de uma peleia entre “esquerda” e “direita”, tampouco entre “progressistas” e “conservadores”, muito menos entre capitalismo e socialismo – como fazem crer enganosas narrativas. Pois a atual “guerra brasileira” é, fundamentalmente (eis a explicação fulcral do fenômeno!), uma disputa entre oligarquias patrimonialistas e grupos comprometidos com a gestão republicana do Estado – que nunca existiu, de fato, no país.
É justamente em decorrência dessas premissas e por conta dos avanços ilimitados do despotismo “alexandrino”, configurado em atos sucessivos de flagrante ruptura com o estado de Direito, que o 7 de setembro de 2022 tende a se transformar – a contrapelo dos interesses (esses sim!) fascistas – num retumbante grito de independência em favor das liberdades democráticas, ao mesmo tempo que uma delação portentosa contra o jugo opressor e prepotente da ordem cleptocrática – até aqui, majoritariamente, ainda dominante.
“Independência ou Morte”, “Liberdade ou Servidão” serão, em vista disso, o leitmotiv das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, numa reedição atualizada, agora sob o protagonismo das massas, do histórico “Libertas Quae Sera Tamen” – último e categórico “recado” aos verdadeiros usurpadores da soberania popular.