Sobre O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA - o filme
O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA - o filme
(Goulart Gomes)
Fui assistir, ontem, com um certo receio, o filme O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, baseado no romance de mesmo título do genial Gabriel García Marquez. E meu receio deveu-se a dois motivos: o primeiro é que poucas foram as adaptações bem sucedidas, para o cinema, dos grandes livros da literatura universal. Em segundo lugar, o fato de que o maravilhoso da história não é trama em si, mas a fantástica narrativa do autor colombiano. O livro – que está entre os dez primeiros da minha lista de 100 (veja em Textos – Artigos) - foi iniciado em 1984, ao término do ano sabático que Gabriel se concedeu, após ganhar o Prêmio Nobel de Literatura e narra a história do amor platônico de Florentino Ariza por Fermina Daza, que se desenrola ao longo de mais de 50 anos, baseada na verdadeira história de amor dos pais do autor. Foram 622 mulheres que passaram pela cama do personagem central, mas nenhuma delas teve o poder de fazê-lo esquecer da mulher que verdadeiramente amava. Enfim, o filme me surpreendeu, conseguindo ser fiel à essência do livro e pela excelência dos atores, entre eles a brasileira Fernanda Montenegro, no papel da mãe de Florentino. Para aqueles que ainda não tiveram o prazer de ler a obra, transcrevo alguns trechos selecionados por mim:
“Mas se alguma coisa haviam aprendido juntos era que a sabedoria nos chega quando já não serve para nada.”
“Vinham dessa época suas teorias um tanto simplistas sobre a relação ente o físico das mulheres e suas aptidões para o amor. Desconfiava do tipo sensual, as que pareciam capazes de comer cru um jacaré-açu, e que costumavam ser as mais passivas na cama. Seu tipo era o contrário: essas rãzinhas sumidas, que ninguém se dava ao trabalho de olhar duas vezes na rua, que pareciam reduzidas a nada quando tiravam a roupa, que davam pena porque seus ossos rangiam ao primeiro impacto, e que no entanto podiam deixar pronto para a lata do lixo o maior dos gargantas...”
“Com ela aprendeu Florentino Ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: ‘O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.” Estava banhado em lágrimas com a dor dos adeuses. Contudo, mal desaparecera o navio na linha do horizonte e a lembrança de Fermina Daza tinha voltado a ocupar seu espaço total.”
“É incrível como se pode ser tão feliz durante tantos anos, no meio de tanto bate-boca, tantas chateações, porra, sem saber de verdade se isso é amor ou não.”
“’Nós homens somos uns pobres criados dos preconceitos’, ele tinha dito certa vez. ‘Em compensação, quando uma mulher resolve dormir com um homem não há barreira que não salte, nem fortaleza que não derrube, nem consideração moral nenhuma que não esteja disposta a varar de lado a lado: não há Deus que valha’”.
“Pois tinham vivido juntos o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso ficava quanto mais perto da morte.”
O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA - o filme
(Goulart Gomes)
Fui assistir, ontem, com um certo receio, o filme O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, baseado no romance de mesmo título do genial Gabriel García Marquez. E meu receio deveu-se a dois motivos: o primeiro é que poucas foram as adaptações bem sucedidas, para o cinema, dos grandes livros da literatura universal. Em segundo lugar, o fato de que o maravilhoso da história não é trama em si, mas a fantástica narrativa do autor colombiano. O livro – que está entre os dez primeiros da minha lista de 100 (veja em Textos – Artigos) - foi iniciado em 1984, ao término do ano sabático que Gabriel se concedeu, após ganhar o Prêmio Nobel de Literatura e narra a história do amor platônico de Florentino Ariza por Fermina Daza, que se desenrola ao longo de mais de 50 anos, baseada na verdadeira história de amor dos pais do autor. Foram 622 mulheres que passaram pela cama do personagem central, mas nenhuma delas teve o poder de fazê-lo esquecer da mulher que verdadeiramente amava. Enfim, o filme me surpreendeu, conseguindo ser fiel à essência do livro e pela excelência dos atores, entre eles a brasileira Fernanda Montenegro, no papel da mãe de Florentino. Para aqueles que ainda não tiveram o prazer de ler a obra, transcrevo alguns trechos selecionados por mim:
“Mas se alguma coisa haviam aprendido juntos era que a sabedoria nos chega quando já não serve para nada.”
“Vinham dessa época suas teorias um tanto simplistas sobre a relação ente o físico das mulheres e suas aptidões para o amor. Desconfiava do tipo sensual, as que pareciam capazes de comer cru um jacaré-açu, e que costumavam ser as mais passivas na cama. Seu tipo era o contrário: essas rãzinhas sumidas, que ninguém se dava ao trabalho de olhar duas vezes na rua, que pareciam reduzidas a nada quando tiravam a roupa, que davam pena porque seus ossos rangiam ao primeiro impacto, e que no entanto podiam deixar pronto para a lata do lixo o maior dos gargantas...”
“Com ela aprendeu Florentino Ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: ‘O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.” Estava banhado em lágrimas com a dor dos adeuses. Contudo, mal desaparecera o navio na linha do horizonte e a lembrança de Fermina Daza tinha voltado a ocupar seu espaço total.”
“É incrível como se pode ser tão feliz durante tantos anos, no meio de tanto bate-boca, tantas chateações, porra, sem saber de verdade se isso é amor ou não.”
“’Nós homens somos uns pobres criados dos preconceitos’, ele tinha dito certa vez. ‘Em compensação, quando uma mulher resolve dormir com um homem não há barreira que não salte, nem fortaleza que não derrube, nem consideração moral nenhuma que não esteja disposta a varar de lado a lado: não há Deus que valha’”.
“Pois tinham vivido juntos o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso ficava quanto mais perto da morte.”