Dos deveres - Cícero (comentários)

Cícero é um Orador, amante da filosofia e um estadista de Roma, 42 anos antes de Cristo.

Tido também como um grande linguista, foi responsável por introduzir a filosofia grega em Roma.

Era um filosofo eclético, tendo grande apreço, entre outros, por Sócrates, Platão, Aristóteles e o estoicismo.

Nesta obra, Dos deveres, escrito para seu filho que à época estudava filosofia aristotélica(peripatéticos) em Atenas disse:

“não deixe de ler minhas obras, nas quais a doutrina pouco difere da dos peripatéticos, pois eles e eu nos ligamos a Sócrates e a Platão.”

"Aos estoicos, aos acadêmicos, aos peripatéticos cabem nos ensinar deveres... Neste estudo, seguiremos, de preferência, os estoicos, mas sem servilismo."

Para falar de deveres, Cicero, nessa obra, trabalha o conceito de honestidade e compara com a ideia da utilidade.

“se depois de olhar de perto, compreendemos que há algo de vergonhoso no que nos parecia útil, é preciso não só renunciar ao útil, mas compreender que o que envergonha nunca é útil.”

“uma coisa não poderia ser ao mesmo tempo útil e desonesta.”

“os maus, na sua cegueira, são tocados pelo que lhes parece útil, e o separam do honesto.”

“conclui-se que nunca é útil fazer mal, pois isso é sempre vergonhoso, e que é sempre útil ser homem de bem, pois isso é honesto.”

“um homem de bem nunca chegaria a vez de nada fazer, ou mesmo de pensar, que não pudesse dar a conhecer de todo mundo”

“há uma regra única, que eu desejo que meu filho retenha: prestar atenção se o que parecer útil não é contrário à honestidade.”

“ é transtornar os fundamentos da natureza distinguir o honesto do útil”

Para Cicero, os deveres da Honestidade/Probidade derivam de quatro categorias de Virtude.

Essas quatro categorias, nada mais são do que as 4 virtudes cardenais da Républica de Platão, quais sejam: Sabedoria, Temperança, Justiça e Coragem.

Na categoria da Sabedoria, Cicero inclui a Prudência.

Na categoria da Temperança, Cicero inclui o modéstia, o recato, o decoro.

Em relação a categoria da Justiça, Cicero inclui a generosidade.

E quando Cicero fala de Coragem, ele também fala de fortaleza, de grandeza de alma.

Dessas virtudes derivam a honestidade, base de todo dever.

Considero que essa obra tem o poder de nos colocar humildes em nossa capacidade de discernimento das coisas justas. O quanto sou capaz de captar e aplicar o bom senso frente as situações da vida? Com o que me apoio para fazer meu juizo de valor frente as escolhas da vida? Com que valores eu realmente estou comprometido?

Considero que Cícero nos lembra duas perguntas que clarifica nosso senso de expectativas sobre as nossas escolhas e a escolhas dos outros:

“Que se espera de quem considera a dor o maior mal?”

“Qual a temperança de quem considera a volúpia o bem supremo?”

Atma Jordao
Enviado por Atma Jordao em 27/02/2021
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