QUAL É O SEU TALENTO, PATETA ?!

QUAL É O SEU TALENTO, PATETA ?!

Continuando minha "viagem" sobre a manipulação que fazemos/sofremos no quesito sentimento de compaixão, resolvi expor esta análise de 2 programas na TV brasileira. No dia 2 de dezembro de 2009 um garotinho de 5-6 anos dançou imitando um robot -- isso porque mal se mexeu! -- mas, mesmo assim, foi classificado para a fase seguinte.

Não entendi, porque esses mesmos exigentes Jurados desclassificaram um garoto de uns 12 anos, cantando e tocando razoavelmente bem Beatles, e também um ginasta paraplégico com uma execução impecável, ao nível de um Diego Hipólito.

Já o dia 9 de dezembro foi uma noite gloriosa para a Arte no programa, que tinha classificado uma dançarina de bambolê (girando-os pendurada numa corda), um artista do desenho com areia, 2 duplas de ginastas, um casal e 2 senhores de 50-70 anos.

Aí veio novamente o garoto-robot e, na apresentação dele, entendi o porquê de ter ganho na semana anterior. Estava, com aqueles poucos passos, superando uma grave doença cerebral. Antigamente dizia-se a quem tinha pouca idade e fazia algo (quase sempre um trabalho manual) IGUAL ao de um adulto que... "êle tem o dom"! Já para quem fazia algo espetacular: "êle tem talento"! O garoto-robot não passou, mas levou de lembrança esta frase de um dos jurados

-- "Não estou aqui para ver homem rebolando"!

O grand finale do programa foi com o elemento conhecido nas TVs por descascar côco com a boca e quebrá-los no "côco", digo, na cabeça. Veio com pintura facial à moda Kiss e posicionou-se na marca (no palco) previamente definida. Despencou do teto uma barra de gelo, que esfacelou-se no crânio neanderthal do mesmo. Outra mudança de posição e lá vem uma senhora melancia, que tem o mesmo destino da pedra gelada, fazendo uma lambança no palco. Repetiu a dose com a pedra de gêlo e fechou o quadro quebrando um ladrilho, também com a cabeçona.

Sob os aplausos da platéia ululante e ensandecida os exigentes jurados quase que simultâneamente deram 3 "Sim", luz verde nas mesas. Faltava o 4º "Sim", da maravilhosa, linda, simpática e amável jurada, cuja frase sintetizou a opinião de 80% dos telespectadores;

-- " Você fez um monte de loucuras, mas não me emocionou... não tenho como lhe dar meu "Sim"! Então, êle caiu de joelhos e pediu uma chance para mostrar o seu mais emocionante número, no qual tinha gasto um mês de treino. Feita a assertiva , dirigiu-se para 4 lâmpadas acesas, desenroscou uma delas e voltou ao centro do palco.

Antevendo o desfecho, o semblante da mais amada jurada do Brasil anuviou-se. Êle, ajoelhado, quebrando a ainda útil lâmpada , confirma. Ela vira o rosto para não ver o que teria que votar... êle leva um bom pedaço da mesma à boca, pondo o microfone rente aos lábios para que a moça ouça o que não quer ver!

Após várias mastigadas amplificadas pelo microfone, ela sucumbe... emociona-se e carimba o tão almejado "Sim". .Lembrei-me da estória do Lobo Mau e os 3 Porquinhos, Destacando-se o inteligentíssimo porquinho Prático, se a realidade imita a ficção -- me perdoem Da Vinci, Thomas Edison e Júlio Verne -- estávamos diante de um provável parente do mesmo, pois as outras exibições deixaram o palco intacto, já o...

Bestificado, me pergunto; qual emoção ela sentiu?!

Findo o comercial da TV, veio a decisão final:

Os 4 concorrentes que usaram a cabeça para criar seus números emocionantes, com mais habilidade e elasticidade, disputando contra um que só usou a cabeça. Pressenti o inacreditável... errei, deu o impossível e o destruidor mandou os 4 talentosos concorrentes para a repescagem.

Faço meu o pensamento dos 4 "derrotados": "pagamos um mico", o "Mickey" botou prá quebrar, literalmente! Coincidiu neste negro dia para as artes, os jurados dizerem várias vezes... "não me emocionei, não me emocionei"!

Estou num dilema atroz, pois não sei se continuarei a ver esse belo programa, afinal, o campeão já está eleito, só falta o vice. Debbie e Loyde que me desculpem, mas cansei de não me emocionar!

Disse com muita propriedade a jovem participante de um reality show na fazenda, no meio dos porquinhos: "cada bônus tem seu ônus"! Mais triste do que ver apenas a força física como forma de talento é ver cachorros "disputando" com músicos e dançarinos o prêmio de Melhor Talento. Ora, animais DECORAM à exaustão suas performances... enquanto o treinador, que nada realizou no palco, leva a fama e até o dinheiro.

Assim se faz um programa artístico no Brasil... até quando?!

Neste 2° programa de 2010 um participante levou bomba, apelou e foi lhe dado nova chance. Disse que faria um numero inédito no Brasil em homenagem a um dos jurados. Arrastaria com os testículos 15 quilos! O Jurado se mandou, a Maravilhosa ficou de lado e o energumeno arriou a calça em pleno palco e amarrou o peso num barbantinho que saia da cuECA.

Até quando Meu Deus!

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