QUEM É A RAPOSA, AFINAL?
Desde sempre havia
algum tipo,
algum modelo,
algum tolo
pronto para ser
manipulado,
sim,
e a raposa,
ardilosa que era,
voltou seu olhar
tão faminto
ao gavião-real inseguro,
tão diminuto
a ponto de ser menor
do que as inseguranças,
pobre coitado.
Foi, então, o prenúncio
da grande anunciação,
um beijo da noite
coberto de prata,
e uma aureola
tão opaca,
ressoava a carcaça
daquele animal,
que hora era gente
hora era bicho,
mas, no fim,
não passava de
um cãozinho medroso,
desfigurado pelo vício
da carne, desejo mórbido,
afetividade desregulada,
enquanto sentia que era
a grande deusa
dos seus.
Enquanto isso, do outro lado,
o gavião-real, tomou as rédeas
arrancou a pele da raposa,
e, por fim, comeu-lhe
cada milímetro de sua carne:
MEU DEUS!
Agora a raposa já era
muita pilha de ossos,
tadinha. Tadinha?
Hahaha, já não era viva,
tivera o final que merecia.
Quanto ao Gavião-real,
este agora reinava
acima das árvores,
perto do céu,
mais reluzente que o sol.