TORMENTA
A tempestade
tomou o seu
devido
rumo.
E cá estamos
novamente,
à espreita,
pela milésima
vez.
Chego a conclusão
excepcional,
pedaço presente
nas trincheiras
de meu silêncio.
Absorto a fúria,
mãe gentil,
que apetece
cada sibilar do vento.
Sem comprovação
sou o pedaço
e o pedaço
é cada um de nós.
Dentre o furacão
divisas noções
mortificadas pela dor
e vividas ao tom
daquilo que chamamos
de ânimo.
Solidão para quem
deseja
experimentar a complexa
mania do eu.
Eu sou quem sou
da mesma
maneira que não
posso fugir
daquilo que nunca
poderei ser.
É a consequência
da utopia consumista
consumidora
de almas.
E o vento soprou,
veio com força;
desmoronou casas,
certezas,
alegrias,
fantasias
e mentiras.
Acima de tudo
as mentiras,
essas morreram de vez,
e talvez,
tenham sido obra
indistinta
da coletividade.
Aos corações em luto
sugiro algo...
Bom...
Prefiro manter silêncio.
Não sou nada,
nunca fomos nada,
e ainda
que queiramos ser,
não passaremos de pó,
simplesmente
resquícios da terra.
Que alívio eu tenho
ao não carregar
o peso do mundo
em minhas costas
tão cansadas.