Classificação do homem

Fim, fim do eu, há algo mais risível do que eu? Um pobre indivíduo, à ilharga do domínio da podridão humana, diante de suas diretrizes. Tenho esse resquício dos vermes, a hipocrisia de mensurar estados de espírito, grau de apreensão e um pouco mais do valores dos objetos. Humano, sou demasiado humano, alagado por todas agonias, tão subjetivo e frívolo como um inseto. E olha só! Mais uma vez, mensurando valores. Ouça o que te digo, a hipocrisia nunca cessa, se fosse feito, abster-se-ia de nossa existência. Uma tão oprimida, soez e desconexa. O que evoca toda miséria: a inclinação ávida de despertar sentimentos, quando, no fundo, não passas da caixa de papelão a vácuo. A mentira: a obsessão do homem; a depreciação e o ego: a constituição dessa carne ambulante. O amor não é nada, receio dizê-lo que compõe uma fagulha de nosso suposto deleite. Acredito, no fim, que o desespero, a subversão e o tédio são a única fonte de prazer. Do contrário, sentir-se-ia raramente — o que não é sentido. Somente é positivo a abundância, e somos afogados em cólera, que é passada perpetuamente pelos genitores inconsequentes. Portanto, há de se concordar que a neurose, psicose e necrose espiritual move o homem. E o material em ação, a carne pura, é somente o ventríloquo de sua psique. Seu caráter condensado em corpo.

Johannn
Enviado por Johannn em 25/10/2023
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