Cartas à cólera

Dir-se-ão que o cerne do problema social está na economia. Não há afirmação mais errada. Outro tormento leva à condição. O desprezo da consciência é atemporal. Dividimo-nos em dissonantes bufões e piolhos cognoscíveis. Os piolhos, riem de sua própria melodia melodramática — inaudível pelo excesso —, são afrontados pela esquisitice da natureza, mas zelam pela defesa: mantém-se conscientes; atenuantes incondicionais. Por virtude de desencargo, consomem a seiva da calamidade. Regojizam, por efeito. Nossos dissonantes, escondem-se em sua distorção, sua misantropia. Vestem máscaras, escondendo-se como ratos. Omitem a voz, não possuem nada além do riso. Palhaços sorridentes, confortados pela saliva venenosa; mortos em sua toxicidade. Ame a consciência, meu caro, abrace-a, apodreça como um infeliz piolho, sugando toda doença que o universo nos deixou. Contemple seu final cômico, como um bobo da corte!

Johannn
Enviado por Johannn em 22/10/2023
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